sábado, 30 de abril de 2011

Delicatessen

2008 - My Baby Just Cares For Me
Gênero: Jazz / Bossa Nova



Depois do sucesso e da excelente repercussão com o álbum Jazz + Bossa (2006), o grupo brasileiro Delicatessen volta os estúdios dois anos depois e lança o segundo álbum, My Baby Just Cares For Me (2008). Assim como no primeiro trabalho, o Delicatessen seguiu a mesma fórmula, mantendo o ambiente intimista e com arranjos refinados, dando um toque de bossa nova aos standards do jazz. A formação continua basicamente a mesma, com a sensacional cantora Ana Krüger, Carlos Badia (violão), Mano Gomes (bateria) e Nico Bueno (baixo), que ganharam o acompanhamento de Luis Mauro Filho (piano) e Rochinha (trompete). O álbum é formado por doze canções, destaque que nesse repertório o grupo não fez questão de regravar apenas clássicos conhecidos pelo público, mais apostou em canções pouco conhecidas, porém de muita qualidade, como “Mickey” da cantora de jazz Diane Nalini e clássicos como “My Baby Just Care For Me” gravada por Nina Simone, “Don't Be That Way” regrava por grandes jazzistas, como Benny Goodman e a cantora Ella Fitzgerald, e duas canções próprias, escritas por Beto Callage e Carlos Badia, são elas “Delicatessen” e “Amores Musicais”.

My Baby Just Cares For Me (2008) é um álbum que certamente irá agradar os fãs do jazz, feito na medida certa e provando mais uma vez a qualidade do grupo porto-alegrense. Assim como disse na outra resenha, o destaque é sem dúvida a cantora Ana Krüguer, que tem uma voz belíssima e afinada, que se encaixa perfeitamente a proposta do grupo. Para quem está conhecendo o Delicatessen agora, não deixe de ouvir o álbum Jazz + Bossa. Boa Audição.

Track List

01. Don't Be That Way
02. Mickey
03. He's Funny That Way
04. My Melancholy Baby
05. Be Careful, It's My Heart
06. My Baby Just Cares For Me
07. You've Changed
08. Why Don't You Do Right
09. How Long Has This Been Going On
10. My Foolish Heart
11. Delicatessen
12. Amores Musicais

Delicatessen - "Don't Be That Way"


Site Oficial: Delicatessen

Rush

1981 - Moving Pictures
Gênero: Rock Progressivo / Hard Rock



Como uma banda que tem 40 anos de estrada, com cerca de 20 álbuns de estúdio e influenciando bandas como Metallica, Smashing Pumpkins e até o próprio Gene Simmons do Kiss, pode passar tão desapercebida no universo do rock? Será por causa de suas letras complicadas, todas escritas por um baterista viciado em livros, e a temática sci-fi, romancista e filosófica? Ou será o som bem trabalhado e, em certos momentos extenso da banda? Ou será então que os integrantes da banda não são figuras caricatas, ou excêntricas em seus atos, muito pelo contrário, são bem intelectuais, beirando ao "nerdismo"? Enfim... pode-se citar vários motivos que a banda não conseguiu até hoje entrar no "Hall of Fame", mas nenhum pode explicar o sentimento que invade quando escuto este disco, dentre outros da banda.

Moving Pictures é o 7º e mais famoso álbum da banda canadense formada pelo vocalista, baixista e tecladista Geddy Lee, o guitarrista Alex Lifeson e o baterista e letrista Neil Peart.

A banda variou dentro de sua história desde o "progressivão" com os discos "2112" e "Hemispheres", até fases onde o teclado dominava o som da banda como "Grace Under Pressure". No entanto este álbum agregou justamente a metade desse caminho, a mistura de hard e prog impressiona. E porque este é o mais famoso álbum? Se você já assistiu MacGyver, escutou parte da primeira música do álbum, "Tom Sawyer" que mostra porque Neil Peart é considerado um dos melhores bateristas de todos os tempos do rock.

Além dela temos Red Barchetta,que é baseada em um conto canadense, a incrível e instrumental YYZ (que em um show no Brasil, no vídeo que segue, enlouqueceu a platéia de 60 mil pagantes no Maracanã), a ótima Limelight que é baseada na frustação da fama que Neil Peart recebeu por esta atrapalhar sua vida pessoal (voltando ao tópico do "nerdismo" hehe), a "profunda" The Camera Eye que capta a energia e humor de Nova York e Londres (depois que vi o intuito da letra, quando escuto o início da música, fico pensando em Nova York), Witch Hunt, que é a terceira música de uma série de músicas-capítulos que falavam sobre como as vidas serem guiadas pelo medo (com este capítulo falando sobre a manipulação das massas em benefício dos manipuladores, no caso fazendo alusão a caça às bruxas realizada nos EUA colonial, por exemplo), e a interessante Vital Signs que mostra as influências que o grupo tinha de reggae e música eletrônica, que ditaram os dois álbuns subsequentes.

É de se estranhar no início a voz de Geddy Lee, mas aos poucos pode perceber um encaixe das músicas com a voz estridente deste talentoso baixista. Como percebe-se pelo texto do post, recomendo todas as faixas. Aproveite a "nerdice do rock" com este ótimo power trio canadense e BOA AUDIÇÃO!

Track List

01. Tom Sawyer
02. Red Barchetta
03. YYZ
04. Limelight
05. The Camera Eye
06. Witch Hunt
07. Vital Signs

YYZ - Rush (in Rio)


Rush - Tom Sawyer


Site Oficial: Rush

terça-feira, 26 de abril de 2011

Scott Feiner & Pandeiro Jazz

2008 - Dois Mundos
Gênero: Jazz / Bossa Nova



O jazzista é sem dúvida um dos músicos mais criativos que existe, ele consegue criar coisas inovadoras e que até certo ponto soam como inimagináveis. Isso é um fato comprovado, quem é leitor assíduo do Jazz & Rock, certamente se lembra do saxofonista Rufus Harley, que criou um método para tocar jazz com a gaita de foles. Pois bem, agora apresento outro petardo do cenário jazzístico, uma dica que me foi enviada pelo leitor e músico Ésley Guima. Quem aqui já imaginou que o pandeiro, um instrumento típico brasileiro e conhecido por estar nas rodas de samba, poderia ser incluído no jazz? Parece algo impossível, mais não para o músico Scott Feiner, que pode sim, ser considero um pandeirista de jazz. Um americano que literalmente se encantou por esse instrumento brasileiro e hoje é considerado um dos embaixadores do pandeiro e viaja mundo a fora fazendo workshops e palestras, e atualmente é diretor e produtor de um documentário sobre o pandeiro.

