sexta-feira, 30 de abril de 2010

"O Segredo do Salão Verde" (Marcos Losekann)

Ficha Técnica

Escritor: Marcos Losekann
Gênero: Literatura Nacional (Romance/Policial/Ficção)
Lançamento: 2007
Páginas: 312
Acabamento: Brochura
Editora: Planeta

“O Segredo do Salão Verde” é o segundo livro da trilogia “Entrevista com Deus” do jornalista e escritor Marcos Losekann. A trama do livro segue a mesma linha do anterior, a mistura entre fatos históricos do Brasil e a ficção. O personagem também é o mesmo, o jornalista Anderlon Gonçalves Valderês, ou simplesmente AGV.

Em “O Dossiê Iscariotes” o pano de fundo foi o acontecimento em torno da morte do seringueiro Chico Mendes e na época AGV era correspondente do jornal brasiliense O Capital em Manaus. Na ocasião o jornalista se envolveu na coberta de uma rebelião na Penitenciaria de Manaus e ao mesmo tempo na cidade de Xapuri, Chico Mendes era assassinado. Nisso AVG passa a investigar e descobrir que havia uma ligação entre os fatos.

Já no livro “O Segredo do Salão Verde” o pano de fundo é outro fato histórico brasileiro. A trama se passa no ano de 1992, na época dos caras pintadas. O alvo era o então presidente Fernando Collor de Mello – o primeiro presidente eleito depois de anos de ditadura. Na ocasião tanto ele quanto o Congresso Nacional estavam na mira da opinião pública e prestes a uma cassação de mandato. A imprensa denunciava, por outro lado políticos e lobistas disputavam holofotes e eram alvos das manchetes. O jornalista AGV passava por um momento de escolha na sua vida pessoal e profissional. Queria escrever um livro sobre sua suposta Entrevista com Deus, porém para isso necessitava renunciar seu prestigiado cargo de articulista do jornal O Capital e com isso deixar passar a oportunidade de cobrir um dos principais fatos da história recente do Brasil.

O jornal que até então relutava para cobrir o escândalo do Fernando Collor, muda radicalmente de uma hora para outra e com isso passa a dar ênfase ao fato. Em meio a tudo isso ocorre à morte de um engenheiro civil responsável pela construção do prédio anexo ao Superior Tributal de Justiça em Brasília. Aparentemente não passa de um caso isolado, porém a experiência de AGV diz que isso deve ser investigado a fundo e a partir disso o caso passa a se mostrar como um enorme quebra cabeças e que envolve muita gente do alto escalão.

Marcos Losekann envolve o leitor em uma trama surpreendente e que meche com nossa cabeça ao ponto de não saber qual o fator que separa a realidade da ficção. Tudo isso em um mundo cheio de intrigas, traições, violência, assassinatos, corrupção e um bom romance.

E só para ressaltas (as palavras do próprio Losekann), a triologia “Entrevista com Deus” foi escrita ao mesmo tempo, mas cada livro possui começo, meio e fim. Sendo assim pode ser lida em qualquer ordem, mas como em toda trilogia existe uma sequência lógica que une os livros.

Onde Comprar : Americanas.com

quinta-feira, 29 de abril de 2010

[ Podcast ] Por que os jazzistas adoram Radiohead...???


Olá galera! Sejam bem vindos à mais um programa do nosso Podcast Farofa Moderna. Hoje vou falar somente dos covers do Radiohead no jazz atual, bem como da necessidade que os músicos de jazz tem de buscar standards na música pop. Uma das características do jazz contemporâneo é, justamente, a busca de novos standards na pop music, ou seja, novos temas que dêem suporte para uma improvisação contemporânea, para uma estética que soe, efetivamente, atual. Aliás, assim como os músicos dos anos 30, 40 e 50 do século 20 faziam versões jazzísticas de canções populares de Frank Sinatra, Cole Porter e George Gerswin, os músicos de hoje em dia também estão fazendo suas releituras e suas versões de canções da música pop atual - isso já é de praxe a algum tempo, pois em 1996, por exemplo, o grande e veterano pianista Herbie Hancock lançou um disco chamado New Standard, onde ele gravou diversos temas do pop e rock dos anos 70, 80 e 90, sugerindo que o jazz buscasse novos standards e almejasse um novo público. Atualmente, passada o auge do tradicionalismo de Wynton Marsalis, os músicos contemporâneos estão, cada vez mais, buscando atualizar o repertório jazzístico com os novos temas do pop e rock contemporâneo.

Os que mais têm créditos entre os jazzistas são bandas e cantores clássicos como Beatles, Led Zeppelin, Frank Zappa, Eric Clapton, mas agora a onda entre os jazzistas são as releituras aos temas do pop e rock contemporâneos de bandas e cantores como Red Hot Chili Peppers, Oasis, Bjork e Radiohead. Aliás, sobre esse ultimo há uma verdadeira "radioheadmania": vários músicos importantíssimos do jazz contemporâneo estão incluindo os temas do Radiohead em seus repertórios - trata-se de temas simples, mas com acordes inteligentes e entonações melódicas muito peculiares, o que dá suporte para que os jazzistas apliquem harmonizações e improvisos sofisticados. Atualmente o músico de jazz mais entusiasta dos Radiohead é o pianista Brad Mehldau, mas vários outros gravaram temas e/ou devotam admiração pela banda de Oxford. Neste programa, além de Mehldau, há temas do Radiohead tocados pelo trompetista Christian Scott, pelo cantor e pianista Jamie Cullum, pelo pianista Robert Glasper e pelo saxofonista Chris Potter. Este e outros programas podem ser baixados no podcast acima da sessão POSTS MAIS VISTOS. Ouça e boa Viagem

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Bruce Dickinson

1999 - Scream for me Brazil
Gênero: Heavy Metal



Há uma expressão que diz “Nunca julgue um livro pela capa”, porém ela pode ser aplicada perfeitamente neste contexto, no caso um CD. Desde que eu escuto heavy metal nunca vi uma capa tão ridícula assim (risos). Por outro lado temos um vocalista que dispensa comentários e que estava no auge da sua carreira solo, pois havia lançado dois álbuns excelentes “Accident of Birth” (1997) e “The Chemical Wedding” (1998) e chegava ao Brasil para presentear os fãs.

“Scream For Me Brazil” foi gravado durante a Chemical Wedding Tour no Via Funchal em São Paulo. O álbum traz 12 canções dos álbuns Balls To Picasso”, “Accident Of Birth” e “The Chemical Wedding”. No palco Bruce Dickinson cantou ao lado da banda formada por Adrian Smith (guitarra), Roy Z (guitarra), Eddie Cassillas (baixo) e Dave Igraham (bateria).