Scott Feiner nasceu em Nova York e se formou em música e como guitarrista de jazz na Hartt School of Music de Hartford. Durante o curso estudou história do jazz com o saxofonista Jackie McLean. Ao voltar para Nova York, começou a tocar e ficou conhecido na cena jazzística por sua maneira de tocar, época em que se apresentou ao lado de outros músicos nova-iorquinos. Como guitarrista, gravou dois álbuns: Under The Influence com o organista Larry Goldings e Feiner’s Keepers. Depois de ficar afastado da cena musical por quatro anos e longe da guitarra, Scott estava prestes a passar por uma mudança radical em sua carreira. Bastou uma única visita ao Brasil, para que Scott descobrisse o pandeiro, até então um instrumento pouco conhecido entre os americanos, mais que para o musico nova-iorquino serviu como um incentivo, para a sua volta à cena musical. Com o pandeiro, Scott tocou algumas vezes em Nova York, mais por querer estar próximo da música brasileira acabou escolhendo o Rio de Janeiro para morar, isso em 2001, dois anos após a sua primeira visita ao país. Não demorou muito para Scott entrar literalmente na roda, começou a participar de encontros de músicos de samba e choro, com o tempo passou a ser até convidado para participar de alguns shows.

Em 2006, Scott vivenciou outra mudança em sua carreira, e como pandeirista de jazz gravou o seu primeiro álbum, Pandeiro Jazz, que foi gravado em Nova York em 2005 e lançado no Brasil no ano seguinte pelo selo Delira Música.

O álbum Dois Mundos é o segundo do pandeirista Scott Feiner e a continuação do seu projeto Pandeiro Jazz. Scott é sem dúvida um músico inovador e ousado, e coloca o pandeiro como um instrumento de destaque, em meio a uma formação clássica do jazz. Scott deu ao pandeiro o “papel” que antes era da bateria, assim ele dita uma condução rítmica e é acompanhado por trompetes, saxofone, piano e baixo acústico. Não é preciso dizer que o álbum tem uma sonoridade bem particular e única. Outra particularidade do álbum Dois Mundos, é que ele foi gravado ao vivo no estúdio, o que o deixa ainda mais especial e principalmente o entrosamento entre os músicos.

Em um repertório formado por nove canções, Scott apresenta uma mescla musical muito interessante e reúne standarts do jazz como as canções "Monk’s Dream” (Thelonious Monk) e “All of You” (Cole Porter), passando por clássicos da música brasileira, “Retrato em Branco e Preto” (Tom Jobim) e “Asa Branca” (Luiz Gonzaga) e por fim ainda mostra o seu lado compositor, com cinco composições próprias, “Conde”, “7 na Ciranda”, “Dois Mundos”, “Contraste” e “Under The Influence”.

Assim como soube escolher a dedo o repertório, Scott reuniu músicos experientes e respeitados na cena musical brasileira para a gravação do álbum, como Marcelo Martins (saxofone), David Feldman (pianista), Jessé Sadoc (trompete) e Alberto Continentino (baixo).

Dois Mundos é um álbum diferente de tudo que eu já ouvi, principalmente por se tratar de um álbum de jazz, onde um dos instrumentos é um pandeiro. Convenhamos que não é nem um pouco comum. Ao ouvir o álbum acabei me surpreendendo pela qualidade e competência do Scott Feiner, que fez um trabalho sensacional e de ótimo bom gosto. Ele soube encaixar o pandeiro de forma quase cirúrgica e conseguiu extrair ao máximo do instrumento, criando arranjos belíssimos e uma sonoridade até então única, isso sem falar da interação que Scott consegue fazer entre o pandeiro e os outros instrumentos, simplesmente genial. Boa Audição.

Track List

01. Conde
02. Dois Mundos
03. Asa Branca
04. Contraste
05. 7 Na Ciranda
06. Monk's Dream
07. Retrato em branco e preto
08. All of You
09. Under the Influence

Scott Feiner & Pandeiro Jazz "Aceents" (SESC Instrumental)


Entrevista com Scott Feiner (Globo News)


Site Oficial: Scott Feiner

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Art Tatum

1938-1946 – A Jazz Hour With Art Tatum
Gênero: Jazz



Fats Waller estava tocando em um clube noturno, quando percebeu a movimentação nas mesas. Um homem enorme estava procurando um lugar para se sentar. Fats parou de tocar e disse: “Eu toco piano, mas Deus está aqui.” Levantou-se e convidou o homem que acabara de entrar, Art Tatum, a subir no palco assumir o piano. O presente álbum é uma coletânea de gravações feitas entre 1938 e 1946 e nos traz mais um pouco da arte desse genial pianista.

Track List:

01. Sweet Lorrain
02. I’ll get by
03. I’ll never be the same
04. Judy
05. Elegy
06. Body and Soul
07. Can’t we be friends
08. All God’s child got rhytm
09. Lover
10. Begin the Beguine
11. Indiana
12. Poor butterfly
13. Where or When
14. Song of the vagabonds
15. I’m beginning to see the light
16. 9’20’’
17. Fine and dandy
18. I’ve got the world in a string
19. I’ve got a right to sing the blues
20. I’ve coming Virginia
21. Day in
22. Make believe
23. Sweet Emmalina



Site Oficial: não encontrado

sábado, 23 de abril de 2011

Vusi Mahlasela

2009 - Guiding Star
Gênero: Folk / World Music



Na busca por novos sons, e com a Copa do Mundo na África do Sul, fiquei procurando artistas sulafricanos que representassem o som da África. E me impressionei com o som e com a história desse pretoriano que descreve seu som como "African Folk", alguns classificam como "world music", mas eu me pergunto: se qualquer música for feita, por humanos é claro, ela não é do mundo, ela não é de todos nós?

Vusi Sidney Mahlasela Ka Zwane é um cantor e violonista sulafricano, como já dito, nascido em Pretória e é conhecido na África do Sul como "The Voice" e tem sete álbuns já gravados em sua carreira. Suas músicas, apesar de eu não conseguir entender algumas delas porque são em sotho, uma língua nativa de uma "etnia" nativa sulafricana, falam sobre a época do apartheid e as instâncias que caracterizaram esse momento na história sulafricana: lutas pela liberdade, além de abordar o perdão e reconciliação com os inimigos.