O desempenho do Bruce no palco é inquestionável, principalmente pela sua presença e a forma como chama o público para o show, fazendo com que a interação entre eles fosse cada vez mais intensa. Já os guitarristas Roy Z e Adrian Smith proporcionaram momentos maravilhosos no palco, com riffs poderosos e solos de extrema qualidade. No repertório as músicas “Trumpets Of Jericho”, “Chemical Wedding”, “Killing Floor”, “Book of Thel”, na surpreende “Tears of the Dragon” Adrian Smith toca violão e guitarra, enquanto Roy Z manda muito bem no solo, sem dúvida um dos pontos altos do show. Na sequência “Laughing in the Hiding Bush” leva o público delírio total enquanto as guitarras mais uma vez se destacam com uma apresentação magnífica. Depois das músicas “Accident of Birth”, “Tower” e a épica “Dark Side Of Aquarius” o show chega ao fim com “Road To Hell” aos gritos de “Olê olê olê olé, Bruce, Bruce!”.

Bruce Dickinson mostrou mais uma vez por que é um dos melhores vocalistas de heavy metal do mundo, ao fazer um show memorável e assim coroar sua carreira solo. Apesar de ter sido um presente e tanto para os fãs, na época Bruce havia anunciando juntamente com o guitarrista Adrian Smith o retorno ao Iron Maiden. Por isso da para entender tamanha empolgação e dedicação nesse show, que também foi gravado em vídeo e que apesar da baixa qualidade mais tarde seria lançado na integra no DVD “Anthology”. E volto no começo do texto, não podemos nunca julgar um livro ou CD pela capa. Boa Audição !

Track List

01. Trumpets of Jericho
02. King In Crimson
03. Chemical Wedding
04. Gates of Urizen
05. Killing Floor
06. Book of Thel
07. Tears of the Dragon
08. Laughing in the Hiding Bush
09. Accident of Birth
10. The Tower
11. Darkside of Aquarius
12. Road to Hell

Bruce Dickinson - "Tears of the Dragon" (Live in São Paulo)


Bruce Dickinson - "King In Crimson" (Live in São Paulo)


Site Oficial: Bruce Dickinson

terça-feira, 27 de abril de 2010

Megadeth

1990/2004 - Rust In Peace
Gênero: Heavy / Thrash Metal


Dave Mustaine está entre os grandes nomes do rock mundial, tocou no Metallica e depois de alguns problemas acabou sendo expulso e formou a sua própria banda. Com o passar dos anos e com os álbuns o Megadeth alcançou reconhecimento e virou uma das referências quando o assunto é thrash metal.

“Rust in Peace” (1990) é considerado um dos álbuns mais clássicos do thrash metal e do Megadeth. Nessa época a banda estava com uma formação reformulada com Dave Mustaine (guitarra/vocal), Marty Friedman (guitarra), David Ellefon (baixo) e Nick Menza (bateria). O som é marcado pelos riffs pesados, rápidos e solos estonteantes, sem falar no baixo e na batera que aparecem em evidência e tem uma grande importancia. O vocal fica a cargo do Dave Mustaine, que não precisa dizer nada a respeito.

O álbum começa com a clássica “Holy Wars...The Punishment Due” e já traz uma demonstração dos poderosos riffs. O interessante dessa música são as variações no vocal e no instrumental, tudo perfeito. Destaque para um trecho em que Marty Friedman apresenta uma melodia com um toque de música egípcia e os solos sempre bem trabalhados. Como se não bastasse o instrumental impecável, a banda ainda da uma aula nas letras, tratando de assuntos complexos. No caso da primeira música o tema principal são as guerras santas e mostra que elas são internas, independente do país. Em seguida “Hangar 18” também ficou marcada como um clássico da banda e traz um som mais melódico e técnico, porém com muito peso. O tema principal é sobre a misteriosa Area 51 nos EUA. “Take no Prisioners” é um thrashão da melhor qualidade, batera metralhadora, baixo solando, guitarras rápidas e com muito peso e o vocais do Dave e Ellefon se contrapondo. A letra tem como tema as guerras e fala sobre os soldados que lutam contra o próprio país. “Five Magics” é outra excelente música e marca desde o começo com uma introdução instrumental muito bem trabalhada, destaque para o baixo do Ellefon que aparece com muita evidência e a variação vocal também é muito interessante. A letra fala sobre um homem que aprende a usar mágicas e “Five Magics” é um termo antigo e que diferenciava os bons e maus magos. “Poison Was The Cure” é uma das músicas mais rápidas do álbum, sempre com muita pegada e peso. “Lucretia” não tem a mesma pegada das outras, mas em compensação tem um dos melhores solos do álbum. “Tornado Of Souls” é um clássico que acompanha a banda há anos e novamente é marcada por riffs e variações impecáveis, sem esquecer de outro solo bem elaborado do Friedman. Claro que Mustaine também tem sua participação, afinal é um excelente guitarrista. “Dawn Patrol” é a faixa mais curta do álbum, mais nem por isso deixa a desejar. O vocal do Dave Mustaine está mais arrastado e grave, só que o que chama atenção é o baixo Ellefon, impecável. A letra fala sobre as armas nucleares. Por fim “Rust In Peace...Polaris” fecha o álbum em grande estilo, um som matador e a letra também fala sobre armas nucleares, porém é um protesto contra os homens que detém o poder delas e um alerta sobre o fim do mundo em decorrência do mau uso delas. A história dessa letra é surpreendente, ocorreu enquanto Dave estava dirigindo e viu a seguinte frase escrita em um pára-choque: “Tomara que todas as ogivas nucleares enferrugem em paz". E com toda sua genialidade na elaboração de letras, usou a frase como tema principal.

Em 2004 o álbum “Rust in Peace” foi remasterizado e re-lançando com 4 faixas bônus. “My Criation” é uma faixa inédita e as “Rust in Peace...Polaris”, “Holy Wars...The Punishment Due” e “Take no Prisonres” em versões demo com o guitarrista Chris Poland, que fez parte das primeiras formações do Megadeth.

“Rust in Peace” tem todos os atributos de um álbum clássico e que foi um divisor de águas na carreira da banda. Boa Audição !