Sobre o disco, este é o sexto da carreira e conta com participações especiais de Ladysmith Black Mambazo, na música "Heaven in my Heart", Dave Matthews, na música "Sower of Words" e de Derek Trucks na música "Tibidi Waka". Além dessas faixas de participação, destaco "Thula Mama", "River Jordan" e "Jabula". BOA AUDIÇÃO e bom retorno às nossas raízes, afinal somos todos descendentes de africanos.

Track List

01. Jabula
02. Heaven in my Heart (part. Ladysmith Black Mambazo)
03. Moleko
04. Chamber of Justice (part. Xavier Rudd)
05. Tibidi Waka (part. Derek Trucks)
06. Everytime (part. Jem)
07. Sower of Words (part. Dave Matthews)
08. Ntombi Mbali
09. River Jordan
10. Song for Thandi
11. Mighty River
12. Thula Mama
13. Our Sand
14. Tonti
15. Susana
16. Pata Pata

River Jordan - Vusi Mahlasela


Thula Mama - Vusi Mahlasela


Site Oficial: Vusi Mahlasela

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Count Basie Encounters Oscar Peterson

1975 - Satch and Josh
Gênero: Jazz



O álbum Satch and Josh (1975) é o resultado do encontro de dois mestres do piano, Oscar Peterson e Count Basie. Apesar do contraste de estilos, o swing de Count Basie e o jazz clássico de Oscar Peterson, ambos proporcionam um momento mágico e único ao realizar esse encontro. Os dois mostram um entrosamento impecável, solando e improvisando maravilhosamente bem, para o deleite dos aficionados por jazz. Enquanto Perterson e Basie comandam o encontro, o acompanhamento fica por conta do excelente baixista Ray Brown, o guitarrista Freddie Green e o baterista Louis Bellson, que juntos criam uma “base”, deixando os dois mestres do piano totalmente à vontade.

Em um repertório formado por 10 canções, Perterson e Basie caminham livremente pelo jazz clássico, o swing e até mesmo o blues, explorando ao máximo as qualidades e as características de cada um. Por se tratar de um trabalho primoroso, meu destaque vai para todas as músicas, em especial a suingada e extremamente veloz “Lester Leaps In”, “Buns Blues”, o jazz clássicão de “The Foolish Things” e a cadenciada “Exactly Like You”.

É nesses momentos que eu gostaria de entender um pouco de teoria musical, para poder tentar traduzir em palavras todo o significado de uma obra prima dessas, infelizmente meu conhecimento nesse quesito é muito limitado. O fato é que Satch and Josh nos proporciona um encontro memorável e nos presenteia com uma apresentação de dois mestres do piano, sem dúvida um dos melhores álbuns de jazz que eu já tive a oportunidade de ouvir. Assim como está escrito no texto postado recentemente aqui no blog, que diz que o jazz é acessível a qualquer um que, simplesmente, goste de música e tenha abertura e curiosidade suficientes para ampliar seu conhecimento. Essa citação é a mais pura verdade. Satch and Josh é sem duvida uma ótima trilha sonora para o feriadão prolongado. Boa Audição.

Track List

01. Buns Blues
02. These Foolish Things (Remind Me of You)
03. R B
04. Burning
05. Exactly Like You
06. Jumpin' at the Woodside
07. Louie B.
08. Lester Leaps In
09. Big Stockings
10. S & J Blues

Oscar Peterson e Count Basie - "Exactly Like You"

terça-feira, 19 de abril de 2011

Jazz para todos

Foto: Miles Davis

Por Carlos Calado

Se você é um daqueles que ainda encaram o jazz como um gênero difícil de assimilar, é bem provável que comece a mudar de opinião ao escutar alguns Cds inclusos nessa coleção. Não se espante se, depois de apreciar algumas gravações de Louis Armstrong, Charlie Parker, Art Blakey, Ella Fitzgerald ou Chet Baker, entre outros, você perceber que a aparente dificuldade de penetrar no universo do jazz deixou de assusta-lo.

Ninguém precisa fazer parte de um seleto clube de iniciados, nem saber ler partituras, para curtir a música de um Nat King Cole ou de um Herbie Hancock. O jazz é acessível a qualquer um que, simplesmente, goste de música e tenha abertura e curiosidade suficientes para ampliar seu conhecimento. Claro que alguns dos diversos estilos do jazz são mais complexos do que os gêneros musicais que costumamos ouvir diariamente nas rádios, como o pop ou o rock, mas a maior parte do repertório do jazz é bastante acessível a qualquer ouvinte.

O trompetista norte-americano Wynton Marsalis e seu irmão saxofonista Branford, dois dos músicos de jazz mais badalados nos anos 80 e 90, nunca esconderam em suas entrevistas que preferiam ouvir funk ou rock quando ainda eram adolescentes. Apesar de pertencerem a uma tradicional família de músicos de Nova Orleans e de terem crescido ouvido jazz com frequência, eles resistiam, inicialmente, a assistir concertos de jazzistas. Como outros garotos e jovens de sua geração, na década de 70, os irmão Marsalis sentiam falta do apelo visual da dança ou mesmo das letras das canções tão comuns nos shows de musica pop.

Wynton conta que essa dificuldade inicial se rompeu por volta de seus 12 anos. Um dia, ao ouvir o saxofonista John Coltrane tocar “Cousin Mary” (composição que faz parte do influente álbum Giant Steps, gravado em 1959), sentiu algo parecido com uma revelação. Foi como se ele tivesse obtido o código para abrir um cofre com um segredo valioso. No texto de apresentação desse disco, em depoimento ao jornalista Nat Hentoff, Coltrane explica que o titulo da música referia-se a sua prima Mary, “uma pessoa muito simples, amistosa e alegre”, cujo modo de ser ele tentou descrever por meio dessa composição. Por isso, Coltrane optou pela simplicidade da estrutura harmônica de um blues tocado em ritmo animado.

Claro que esse tipo de experiência é subjetiva, pessoal. Outros poderão escutar essa mesma gravação do Coltrane sem sentirem nada de especial. Mas são comuns os relatos, tanto de músicos como de simples ouvintes, de que se apaixonaram pelo jazz ainda na adolescência, ao ouvirem um improviso bem-humorado de Louis Armstrong, uma balada romântica de Duke Ellington, uma canção interpretada com amargura por Billie Holiday ou um álbum do sempre elegante Miles Davis.

Em geral, a dificuldade sentida por quem ainda não se familiarizou com o jazz surge nos momentos de improviso – o elemento que mais diferencia esse gênero musical dos outros. Também a pouco de improvisação no blues, no soul, no rock ou mesmo na musica erudita, mas em nenhum desses gêneros o uso da improvisação é tão extenso e essencial como no jazz. Os jazzistas criam grane parte de sua música utilizando a improvisação, que nada mais é do que um método de composição instantânea, de criação no ato. É ela que faz do jazz uma arte meio imprevisível, em continuo processo de criação e recriação.