Track List

01. Holy Wars... The Punishment Due
02. Hangar 18
03. Take No Prisoners
04. Five Magics
05. Poison Was the Cure
06. Lucretia
07. Tornado of Souls
08. Dawn Patrol
09. Rust in Peace... Polaris
10. My Creation (Bônus)
11. Rust in Peace... Polaris (demo)(Bônus)
12. Holy Wars... The Punishment Due (demo)(Bônus)
14. Take No Prisoners (demo)(Bônus)

Megadeth - Intro / Holy Wars...The Punishment Due (Live 1992)


Megadeth - "Hangar 18" (Live 1992)


Megadeth - Tornado Of Souls (Live 1992)


Site Oficial: Megadeth

segunda-feira, 26 de abril de 2010

"Os Espiões" (Luis Fernando Verissimo)

Ficha Técnica:

Título: "Os Espiões
Escritor: Luis Fernando Verissimo
Gênero: Romance
Lançamento: 2009
Páginas: 142
Acabamento: Brochura
Editora: Objetiva / Alfaguara



“Os Espiões” é o mais novo romance do Luis Fernando Verissimo e traz uma trama eletrizante do inicio ao fim. A leitura é descomplicada e agradável. Apesar de não ser um livro longo, o escritor consegue prender nossa atenção logo nas primeiras páginas e nos apresenta no decorrer da história uma dose de espionagem, desilusões amorosas, disfarces engraçados, conversas descontraídas em uma mesa de bar e uma jovem mulher misteriosa.

O personagem principal é um editor frustrado na vida profissional, desiludido com as mulheres e que busca afogar suas mágoas na bebida. Trabalha em uma pequena editora de Porto Alegre, sua função é examinar os originais de vários livros que chegam todo dia pelo correio, uma verdadeira enxurrada de novos escritores com a esperança de ter sua obra publicada. Não é uma tarefa muito agradável, ainda mais as segundas quando o editor está no auge da sua ressaca pós-fim de semana e por isso os originais tem o lixo como destino, porém quando resolve escrever uma carta de rejeição é ainda mais implacável e áspero nas suas respostas. A Editora só passou a ser procurada dessa forma depois de publicar o livro “Astrologia e Amor – Um Guia Sideral Para Namorados”, um guia duvidoso, mas que tem lá seus leitores e com isso um certo sucesso, porém o autor Fulvio Edmar nunca recebeu um centavo de direitos autorais do Marcito (dono da Editora).

É nesse ambiente que tudo começa a mudar na manhã de uma terça feira quando a editora recebe um envelope em branco, com uma letra trêmula e uma florzinha no lugar do pingo do i. O editor fica fascinado pelo texto, que é assinado por uma certa Ariadne e que ameaça contar sua história com um amante secreto e depois disso se suicidar. O livro chega por partes, porém sem maiores informações da autora. Nessa altura o editor começa a ser atormentado por sonhos românticos e que depois resulta em uma atitude: descobrir quem é Ariadne e, se possível, salvá-la da morte anunciada.

O editor que é um frequentador assíduo do bar do Espanhol, começa a contar a história de Ariadne aos colegas que aos poucos se envolvem com o caso, porém sempre com a mesma dúvida: Seria o texto verdadeiro ou apenas uma obra fictícia?. A essa altura o editor consegue convencer os colegas de que precisa ir até a jovem para descobrir tudo e salvá-la. Então o grupo passa a estudar algumas maneiras para chegar até a cidade sem levantar suspeitas e para isso criam disfarces engraçados e por fim batizam a operação de “Teseu”.

Na mitologia grega Ariadne é filha de Minos, rei de Creta, e ajuda Teseu a sair do labirinto depois que ele mata o Minotauro. Já em “Os Espiões” Luis Fernando Verissimo cria o mesmo universo, só que ao contrário. No livro é Ariadne quem vai enfeitiçando o protagonista e seus amigos de bar. Em uma história onde a comédia e o drama caminham lado a lado, os espiões convidam o leitor para que juntos possam ingressar na “Operação Teseu” com apenas uma única missão: Salvar a jovem Ariadne.

Leia um trecho do livro em PDF: Clique Aqui

quinta-feira, 22 de abril de 2010

terça-feira, 20 de abril de 2010

Carlos Rennó e Jaques Morelenbaum

2009 - Nego - Canções Americanas em Versões Brasileiras.
Gênero: MPB/Jazz



“Nego” é um trabalho digno de aplauso e que merece toda nossa atenção. O projeto consiste em releituras de clássicos do jazz norte-americano compostos durante as décadas de 20 e 50 por autores judeus. Idealizado pelo letrista, jornalista e produtor Carlos Rennó em parceria com o maestro, violoncelista e produtor Jaques Marelenbaum que produziu os arranjos e também o apoio do Centro da Cultura Judaica, que deu o pontapé inicial para que esse projeto fosse realizado. O álbum reúne grandes nomes da música brasileira: Maria Rita, João Donato, Erasmo Carlos, Zélia Duncan, Wilson Simoninha, João Donato, Dominguinhos, Elba Ramalho, Seu Jorge, entre outros. Porém a grande sacada do projeto deve-se ao fato de não apenas traduzir as músicas e gravá-las. Pelo contrário, cada música passou por um trabalho detalhado em todos os aspectos, letra e arranjo. Tudo isso para que no final a música transmitisse a essência da música brasileira. Os interpretes também foram escolhidos de forma muito precisa, não havia espaço para erros. Todas as versões são de autoria do letrista Carlos Rennó.

O resultado não poderia ser diferente, um álbum extremamente agradável, com letras belíssimas e um instrumental muito refinado. E deixo uma dica simples: Procure ouvir cada música na versão original, será uma experiência e tanto. Boa Audição a todos. Não se esqueça de ouvir e comentar a respeito.

Track List

01. Meu Romance (My Romance) - Gal Costa
02. Inquieta, Tonta e Encantada (Bewitched, Bothered and Bewildered) - Maria Rita
03. Tão Fundo é o Mar (How Deep is The Ocean) - Moreno Veloso
04. Verão (Summertime) - Erasmo Carlos
05. Estava Escrito nas Estrelas (It Was Written in The Stars) - Emílio Santiago
06. Nego (Lover)- Paula Morelenbaum
07. Sábio Rio (Ol’ Man River) - João Bosco
08. Fruta Estranha (Strange Fruit) - Seu Jorge
09. Tenho um Xodó por Ti (I’ve Got A Crush On You) - Elba Ramalho, Dominguinhos e João Donato
10. Queria Estar Amando Alguém (I Wish Were In Love Again)- Ná Ozzetti e Simoninha
11. O Homem Que Partiu (The Man That Got Away) - Luciana Souza
12. Mais Além do Arco-Íris (Over The Raibow) - Zélia Duncan
13. Natal Lindo (White Christmas) - Olivia Hime
14. Meu Romance (My Romance)- Gal Costa e Carlinhos Brown

Maria Rita - "Inquieta, Tonta e Encantada" (Bewitched, Bothered and Bewildered) - Altas Horas

domingo, 18 de abril de 2010

Miles Davis

1982 - We Want Miles
Gênero: Jazz Fusion/Funk


Conhecer toda carreira músical desse gênio é uma tarefa bem complicada, o motivo é a quantidade de álbuns que ele gravou e participou. Miles Davis é uma fonte de virtuosismo e mesmo não estando mais entre nós, sua música continua presente e de forma marcante.