Mesmo que você não saiba distinguir um acorde maior de um acorde menos, ou jamais tenha aprendido a tocar um instrumento musical, pode acompanhar improvisos de um grupo de jazz, tanto em gravações como em concertos, sem dificuldade. O espirito da coisa está em pensar no jazz como uma linguagem semelhante à utilizada pelos seres humanos se comunicarem entre si.

A relação entre os músicos de um grupo de jazz é, de certo modo, similar a um de bate-papo entre amigos. Na hora de improvisar, o jazzista pode – por meio de notas musicais, dos acentos rítmicos e inflexões sonoras ao tocar o instrumento – contar um caso, trocar ideias ou até mesmo discutir com os parceiros. Essa linguagem é praticada por todos, mas a personalidade de cada instrumentista, suas emoções no momento, seu sotaque e vocabulário pessoal, assim como as respostas e intervenções dos parceiros contribuem diretamente para que cada improviso seja único, diferente dos outros.

O fato de a maioria dos jazzistas não ter frequentado escolas ou conservatórios musicais, especialmente até meados do século passado, jamais os impediu de se comunicarem quando improvisam. Nos anos 30, quando perguntavam ao veterano saxofonista Lester Young qual era o segredo de seus elegantes improvisos, ele jamais escondia o mapa da mina: “Você precisa contar uma história”, ensinava. Essa capacidade de improvisar, de criar música na hora, sem recorrer a partituras ou a ensaios prévios, é, certamente uma das qualidades mais encantadoras do jazz.

Fonte: Coleção Clássicos do Jazz - Volume 1 (Nat King Cole)

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Jim Hall

1975 – Jim Hall Live!
Gênero: Jazz



Jim Hall é um guitarrista americano, nascido em 1930 em Buffalo, no estado de Nova Iorque. Formou-se no Cleveland Institute of Music e mudou-se para Los Angeles, onde começou a atrair a atenção, mudando-se então para Nova Iorque, onde tocou com Sonny Rollins, Bill Evans, Paul Desmond, Ron Carter e outros. O presente álbum, Live!, foi gravado em 1975, em Toronto, Canadá. Hall foi acompanhado por Don Thompson (baixo) e Terry Clarke (bateria). O som intimista e o clima de casa noturna foram bem captados na gravação. Some-se isso a um repertório de temas clássicos do jazz e teremos um álbum imperdível.

Track List

01. Angel Eyes
02. 'Round Midnight
03. Scrapple From The Apple
04. The Way You Look Tonight
05. I Hear a Rhapsody




Este segundo vídeo é de uma fase anterior do artista.

Site oficial: Jim Hall

quinta-feira, 14 de abril de 2011

The Allman Brothers Band

2003 - Hittin' The Note
Gênero: Southern Rock



Quantas bandas atravessam quase 40 anos de estrada? Poucas não? A banda dos irmãos Allman atravessou com uma carreira nada mais nada menos que impecável.Um dos primeiros grupos a fundir elementos de rock, blues, jazz e country, os Allman Brothers se tornaram notórios por suas apresentações ao vivo onde faziam longas jams, cheias de improvisos, estendendo suas músicas até mais de 30 minutos. A banda que segundo o Rock and Roll Hall of Fame é o pilar do Southern Rock chega em 2003 (ano do lançamento do Hittin' The Note) com uma vitalidade de garotos de 15 anos e uma maturidade de velhos sábios budistas.

“Hittin' The Note” é mais um disco memorável que prova que a banda se renova sem perder o tempero. De um lado a voz envelhecida de Greg Allman, na outra ponta o frescor de um jovem prodígio da guitarra slide, Derek Trucks. Tudo isso resulta num dos melhores e mais completos e complexos álbuns da banda. O disco apaixona desde a capa, um contraste conflitante. Ao ligar o disco, você é jogado pra dentro de um bar escuro, enfumaçado, ao lado de algumas mesas de sinuca e garçonetes loiras. Vamos! Sinta-se à vontade, de como eu, se tornar um Allmaníaco! Esse disco é uma porta aberta pra se viciar no som, que na minha opinião, é a melhor banda do planeta.

Track List

01. Firing Line
02. High Cost Of Low Living
03. Desdemona
04. Woman Across The River
05. Old Before My Time
06. Who To Believe
07. Maydelle
08. Rockin' Horse
09. Heart Of Stone
10. Instrumental Illness
11. Old Friend

The Allman Brothers Band - "Desdemona"


Site Oficial: The Allman Brothers Band

The Blessings

2011 - Tomahawk Inn
Gênero: Southern Rock / Blues / Rock'N'Roll



Se você é daqueles que está sempre à procura de novidades musicais, a internet é sem dúvida uma grande aliada. Hoje apresento a vocês uma banda relativamente nova e que descobri totalmente por acaso.

O The Blessings foi formado em 2004 e desde então vem conquistando espaço nesse concorrido cenário musical. Em 2006 lançaram o primeiro álbum “Bore Bones”, que foi muito bem recebido pela critica e o público. Atualmente a banda é formada por Jeremy White (vocal, gaita e guitarra), Mike Gavigan (guitarra), Jamie Zimlin (baixo) e Jason Upright (bateria).

Assim como as bandas que surgiram nos últimos anos, a proposta do The Blessings é bem simples e direta, trazer a tona o bom e velho rock and roll, aliando o blues e nesse caso o southern rock. As principais influências da banda são The Rolling Stones, Creedence, Clearwater Revival, Chucky Berry, The Yardbirds, Taj Mahal, entre outros. O resultado é uma sonoridade atual e com a pegada setentista.

O álbum Tomahawk Inn (2011) é o segundo trabalho da banda e conta com um repertório formado por 14 canções. Destaque para “She Thinks She Loves Me” que abre o álbum em grande estilo e já mostra algumas características do som da banda, com o uso da gaita, os riffs e o vocalista Jeremy White, que manda muito bem. “So Hard to be your Friend” não tem a mesma pegada das anteriores, e serve como parâmetro para outra faceta da banda, um som mais cadenciado, mantendo a mesma qualidade instrumental e a linha melódica. “Tomahawk Inn” tem o blues como base, a começar pela introdução na gaita e pela cadência rítmica. “Meet me After Midnight” começa com tudo, embalada por uma pegada mais rock and roll e um andamento acelerado, com direito a riffs, solos bem executados e a gaita marcando presença como sempre. “The Truth” começa com uma introdução de gaita, ao melhor estilo country, mas na sequencia surge o rock’n’roll, em uma espécie de explosão, com muita energia.

Apesar de ser desconhecida em terras tupiniquins, o The Blessings merece toda nossa atenção, é uma banda que tem músicos de qualidade, personalidade e com uma proposta interessante. Infelizmente a falta de informações na internet em relação ao The Blessings é muito grande, o que torna sua divulgação um pouco difícil. A resenha em si foi resultado de um trabalho de pesquisa e mesmo assim não consegui apurar todos os fatos. Enfim, não é por isso que vamos deixar de curtir o som da banda, não é? Espero que gostem da dica. Boa audição a todos.

Track List

01. She Thinks She Loves Me
02. Never Too Late
03. Who's Holding The Wheel
04. So Hard To Be Your Friend
05. Yesterday's Tears
06. Twisted Little Heart
07. Tomahawk Inn
08. Time On My Hands
09. Meet Me After Midnight
10. Hypnotic Joyride
11. Shufflin' Fool
12. Leavin'
13. The Truth
14. Can't Shake The Devil

The Blessings - "The Truth"



Site Oficial: The Blessings

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Fernando Anitelli Trio

2011 - As Claves da Gaveta
Gênero: MPB / Jazz / Pop



Líder da trupe O Teatro Mágico, o cantor e compositor Fernando Anitelli, acaba de lançar o seu primeiro álbum solo, As Claves da Gaveta (2011). Com o intervalo de trabalhos na trupe, Anitelli investiu seu tempo na elaboração do projeto Fernando Anitelli Trio e que rendeu o primeiro álbum solo, que segue a mesma linha do Teatro Mágico, no sentido das composições bem elaboradas e com uma sonoridade inconfundível O álbum acabou de sair do forno, foi lançado ontem (12/04) na internet, com o próprio Anitelli tocando ao vivo via twitcam e o download no site da Trama.

As Claves da Gaveta (2011) reúne onze canções, entre autorais e outras feitas em parceria, como “Na Varanda” (FA, Danilo Souza e Nô Stopa), “Realejo” (FA e Danilo Souza) e “Durma Medo Meu” (FA e Nô Stopa) e duas já conhecidas, que circulavam na internet antes do lançamento, são elas, “Perto de Você” e “Soprano”. Como disse anteriormente, a qualidade das músicas do Anitelli é inquestionável, suas letras tem conteúdo e também reúne estilos diversos, como o jazz, samba, maracatu e um toque de música afro-brasileira.

O álbum está sendo disponibilizado na integra através da Trama Virtual. Para quem não sabe, é um “projeto” da Trama que visa disponibilizar música gratuita aos fãs e ao mesmo tempo remunera o artista. Sem dúvida uma iniciativa que vem dando certo e rendendo excelentes lançamentos. Então para quem está interessado é só ir no site da TRAMA, fazer um cadastro bem simples e começar a baixar o álbum.

Além disso, o álbum foi lançado em CD e em uma edição especial com o DVD, com cenas da gravação e o clipe da música “Cuida de Mim”. O Fernando Anitelli também está em turnê por todo o Brasil, você encontra todas as informações dos shows e como comprar o CD/DVD no site oficial e na Loja do Teatro Mágico, na internet. Bom download e boa audição.

Pesquisa: Portal Terra

Track List

01. Menina do Balaio
02. Cuida de Mim
03. Soprano
04. Na Varanda
05. Saudade de Chumbo
06. Dos Dias Depois de Amanhã
07. Durma Medo Meu
08. Perto de Você
09. Realejo
10. A Primeira Semana do Mundo
11. Samba de Ir Embora Só

Trama Virtual: Download "As Claves da Gaveta" CLIQUE AQUI

Fernando Anitelli fala sobre o projeto "Fernando Anitelli Trio"


Fernando Anitelli Trio "Cuida de Mim" (Clipe)


Site Oficial: Fernando Anitelli

segunda-feira, 11 de abril de 2011

The Who

1971 - Who's Next
Gênero: Rock



Eu acredito que é sempre importante olhar o passado para servir como inspiração para viver o presente. Escutar rock clássico proporciona isso para nós com muita vivacidade, nos faz mostrar toda aquela contracultura que o ritmo proporcionou para os jovens daquela época e escutar esta banda da postagem é simplesmente respirar rock'n'roll nas suas raízes.

The Who é uma banda britânica formada em 1964 por Pete Townshend (guitarra), Roger Daltrey (vocais), John Entwistle (baixo) e Keith Moon (bateria). A banda se destacou principalmente pelo conteúdo rebelde, vide My Generation, e intimista das letras, e mais tarde, pela destruição de instrumentos musicais nos shows, fato que se tornou um clichê no mundo do rock. A banda tem 11 álbuns de estúdio e já teve várias formações ao longo dos anos, o que tornou o som bem variado ao longo dos tempos, influenciando de certa forma, o punk rock, o opera rock e até o power pop.

Este ábum é o quarto da banda e nele Townshead utiliza bastante o sintetizador nas músicas do álbum. Escutá-lo me deu vontade de ter com toda a certeza um sintetizador ou um tecladista, quando eu conseguisse formar uma. As músicas Baba O'Riley e Won't Get Fooled Again, que são tema da séries CSI: Miami e NY, respectivamente, elevaram o sintetizador no meu conceito de que vários instrumentos podem ser adicionados a baixo, guitarra e bateria. Em Behind Blue Eyes The Who mostra seu lado intimista na letra, além de arrasar na música em si. Além disso temos a "protestante" My Wife, Getting in Tune, entre outras, que não deixam o álbum cair em nenhum momento. Logo, bom retorno às raízes do rock e BOA AUDIÇÃO!