Esse álbum é tão importante quanto o “The Man With The Horn” (1981), porque marca o retorno do trompetista aos palcos, como já disse na última postagem foi um afastamento doloroso e seu retorno foi triunfal. “We Want Miles” foi gravado em 1981 e lançado em 1982, na ocasião em um LP Duplo. O seu retorno aos palcos está retrato nesse álbum e foi gravado em três locais: Clube Boston “KIX”, Avery Fisher Hall (Nova York) e em Tóquio. Miles Davis é acompanhado por uma banda descomunal, Marcus Miller (baixo) , Mike Stern (guitarra), Al Foster (bateria), Bill Evans (Saxofone) e Mino Cinelu (percussão). O que esses caras fazem ao vivo é coisa de outro mundo, o som é intenso.

O álbum rendeu um Grammy ao trompetista, como melhor performance solo no jazz instrumental. Como disse no inicio do texto, conhecer a carreira dele por completo é muito difícil, porém a cada álbum que você descobre e ouve a sensação é de ser surpreendido, de renovação, Miles Davis proporciona isso na sua música, é como se ela tivesse vida. Abaixo publiquei dois videos da época, não é o mesmo show do álbum, mais é a mesma formação. Serve para ter uma noção de como era a apresentção do Miles Davis ao vivo. Boa Audição.

Track List

01. Jean-Pierre
02. Back Seat Betty
03. Fast Track
04. Jean-Pierre
05. My Man's Gone Now
06. Kix

Miles Davis - "Jean-Pierre" (Live at the Hammersmith Odeon, London 1982)


Miles Davis - "Back Seat Betty" (Live at the Hammersmith Odeon, London 1982)


Site Oficial: Miles Davis

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Miles Davis

1981 - The Man With The Horn
Gênero: Jazz Fusion/Funk



Considero o álbum “The Man With The Horn” como um dos melhores da carreira do trompetista Miles Davis. Como já disse em outros posts, Miles Davis é um capitulo na história do jazz, é impossível citar um e não citar o outro.

Miles Davis estava afastado dos palcos e dos estúdios por um tempo, o motivo era a sua saúde que estava debilitada por causa da bebida e da cocaína e por isso necessitava de uma recuperação. A situação em 1979 era a seguinte: Davis viu a acessão e a evolução do fusion no cenário musical, porém quando voltou a ativa seus antigos parceiros, entre eles Chick Corea, não estavam tão engajados naquela vertente e buscavam novos caminhos. Miles com toda percepção e talento percebeu uma nova safra de bons músicos e buscou um meio de trazê-los e formar novo grupo, para mais uma vez revolucionar e moldar o jazz a sua maneira.

Como nas outras vezes, Miles acertou e não decepcionou, “The Man With The Horn” foi lançado em 1981 e o resultado é um álbum de extrema qualidade e moderno. O som é impecável como sempre, com muito groove, funk e rock. O álbum começa com a explosiva “Fat Time”, o que marca nessa música é o peso e a groove feito pelo genial Marcus Miller e o trompete refinado de Miles. Já “Back Seat Beety” começa com a guitarra destorcida do excelente Mike Stern e depois alterna entre o baixo, o trompete e o teclado marcante de Robert Irving III. “Shout” é a música mais dançante do álbum e com uma performance incrível de Miles Davis e mostra que seu retorno é mesmo triunfal. O cenário musical nos anos 80 foi marcado pelo uso de teclados e sintetizadores, muitas bandas de rock usaram isso nesse período. Miles Davis também abusou desse artifício, a prova são as músicas “Ainda” e “Man With The Horn”, destaque para Marcus Miller, que apresenta uma linha de baixo bem interessante e claro Miles por encaixar o som do trompete de maneira tão precisa. Por fim “Ursula” que começa com uma pequena intro de baixo e depois o trompete de Miles se sobrepõe, são mais de 10 minutos de pura viagem musical.

É por tudo isso que considero esse álbum como um dos melhores da carreira de Miles Davis. Apesar de ter ficado afastado e nas dificuldades que encontrou no seu retorno, o trompetista se mostra como sempre inovador, Miles tem o controle total sobre a música, ao ponto de moldá-la conforme o sua vontade e como num passe de mágica ela se mostra submissa. Depois desse álbum o trompetista continuou trilhando esse caminho e lançando excelentes trabalhos, que mais para frente vou postar aqui. Por enquanto é isso. Boa Audição ! E não esqueça de deixar um comentário.

Track List

01. Fat Time
02. Back Seat Betty
03. Shout
04. Aida
05. The Man With The Horn
06. Ursula

Miles Davis - (Trompete)
Marcus Miller - (Baixo)
Bill Evans - (Saxofone Soprano)
Mike Stern - (Guitarra)
Robert Irving III - (Sintetizadores)
Al Foster - (Bateria)
Sammy Figueroa - (Percussão)

Site Oficial: Miles Davis

terça-feira, 13 de abril de 2010

John Pizzarelli

2010 - Rockin in Rhythm: A Tribute to Duke Ellington
Gênero: Jazz



Considero o John Pizzarelli como um divisor de águas na minha vida musical. Se hoje tenho um fascínio e junto com isso um pouco de conhecimento sobre o jazz, devo isso a esse excelente guitarrista. Não consigo ser imparcial para falar dele, porém longe de ser apenas gratidão e sim por que os trabalhos dele são impecáveis. John Pizzarelli é um dos grandes nomes do jazz atual e vem conquistando isso com muito suor, a cada álbum traz uma surpresa e continuando mostrando sua versatilidade com clássicos, já fez isso ao regravar as músicas dos Beatles, Tom Jobim, Frank Sinatra e claro Nat King Cole. E também ao participar de gravações com outros músicos.

Depois de lançar seu último álbum em 2008, agora Pizzarelli ressurge com seu mais novo lançamento: “Rockin in Rhythm: A Tribute to Duke Ellington”. O homenageado da vez é o pianista Duke Ellington, um dos músicos mais influentes do jazz. Parte desse conhecimento e interesse por clássicos do jazz, o guitarrista aprendeu com seu pai Bucky Pizzarelli, foi ele quem colocou o filho nesse caminho. Para você ter noção, Duke Ellingon faleceu em 1974 e na época John tinha apenas 14 anos de idade. A verdade é que John Pizzarelli lida muito bem com os clássicos, foi assim nos outros trabalhos, ele tratou com cuidado as músicas do Nat King Cole, lidou com habilidade ao regravar os Beatles (em jazz) e foi impecável ao cantar músicas do Tom Jobim.

Em “Rockin in Rhythm: A Tribute to Duke Ellington” o guitarrista escolheu para o repertório 12 canções. Verdadeiras preciosidades e que foram lapidadas com todo cuidado e competência. John Pizzarelli contou com músicos de qualidade, começando pelo seu quarteto: Martin Pizzarelli (baixo), Tony Tedesco (bateria) e Larry Fuller (piano). E também com a orquestra que participou em algumas músicas: Tony Kadleck (trompete), Andy Fusco (saxofone alto e clarinete), Kenny Berger (clarinete baixo e baritono), Harry Allen (saxofone tenor), John Mosca (trombone), Kurt Elling (vocal. Faixa 7), sua esposa Jessica Molaskey (vocal. Faixa 7), seu pai Bucky Pizzarelli (guitarra elétrica e acústica. Faixas: 3,8,11) e Aaron Weinstein (violino. Faixas 2,4,5).

Bom com esse time não precisa dizer que o álbum ficou surpreendente. Os arranjos são todos do Don Sebesky, que exagerou brilhantemente. Para não ter que citar todas as músicas, vou comentar algumas: “In A Mellow Tone” abre o álbum no melhor estilo John Pizzarelli, com muita energia, uma orquestra impecável, Larry Fuller mandando muito bem no piano e claro a característica principal do Pizzarelli: Solos e Scats. Em seguida um dos melhores momentos do álbum, e posso dizer que foi uma jogada de mestre. Pizzarelli apresenta a junção de duas canções que Duke Ellington tocava separadamente. Enquanto o guitarrista canta “I Don't Get Around Much Anymore” a banda por sua vez toca “East St.Louis Toodle-Oo”. Para quem não conhece, esse detalhe acaba passando batido. Destaque para o trompetista Tony Kadleck que participa com solos durante a canção. Em “Satin Doll” o destaque vai para o pianista Larry Fuller, o guitarrista Bucky Pizzarelli que sola muito bem e o baterista Tony Tedesco. Em “Just Saqueeze Me” o destaque é todo para John Pizzarelli, que faz uma apresentação solo. “Perdido” é muito divertido, impossível não gostar dessa música e que tem a participação da sua esposa Jessica Molaskey e do Kurt Elling nos vocais. Em “All Too Soon” John Pizzarelli tem o acompanhamento do seu pai Bucky. “C Jam Blues” é outra que merece destaque, instrumental de primeirissma qualidade e que conta com a participação do violinista Aaron Weinstein e do saxofonista Harry Allen. E por fim a música “I'm Beginning To See The Light” perfeita e que alia o instrumental orquestrado, voz e solos de piano e guitarra. É uma das melhores do álbum sem dúvida. As outras que eu não citei também merecem uma atenção especial.

Quando eu disse que não consigo ser imparcial ao falar do Pizzarelli, é justamente por causa dos seus álbuns. Todos seguem uma linha determinada, o estilo não muda, porém mesmo assim a cada lançamento tem uma surpresa e um toque de genialidade. Ao ver o guitarrista regravando Duke Ellingont, Nat King Cole e tantos outros, isso demonstra uma preocupação em mostrar esses clássicos de uma maneira mais atrativa ao público jovem. John Pizzarelli tem se mostrado ainda mais versátil a cada lançamento e tudo indica que isso não vai parar. Que venha o próximo álbum e claro shows pelo Brasil. Boa Audição !

Track List

01. In A Mellow Tone
02. East St. Louis Toodle-oo/Don't Get Around Much Anymore
03. Satin Doll
04. C Jam Blues
05. In My Solitude
06. Just Squeeze Me
07. Perdido
08. All Too Soon
09. I'm Beginning To See The Light
10. Love Scene
11. I Got It Bad And That Ain't Good
12. Cottontail/Rockin' In Rhythm

Site Oficial: John Pizzarelli

domingo, 11 de abril de 2010

Pata de Elefante

2010 - Na Cidade
Gênero: Rock Instrumental



“Na Cidade” é o mais novo trabalho da banda gaucha Pata de Elefante. O álbum acaba de sair do forno, foi lançado no último dia 09 pela TRAMA, que disponibilizou o álbum para download através do projeto Álbum Virtual.

O som da banda continua excelente, assim como os outros trabalhos, porém achei mais parecido com o primeiro “Pata de Elefante” (2004), já que o segundo “Um olho no fósforo, outro na fagulha” (2008) trilhou pelo caminho do folk e country rock. “Na Cidade” é um álbum que comprova definitivamente a qualidade do trio (Gabriel Guedes, Daniel Mossman e Gustavo Telles) e que devido as influências nos remete ao bom e velho rock dos anos 60 e 70. Outro ponto que vale ressaltar é a mescla de estilos, prova disso é o samba da música “Vazio na Cerveja” e o toque latino nas “A Luz de Velas” e “Pesadelo no Bambus”. Destaque também para as músicas “Diga-me com quem andas e te direi se vou junto” – que inclusive é um ótimo titulo (risos) , “Sai da Frente” e “Um Pouco antes de dormir”. O rock instrumental da banda é tão completo que sinceramente um vocalista não faz a menor falta, pelo menos foi essa a sensação que eu tive quando ouvi o som pela primeira vez. O instrumental da conta do recado.

A banda também contou com o tecladista Luciano Leaãs (Fernando Noronha & Black Soul, Acústicos e Valvulados e Locomotores) que tocou órgão Hammond, piano, cravo e Clavinet. Músicos convidados e instrumentos como sax, trombone, percussão, piano Rhodes e vibrafone enriquecem o ambiente sonoro da obra. Uma informação importante que deve ser citada é sobre a produção do álbum, que foi gravado nos Estúdios Trama e a masterização foi feita no badalado estúdio Abbey Road por Steve Rooke, inclusive foi o próprio que remasterizou os discos da carreira solo de John Lennon e Paul McCartney e integrou a equipe de remasterização da obra completa dos Beatles, no ano passado. (Fonte Trama)

Enfim “Na Cidade” tem todos os ingredientes que um bom álbum necessita, desde os músicos de qualidade, passando pelas músicas bem trabalhadas e toda fase de produção. E o melhor disso tudo é que o álbum está sendo distribuído gratuitamente pela Trama, que vem fazendo um excelente trabalho nessa área.