Track List

01. Baba O'Riley
02. Bargain
03. Love Ain't For Keeping
04. My Wife
05. The Song Is Over
06. Getting In Tune
07. Going Mobile
08. Behind Blue Eyes
09. Won't Get Fooled Again
10. Pure and Easy (Remasterizado)
11. Baby Don't You Do It (Remasterizado)
12. Naked Eye (Remasterizado)
13. Water (Remasterizado)
14. Too Much of Anything (Remasterizado)
15. I Don't Even Know Myself (Remasterizado)
16. Behind Blue Eyes (Remasterizado)

The Who - Won't Get Fooled Again


The Who - Behind Blue Eyes


Site Oficial: The Who

Renaissance

1973 - Ashes are Burning
Gênero: Rock Progressivo



Renaissance é uma banda inglesa de rock progressivo, formada em 1969 por dois ex-membros dos Yardbirds, Keith Relf (vocal, guitarra e harmônica) e Jim McCarty (bateria e vocal). O quinteto original do Renaissance tinha ainda Jane Relf (vocal), John Hawken (teclado) e Louis Cennamo (baixo). A banda, que resiste até os dias de hoje, mudou de formação várias vezes ao logo de sua existência, sendo sua fase de maior sucesso nos anos 70, quando era formada por: Annie Haslam (vocal), Michael Dunford (guitarra), John Tout (teclado) Jon Camp (baixo e vocal) e Terence Sullivan (bateria e percussão), ou seja, uma formação completamente diferente da original. Desse período é o álbum Ashes are Burning que aqui apresentamos. A cantora Annie Haslam, que também é pintora, é a única remanescente dessa época, embora também tenha desenvolvido uma carreira solo. Dona de uma voz peculiar (experimente acompanhá-la), é responsável em grande parte pela personalidade do grupo.

Track List

01. Can you understand?
02. Let it grow
03. On the frontier
04. Carpet of the Sun
05. The harbour
06. Ashes are burning





Site Oficial: Renaissance

sábado, 9 de abril de 2011

Porcupine Tree

2007 - Fear of a Blank Planet
Gênero: Rock Progressivo / Metal Progressivo



Álbuns conceituais são uma vertente no rock iniciada com os Beatles em Sgt. Pepper Lonely Hearts Club Band, passando por Dark Side of the Moon, que acredito ser o melhor álbum de rock de todos os tempos, e virou uma máxima para algumas bandas de metal e rock progressivo. E para esta não é diferente.

Porcupine Tree é uma banda surgida em 1987 que mistura metal, rock progressivo e rock psicodélico. O projeto de Steven Wilson, o vocalista e criador da banda, e que aliás era um programador antes de fundar a banda, tirou o nome de um importante livro sobre fractais, Metamagical Themas de Douglas Hofstadter. A banda tem em sua carreira 15 álbuns, o mais recente lançado em 2009 com o título de "The Incident"

FEAR OF A BLANK PLANET é o álbum de número 9 da banda. Produzido em 2007, é um álbum conceitual porque trata da infância no século 21. Steven Wilson, compositordo álbum, baseou-se no livro Lunar Park de Bret Easton Ellis. Guardadas as devidas proporções e comparaçãoes, as letras (não tem como falar de uma sozinha pois o álbum é completamente conectado, não somente em letra mas em música também) lida com dois transtornos de desenvolvimento que afetam os adolescentes do século 21: o transtorno bipolar e transtorno de déficit de atenção, e também com outras tendências de comportamento comum em jovens como o escapismo através das prescrição de drogas, a alienação social causado pela tecnologia, e um sentimento de vazio pelo fluxo abismal de informações sobrecarregadas pelos meios de comunicação de massa.

Sobre as músicas, recomendo o álbum como um todo, não tem como escolher uma ou outra música, logo, bom download e BOA AUDIÇÃO!

Track List

01. Fear of a Blank Planet
02. My Ashes
03. Anesthetize
04. Sentimental
05. Way Out of Here
06. Sleep Together

Porcupine Tree - Fear of a Blank Planet


Porcupine Tree - Way Out of Here


Site Oficial: Porcupine Tree

St. Germain

2000 - Tourist
Gênero: Acid Jazz



Há algum tempo tenho pesquisado sobre novas vertentes de jazz e encontrei esse ótimo álbum de acid / nu jazz de um músico francês que tem 3 álbuns em sua carreira e uma ótima sonoridade proporcionada pela mistura de jazz e alguns elementos de música eletrônica.

St. Germain é um projeto iniciado pelo compositor e produtor francês Ludovic Navarre. Este álbum, produzido em 2000, depois de dois álbuns: Boulevard e From Detroit to St. Germain, foi o álbum de maior repercussão do produtor, que já tinha realizado outros trabalhos com outros codinomes como Deepside, LN'S, Modus Vivendi, Nuages e Soofle.

Sobre o álbum, destaco a principal e mais famosa música do disco, So Flute, além de Montego Bay Spleen, Sure Thing, mas recomendo todo o álbum e BOA AUDIÇÃO! Sobre os vídeos, é a primeira vez que vejo clipes feitos especificamente para músicas de jazz.


Formação do álbum

Pascal Ohsé (Trompete)
Edouard Labor (Saxofone, Flauta)
Alexandre Destrez (Teclados)
Idrissa Diop (Bateria)
Edmundo Carneiro (Percussão)
Claudio De Queiroz (Saxofone Barítono)
Ernest Ranglin (guitarra em 'Montego Bay Spleen')
Ludovic Navarre (escritor, produtor, engenheiro de som)

Track List

01. Rose Rouge
02. Montego Bay Spleen
03. So Flute
04. Land Of...
05. Latin Note
06. Sure Thing
07. Pont Des Arts
08. La Goutte D'Or
09. What You Think About...

St. Germain - So Flute


St. Germain - Sure Thing


Site Oficial: St. Germain (no Allmusic)

Jamiroquai

2006 - High Times: Singles 1992–2006
Gênero: Acid Jazz / Funk / Soul



O jazz vai se renovando ao longo dos tempos. Foi do swing ao bebop, do bebop ao cool, do cool ao free e ao fusion e a cada vez foi adicionando elementos da música moderna. E essa banda representa justamente essa fusão de ritmos "antigos", como o jazz e o funk, com uma pegada moderna e de qualidade.

Acompanho o trabalho dessa banda de acid jazz já faz há um tempo, desde quando escutei a primeira música, Seven Days in a Sunny June, no filme "O Diabo Veste Prada", e me apaixonei pela pegada groove misturada com levadas de jazz e funk. A banda conta com 8 álbuns gravados, o último, Rock Dust Star Light em 2010, e essa coletânea reúne os grandes sucessos, logo, as melhores músicas que a banda produziu entre 1992 e 2006.

Destaco a faixa que faz parte da trilha sonora do filme citado, além de "Cosmic Girl", "Virtual Insanity", "Alright", "Love Foolosophy" dentre outros. No entanto recomendo todo o álbum a ser apreciado para que se perceba essa mesclagem de sons que caracteriza essa grande banda comandada por Jay Kay. Fique a vontade e BOA AUDIÇÃO!