No site do Álbum Virtual (Pata de Elefante) é possível ouvir, ver o encarte e fazer o download do álbum completo. Para isso é preciso fazer um cadastro (muito simples). Vale a pena dar essa força para o pessoal do Pata de Elefante.

Track List

01. Diga-me com quem andas e te direi se vou junto
02. Squirt Surf
03. Grandona
04. Um pouco antes de dormir
05. Pesadelo no Bambus
06. Sai da Frente
07. De volta pela manhã
08. Psicopata
09. Vazio na Cerveja
10. Arthur
11. Á luz de Velas
12. Reforma no Banheiro
13. Grande Noite

Gabriel Guedes (Guitarra e Baixo)
Daniel Mossman (Guitarra e Baixo)
Gustavo Telles (Bateria)



Site Oficial: Pata de Elefante
Site do Álbum Virtual (TRAMA): Clique Aqui

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Mansur Samba Trio

2008 - Live in Rio
Gênero: Samba Jazz


Conheci o som do Mansur Samba Trio através do blog M&C - Música e Cerveja do Rafhael Vaz.

Mansur Samba Trio é um projeto idealizado pelo violonista Ricardo Mansur, ao lado do baixista Fabricio de Souza e do baterista Wallace Santos. Apesar de classificar como samba jazz, o som do trio flerta com influências trazidas do funk e de ritmos brasileiros. “Live in Rio” (2008) é o único trabalho do trio e conta com três músicas, “Santa Tereza”, “Samba Simples” e “Wilson Divisão”. Inclusive foi esse o trabalho divulgado na internet. E também já gravaram um DVD ao vivo no Teatro Municipal de Niteroí .

O som do trio é coisa fina, muito agradável de se ouvir, as letras são grudentas e tratam de temas simples, um exemplo é “Santa Tereza” que fala sobre o bairro do Rio de Janeiro. É a cara do samba carioca mesmo. A parte ruim é que toda essa qualidade se resume a três faixas (por enquanto). E também peca um pouco pela falta de informação em relação ao trabalho deles. Vamos ficar atentos, por que Mansur Samba Trio tem qualidade de sobra para despontar no cenário. Boa Audição.

Track List

01. Santa Tereza
02. Samba Simples
03. Wilson Divisão

Mansur Samba Trio - "Santa Tereza"


Mansur Samba Trio "Wilson Divisão"


Site Oficial: Mansur Samba Trio

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Baixo & Voz

2008 - Viagens de Fé
Gênero: MPB



A música é uma arte. Através dela você expressa suas idéias, desejos, sentimentos e crença. E há momentos que devemos deixar nossas diferenças de lado e passar a ser levado pela música. Baixo & Voz é formado pelo baixista Sérgio Pereira e a cantora Marivone Lobo. Sérgio é compositor, arranjador, educador, colunista da revista Cover Baixo e já estudou com grandes nomes da música. Marivone é formada em Música Popular pela Universidade de Ribeirão Preto, também é compositora, arranjadora e professora de técnica vocal. O Baixo & Voz foi formado em 1991 e contam com quatro álbuns lançados: “Baixo e Voz” (1991), “Veleiro” (2002), “Cores” (2005) e “Viagens de Fé” (2008). E além de apresentações, também realizam workshops e cursos sobre vários assuntos, dão aula especificas sobre instrumentos (guitarra , baixo e violão).

“Viagens de Fé” é um álbum digno de aplauso em todos os sentidos. Sérgio manda muito bem no contrabaixo, criando melodias agradáveis e bem trabalhadas, enquanto a voz de Marivone dita um acompanhamento perfeito. Em algumas canções a percussão surge como um plano de fundo, porém discreto. Sobre as letras, elas dispensam comentários. Eu particularmente me sinto feliz em ouvir um trabalho assim, ainda mais em dias que a música cristã beira a mediocridade. Participações especiais do percussionista Magrão nas músicas “Sertão do Sal”, “Grafite” e “Viagens de Fé” e do Adriano Gifooni, no baixo de 6 cordas em “Sertão do Sal”. O álbum foi mixado no estúdio Voz e Violão, do grande músico João Alexandre. Vale ressaltar que o Sérgio e a Marivone disponibilizaram o álbum gratuitamente para download. Todos esses ingredientes faz com que “Viagens de Fé” fique praticamente irresistível. Boa Audição a Todos.

Track List

01. Canção de Jó
02. Estações do Amor
03. Sertão do Sal
04. Raras Essências
05. Luz forte
06. Viagens de fé
07. Idéia nova
08. Quando se está só
09. Grafite
10. Barquinho


Baixo e Voz - "Idéia Nova"


MySpace Oficial: Baixo & Voz

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Geração Digital.....


Isso não está longe de acontecer......


Fonte: MakeUseOf.com.
Edição e Tradução: Daniel (Blog Jazz e Rock)

terça-feira, 6 de abril de 2010

Entrevista Exclusiva: Numismata


Por Daniel Argentino e Marcello Lopes

Como é bom ouvir um som inovador e de qualidade. Às vezes passamos muito tempo a procura disso e quando encontramos a sensação é uma só: Divulgar isso para o maior número de pessoas. E aconteceu comigo quando descobri o som da banda Numismata. Na época que divulguei aqui no Blog Jazz e Rock o CD “Chorume”, eu disse que a banda era uma das grandes surpresas da nova geração da música brasileira, o que me chamou atenção foi o som, era inovador, diferente de tudo que eu conhecia no cenário nacional, tinha samba e MPB, com uma pegada de rock e efeitos psicodélicos, depois prestei atenção nas letras, todas bem elaboradas e inteligentes. Enfim, desde então passei a divulgá-los da melhor maneira possível, não poderia ouvir sozinho, pois seria egoísmo da minha parte. Depois de um tempo pensei em tentar uma possível entrevista, seria outra maneira de divulgar e conhecer melhor a história deles. Logo no primeiro contato fui muito bem atendido pela Pamela Leme (Assessora de Imprensa) e ela contribuiu de forma positiva para que a entrevista fosse realizada.

Quero deixar meus agradecimentos a todos os músicos da banda Numismata, em especial aos guitarristas Adalberto Rabelo Filho e André Vilela, que separaram um tempo para atender o Blog Jazz e Rock, a Pamela Leme que me atendeu muito bem e contribuiu para que tudo isso fosse feito e claro ao Marcello Lopes, parceiro que ajudou e muito na entrevista.

E aos leitores, espero que gostem da entrevista está imperdível e claro não deixem de conhecer o som do Numismata.

JR - O Numismata apareceu no cenário musical como uma banda diferenciada, com característica própria e som ousado. Fale um pouco sobre a história banda, como vocês se conheceram e como surgiu a idéia de formar o Numismata. Antes da banda, o que vocês faziam?

André Vilela – A banda original tinha o Carlos H., o Adalberto e o Russo, que saiu e voltou depois. Eu já conhecia o Adal, que me chamou em 2002 e eu trouxe o Piero comigo.

Adalberto – Bom, a gente se conhece de diferentes épocas da vida, mas se uniu pelo propósito comum de tocar música que a gente ache boa e se divertir com isso. O André e o Piero se conhecem faz um tempão e tiveram uma banda juntos, o “Amarelo Piscante”. Eu, o Carlão e o Russo também tivemos uma banda juntos, chamada “Mal Secreto”. O primeiro batera, o Falcão, era o batera da minha banda de rock, o “aardvark”, e o Felipe tocou com o Piero no “Piap”, que eu me lembre.

Acho que a diversidade é a marca registrada da música de qualidade, por isso é uma formação que demanda muito trabalho, mas é ao mesmo tempo muito prazerosa, porque não há como a gente seguir a convenção de um gênero específico, já que cada um é um “especialista” num tipo de linguagem e seria, eu creio, uma burrice tremenda ao invés de exacerbar o potencial dessas pessoas, tolher o seu talento criando limitações de gênero.

Essa questão de ser uma banda diferenciada é bastante subjetiva – eu realmente acho que a gente é, com todas as nossas peculiaridades, mas muitas vezes fomos jogados à revelia no balaio do “indie-samba”. Se a gente conquistou, espera-se, com nosso som, a nossa independência de rótulos, é porque a gente deve estar fazendo algo certo, não?

Essa coisa de se colocar sob a sombra de um grande nome todo um leque de artistas de diferentes gêneros é uma coisa recorrente e muito prejudicial aqui no Brasil. Inclusive pra banda merecedora da consagração, que acaba tendo que atender a expectativas irreais.

JR - Quais são as influências musicais dos membros da banda?

Adalberto – Olha, é a coisa mais difícil de definir. Pra falar a verdade, somando os gostos específicos de cada membro da banda, não há um gênero musical que não influencie a gente.

André – Não saberia dizer o quanto essas influências ajudam a entender o som da gente. Eu tenho ouvido muito jazz.

JR - E como foi reunir todas essas influencias e chegar a um consenso em relação ao som do Numismata?

André – De uma maneira positiva, nosso som não busca consenso, busca diversidade, mesmo. Por isso o “Chorume” é como é.

Adalberto – A gente tem, sim, um consenso dentro da banda: de que só existem dois tipos de música, como diria o Tião Carreiro, a boa e a ruim. E a gente respeita a liberdade de cada um interferir no processo, porque sabe do potencial de transformação daquela parada. Isso porque a gente acredita naquele velho exemplo do iPod: se no meu iPod tem Slayer, Paralamas, Beck, Yma Sumac, sei lá mais o que, isso tem de transparecer na arte que eu produzo. Qualquer outra maneira seria censura, e a pior de todas: a auto-imposta.

JR - O primeiro álbum, "Brazilians on the Moon", foi lançado em 2003 e por um selo independente. Quais foram as principais adversidades que vocês encontraram para que esse projeto fosse realizado?

Adalberto – Milhões. Gravar, mixar, lançar, chegar ao público consumidor, ao chamado público-alvo, resistência da mídia, falta de canais de divulgação, de casas de show pelo Brasil, de infra-estrutura. A gente só conseguiu um bando de coisa “with a little help from our friends”, como o Bussab, que sempre curtiu nosso som e apostou na gente, depois a galera da Agência Alavanca e o pessoal da Pimba!.

JR - Ainda sobre o primeiro álbum, vocês contaram com participações especiais de músicos e compositores, entre eles Skowa, Jards Macalé e da cantora da banda de rock alternativo Ludov, Vanessa Krongold. Sem dúvida, foi um grande troca de informações, afinal são músicos de outros estilos. De que forma isso foi aproveitado por vocês?

Adalberto – A gente sempre aproveita essas chances pra aprender com quem a gente acredita que tem o que ensinar.


JR - "Chorume" é trabalho mais recente da banda. Como ele surgiu? E por que este nome? Tem algum significado?

Adalberto – Ele surgiu há dez mil anos atrás, quando a gente ainda estava lançando o Brazilians. Prejuízo, a música que o melodia gravou, a gente já tocou no MAM na nossa estreia. Chorume é uma palavra legal, porque é uma palavra comum da língua portuguesa, mas de pouco uso corrente. Então, muita gente pode ouvir e achar que se trata de choro, mesmo, de tristeza. Também tem esse significado da opulência, que é meio a cara do disco, recheado de arranjos e detalhes. Tem essa história de ser também o suprassumo do lixo, o "melhor" do lixo, a parte que se aproveita de alguma forma como combustível. Acho saudável essa conotação irônica, acho que se levar muito a sério toda hora é uma coisa nada a ver.

JR - No "Chorume" vocês também tiveram participações de vários músicos, mas fale sobre a importância de ter Luiz Melodia envolvido nesse trabalho. Como surgiu o convite?

Adalberto – Importância total, né? O cara é um professor de música. Não é pagação de pau, no sentido de babar ovo, não. É aquela coisa: se o cara fosse um advogado bom pra caralho e você estudasse Direito, você não ia querer ter aula com ele na São Francisco? Acho que conhecimento nunca é demais, a gente tem sempre o que melhorar, o que acrescentar. Não pode ficar com pudores, não, nem achar que existe algum problema em se aproximar desses caras, com medo de ser desmerecido porque está dando uma de fã e não de músico. Aprender com o Melodia é coisa de músico.

O convite foi um barato: eu estava conversando com Jards Macalé depois de um show que ele fez com o Melodia. Então o Melodia entra no camarim e eles começam a bater papo, dar risada. No meio da conversa, o Macalé falou para Melodia, daquele jeito dele: "Esse aqui (apontando pra mim) é roqueiro. Tudo maluco, saca? Gravou 'Mal Secreto' no disco do Numismata, eu cantei com eles, uma versão moderníssíma, precisa ouvir!'. Nessas, o Melodia virou e disse: "Me convida também!", e eu: "Sério?", e ele, batendo no pescoço: "Claro, cara! Negão aqui tem gogó!" Caímos na risada e eu falei: "Olha, cara, eu vou ser chato, hein, é sério mesmo essa história, podemos combinar?", e ele, com cara de sério: "Mas é claro, tá me tirando?". Praticamente uma intimação. E ele nem tinha ouvido Numismata ainda, eu acho.