Track List

01. When You Gonna Learn
02. Too Young to Die
03. Blow Your Mind
04. Emergency on Planet Earth
05. Space Cowboy
06. Virtual Insanity
07. Cosmic Girl
08. Alright
09. High Times
10. Deeper Underground
11. Canned Heat
12. Little L
13. Love Foolosophy
14. Corner of the Earth
15. Feels Just Like It Should
16. Seven Days in Sunny June
17. (Don't) Give Hate a Chance
18. Runaway
19. Radio

Jamiroquai - Seven Days in a Sunny June


Jamiroquai - Alright


Site Oficial: Jamiroquai

quinta-feira, 7 de abril de 2011

UFO

1974 - Phenomenon
Gênero: Hard Rock / Heavy Metal



Com mais de 40 anos de estrada a banda britânica UFO está entre os percussores do hard rock e do heavy metal, ao lado das bandas Led Zeppelin, Deep Purple e Black Sabbath. Formada em 1969, com Phil Moog (vocal), Pete Way (baixo), Mick Bolton (guitarra) e Andy Parker (bateria), a banda foi nomeada primeiramente como Hocus Pocus e mudou para UFO tempos depois. Em 1974 a banda passou por algumas mudanças na formação, primeiro foi à vez do guitarrista Mick Bolton sair, dando lugar a Larry Wallis que também saiu e deu lugar a Berie Mardsden, que após sair deu lugar a Michael Schenker, que já havia tocado no Scorpions.

No inicio da década de 70 a banda havia lançado três álbuns que não tiveram grande repercussão, mas foi com o lançamento do Phenomenon (1974) que o UFO ganhou status e alcançou reputação no cenário musical. Este álbum consolidou o UFO como uma das bandas mais importantes do hard rock setentista e por que não dizer do heavy metal. Phenomenon até poderia ser um álbum comum, senão tivesse no track list dois clássicos perpétuos da banda, “Rock Bottom” e “Doctor Doctor”. O álbum também traz uma formação pra lá de clássica, com Phil Moog (vocal),o excelente baixista Pete Way, Andy Parker (bateria) e a estreia do guitarrista alemão Michael Schenker. O repertório é formado por dez músicas, destaque para “Too Young To Know”, a clássica “Doctor Doctor” que dispensa comentários, só ouvindo para sentir toda a magia que exala dessa música, a excelente “Space Child” que apresenta um instrumental muito bem trabalhado e uma sonoridade impecável, “Rock Bottom”, um hard rock legitimo com muita pegada, riffs bem pontuados e uma linha de baixo invejável do Pete Way, em “Time On My Hands” a banda consegue fazer uma variação muito interessante, mesclando uma levada acústica com a pegada e o peso do hard/heavy, e ainda sobra tempo para Michael Schenker nos presentear com um solo magistral. “Built For Comfort” é outra preciosidade do álbum, uma música com uma condução arrastada e cadenciada, enquanto Phil Moog se encarra no vocal, Michael Schenker cria pequenos solos ao fundo, até o momento do solo principal, simplesmente genial. O álbum encerra com “Queen Of The Deep”, uma canção que segue a mesmo molde já usado anteriormente, o som acústico flertando com o peso e a distorção da guitarra.

Há também algumas curiosidades muito interessantes sobre o efeito que o UFO causou no mundo do rock. A influência da banda ultrapassou todas as barreiras em 40 anos de estrada, e uma das mais marcantes (na minha opinião) é em relação ao baixista do Iron Maiden, Steve Harris, que foi influenciado diretamente por Pete Way, no jeito de tocar e na sua performance no palco. O detalhe interessante, é que ao ouvir o álbum, da para notar a semelhança da linha do baixo do Pete, que por sinal lembra muito a do Harris. Outra curiosidade (que eu descobri recentemente) é que o clássico “Doctor Doctor” toca em todo o inicio de show do Iron Maiden. Quando ouvi essa música no Morumbi, sequer imaginava que ela estava presente em todos os show. Enfim essas curiosidades mostram como o UFO influenciou o cenário do rock.

O álbum Phenomenon é sem dúvida o melhor ponto de partida para você que está querendo conhecer o som da banda britânica UFO. Digo isso porque o meu primeiro contato com a banda foi justamente através desse álbum. Então se você curte ou está a procura de um bom hard rock / heavy metal, Phenomenon é uma ótima pedida. Boa Audição.

Track List

01. Too Young To No
02. Crystal Light
03. Doctor Doctor
04. Space Child
05. Rock Bottom
06. Oh My
07. Time On My Hands
08. Built For Comfort
09. Lipstick Traces
10.Queen Of The Deep

UFO - "Doctor Doctor" (Live 1975)


Site Oficial: UFO

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Blaze Bayley

2000 - Silicon Messiah
Gênero: Heavy Metal



Blaze Bayley foi um dos músicos mais contestados e injustiçados da história recente do rock. Tudo começou quando Bruce Dickinson deixou o Iron Maiden em meados de 1993 para dar prioridade a sua carreira solo. Na época a banda fez uma espécie de “processo seletivo” para escolher o novo frontman. Eis que o então vocalista do Wolfsbane, Blaze Bayley foi escolhido para ser o sucessor de Bruce Dickinson. Assim começava um relacionamento conturbado entre alguns fãs da Donzela e o novo vocalista. Sua passagem pelo Iron Maiden durou apenas 5 anos, mas foi o necessário para que o vocalista deixasse a sua marca. Blaze gravou dois álbuns com o Iron, o primeiro foi The X-Factor (1995) um álbum que apresentou uma mudança significativa na sonoridade, com canções sombrias e lentas, tudo isso somado ao timbre do Blaze e um instrumental muito coeso. O álbum teve boa repercussão e muitas canções são destaque até hoje. Quando a banda lançou Virtual XI (1998), a história começou a mudar, foi um álbum muito fraco tecnicamente, com canções pífias e Blaze não tão inspirado, somado a baixa vendagem e a insatisfação dos fãs. Um ano depois Blaze Bayley deixa o Iron Maiden, aparentemente com o consenso de todos, e meses depois banda anuncia o retorno de Bruce Dickinson aos vocais e do guitarrista Adrian Smith.

Que o Blaze é um bom vocalista, isso não se discute, afinal ser escolhido para ser o sucessor do Bruce Dickinson, cá entre nós, não é para qualquer “pé rapado”. Apesar do seu esforço a frente do Iron, Blaze não conseguiu agradar boa parte dos fãs e saiu da banda sem deixar saudades. Não demorou muito para que Blaze voltasse à cena, mas agora com um projeto solo. Para dar inicio a sua nova empreitada, o vocalista chamou os guitarristas Steve Wray e John Slater, o baterista Jeff Singer e o baixista Rob Naylor. O momento era outro, agora Blaze poderia trabalhar sem aquela pressão dos tempos do Iron Maiden, fatores que sem dúvida o ajudariam.