JR - “A Vida Como Ela é” é, na minha opinião, uma das músicas mais irreverentes e divertidas. Como surgiu essa ideia de incluir uma marchinha de carnaval álbum?

Adalberto – Não foi caso pensado, não. A gente compôs a música, adorou e falou: vamos gravar essa com a Alcina (com quem a gente já tinha tocado no projeto Circuito Original e no disco dela, o Maria Alcina Confete e Serpentina)? E rolou!

JR - Qual a opinião de vocês em relação ao download de músicas? Isso ajuda ou atrapalha o músico?

André – Bom, o mercado de música mudou mesmo. Os downloads seguem o esquema de divulgação boca-a-boca e fita K7 que sempre existiu. Acho que as redes só potencializaram isso em larga escala e as iniciativas individuais invaidaram o mercado. Se fosse fácil gravar uma fita K7 e dividir com todos os amigos pelo correio, isso já teria acontecido há muito tempo. No nosso caso, sem isso, com certeza seríamos muito menos conhecidos.

Adalberto – Não sei se eu tenho uma opinião formado a respeito disso. Do meu ponto de vista, parece que ajuda, mas não sei mensurar, eu não sei quanto tem de dispersão, o quanto isso, por outro lado, no sentido de dar a mesma relevância a propostas com qualidades diferentes, não acaba por nivelar um pouco por baixo.

Eu sei que é um processo democrático e tal, e que, nesse ponto, a coisa é bacana, porque eu ainda não conheço sistema mais justo que a democracia, mas justamente por eu achar que essa coisa da distribuição gratuita desse conteúdo ainda é um processo em formação, e não um sistema já fechado, é que eu não consigo definir qual é que é o papel exato do download. Por isso, peço perdão e sigo o caminho do meio, que parece ser sempre o mais adequado: nem tanto ao céu nem tanto à terra.

Dito isso, eu acho do caralho saber que tem alguém na Nova Zelândia ou em Burkina Faso que pode, nesse exato momento, estar ouvindo Chorume no laptop, mesmo sem entender patavina do que a gente tá cantando, bastando apenas alguns minutos para ter acesso ao nosso disco.

JR - Como vocês vêem o cenário musical brasileiro atual?

Adalberto – Com bons olhos. Tem muita gente bacana aí aparecendo, mas ainda penso que dá pra ser melhor, ainda mais forte, ainda mais intenso, ainda mais ousado.

André – Só acho uma pena que seja tão difícil a convivência entre produções novas e maravilhosas e os artistas consagrados. Mídia brasileira tem uma mania provinciana de insistir em medalhões. Tem que redimensionar o espaço.

JR - Quais os planos do Numismata para o futuro?

Adalberto – Gravar, compor, tocar, se divertir, não necessariamente nessa ordem.

Nas últimas entrevistas, inauguramos uma nova coluna no blog. É uma cópia descarada de uma coluna da Cover Guitarra. Indo direto ao ponto:

JR - Pra vocês, qual é o melhor álbum da história?


André – Ih. Não dá pra escolher, desculpa. Mas o Latin America Suite, do Duke Elington, me veio à cabeça. Eu poderia apontar mais 100, no mínimo.

Adalberto – Putz, impossível responder. Numa outra entrevista citei o Odelay, do Beck, como representativo da nossa visão. Dylan, Chico, Caetano, Tom Zé, Miles Davis, Beatles, isso é hours concours, não tem graça falar, é patrimônio da humanidade, já. Então, hoje tô afim de citar o primeiro do Stone Roses. Puta discaço! “Elephant Stone”, com a produção do Peter Hook, é foda demais.

JR - Qual disco vocês ouviram bastante na última semana?

André – Nesta semana, ouvi Wes Montgomery e Brian Setzer Orchestra incansavelmente.

Adalberto – Eu ouvi pra caramba Johnny Cash: American VI, Free Ride, de Dizzy Gillespie e Lalo Schifrin, Clube da Esquina, Heavy Ghost, de DM Stith, Them Crooked Vultures, Among My Swan, de Mazzy Star, Caipira, de Rolando Boldrin, Dois Cordões, de Alessandra Leão, e Severino, dos Paralamas do Sucesso.

JR - Qual disco vocês curtem, mas tem vergonha de admitir?

Adalberto – Bom, eu não tenho vergonha de admitir nada, não.

André – Não também não tenho vergonha de admitir nada em matéria de musica. Mas talvez atenda à sua pergunta eu dizer que adoro o primeiro do Rigth Said Fred. Acho genial.


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domingo, 4 de abril de 2010

Ruby Braff and the Flying Pizzarellis

2007 - C'est Magnifique!
Gênero: Jazz



Não conheci a carreira do trompetista Ruby Braff, na verdade, esse foi o primeiro álbum. Cheguei até “C’est Magnifique” por causa do guitarrista John Pizzarelli, já que sou fã de carteirinha.

Sobre o álbum é difícil encontrar informações específicas, porém temos o essencial, a boa música. Um trabalho excelente, onde Ruby Braff tem ao seu lado John Pizzarelli, Buck Pizzarelli, Martin Pizzarelli, Ray Kennedy e Jim Gwinn. O resultado é surpreendente, um jazz de altíssimo nível, espontâneo e com um toque de swing, o trompete de Ruby soa magnífico, com muita melodia e técnica, e os Pizzarellis dispensam qualquer comentário. O álbum é basicamente instrumental, porém John Pizzarelli canta nas canções “They Can't Take That Away From Me” e “As Time Goes By”. No mais o álbum é perfeito, destaque para todas as músicas.

Infelizmente Ruby faleceu em 2003, porém deixou um vasto legado para os amantes da boa música. Vale ressaltar que “C’est Magnifique” foi o último trabalho em estúdio do trompetista. Boa Audição.

Track List

01. Lulu's Back in Town
02. Was I to Blame for Falling in Love with You?
03. You're a Lucky Guy
04. When a Woman Loves a Man
05. C'est Magnifique
06. My Honey's Lovin' Arms
07. I Didn't Know What Time It Was
08. They Can't Take That Away From Me
09. As Time Goes By
10. Sometime I'm Happy
11. Dancing on the Ceiling