Silicion Messiah (2000) foi o primeiro álbum da sua carreira solo, um trabalho que não chega a ser primoroso e extraordinário, mas que soa muito bem. Um ponto que deve ser ressaltado é em relação à sonoridade, um heavy metal pesado e que em muitos momentos chega a ganhar traços de thrash metal. Blaze não decepciona no vocal e mostra que tem competência e qualidade para cantar heavy metal, a diferença é que agora tudo está a seu favor, e o resultado é um instrumental que se encaixa perfeitamente ao seu timbre de voz. O repertório é formado por 13 músicas, todas compostas pelo vocalista, que seguiu uma temática sobre a inteligência artificial e suas consequências. Destaque para a faixa de abertura “Ghost in the Machine”, que começa com uma base de guitarra muito pesada. “Evolution” segue a mesma pegada, mas com uma linha mais melódica. “Silicon Messiah” é uma música que serve de parâmetro, já que ela reúne todas as características das demais, um ar sombrio e o heavy metal com uma pegada bem pesada. “Born as a Stranger” na minha opinião uma das melhores do álbum, uma performance impecável do Blaze e um instrumental bem coeso. As músicas “The Hunter”, “Identity” e “Stare at the Sun” seguem a mesma linha, o inicio cadenciado e com um ar sombrio, linhas de guitarras bem melódicas e o vocal característico do Blaze, com o heavy metal pesado voltado à cena no decorrer da música. “The Day I Fell To Earth” abre a sequencia de faixas bonus (na versão sul-americana), aqui a sonoridade muda um pouco e a banda apresenta um rock’n’roll com influências oitentistas, uma música muito boa, com um solo bem executado, o mesmo acontece em “Motherfuckers R Us” (ao vivo). Por fim “Tough as Steel”, música da banda Wolfsbane, a primeira do vocalista.

Silicion Messiah (2000) é o tipo de álbum para deixar aquele fã que tanto criticou o Blaze, com uma pontinha de remorso. Blaze se saiu muito bem em seu debut, conseguiu mostrar o seu valor e mesmo depois de um momento conturbado, conseguiu dar a volta por cima. O fato dele não ter dado certo no Iron Maiden, não diz respeito a sua qualidade, no meu entendimento, o Iron não era a banda certa para o Blaze, mas vejo que em um primeiro momento a banda até tentou fazer um som que se encaixa-se no timbre do vocalista, mas era lógico que essa não era a “praia” do Iron, consequentemente com a pressão e as comparações a situação ficou insustentável. Recomendo o álbum Silicion Messiah a todos aqueles que questionavam e menosprezava o Blaze de maneira injusta, este álbum é uma espécie de redenção para o vocalista, e que mesmo não sendo um trabalho primoroso, merece sim todo o reconhecimento, principalmente por ser um álbum de estreia em que o Blaze se saiu muito bem e assim conseguiu mostrar o seu valor. Boa Audição.

Track List

01. Ghost in the Machine
02. Evolution
03. Silicon Messiah
04. Born as a Stranger
05. The Hunger
06. The Brave
07. Identity
08. Reach For the Horizon
09. The Launch
10. Stare at the Sun
11. The Day I Fell to Earth
12. Motherfuckers R Us
13. Tough as Steel

Blaze Bayley - "Silicon Messiah"


Blaze Bayley - Reach for the Horizon


Site Oficial: Blaze Bayley

sábado, 2 de abril de 2011

Megadeth

1994 - Youthanasia
Gênero: Thrash Metal / Heavy Metal / Hard Rock



Adorado por uns e odiado por outros. O mundo da música é assim, dificilmente um álbum consegue agradar a todos os fãs. Na época em que eu comecei a ouvir metal, uma das primeiras bandas que conheci foi o Megadeth. O álbum Youthanasia (1994) me traz boas lembranças e por ter sido importante na minha formação musical. Naquela época ouvi prestando atenção em cada detalhe e foi impossível não curtir. Tempos depois (já que naquela época não tinha acesso à internet), fui descobrir que o Megadeth era questionado por alguns fãs, algo que não conseguia compreender, já que considerava “Youthanasia” um álbum excelente. O questionamento era por causa da nova direção que a banda estava tomando, deixando de lado aquele thrash metal que ficou marcado no álbum Rust In Peace (1990).

Apesar de mudança acontecer a partir do lançamento do álbum Countdown To Extiction (1992), o Megadeth vivia o melhor momento da carreira e a expectativa em torno do novo álbum era grande. O fato de a banda deixar de lado o thrash e criar um som mais pautado no heavy/hard desagradou alguns fãs, mas comercialmente foi um bom negocio e claro muitos fãs continuaram curtindo o som da banda. Com o lançamento do Youthanasia (1994) a banda continuou seguindo a mesma tendência, mas optou por trazer o thrash novamente, mais não semelhante aquele do Rust in Peace, mesmo assim alguns fãs insistiam em dizer que Dave Mustaine estava seguindo as novas tendências do mercado. O fato era que o Megadeth não seguiu a tendência musical do momento, mas também não queria ficar para trás, se por um lado a banda estava se distanciando do thrash / speed metal, por outro Dave Mustaine continuava cercado por bons músicos, fazendo música de qualidade e mandando muito bem nas composições. As mudanças na sonoridade são evidentes, ainda mais se você ouvir o álbum Rust In Peace, logo de cara você irá perceber que a banda não tem mais aquela pegada veloz, agora a banda aposta em um som mais cadenciado, riffs mais simples, solos não tão exageros e uma linha bem mais melódica.

Youthanasia é um álbum que merece toda nossa atenção, assim como eu fiz na primeira vez que ouvi. Dave Mustaine é um dos músicos mais respeitados no cenário mundial, não só por sua contribuição, mas também por ser um mestre quando o assunto é compor. Suas letras tratam de vários assuntos e de uma forma impressionante, em Youthanasia não é diferente, começando pelo titulo que é um trocadilho com o termo eutanásia, com isso ele quer dizer que a sociedade está promovendo uma eutanásia nos seus jovens. O repertório original é formado por 12 canções, destaque para “Reckoning Day”, que começa com um riff poderoso e no decorrer da música Dave e Friedman criam linhas bem melódicas. A letra fala sobre vingança e que ela não leva a lugar nenhum. “Train Of Consequence” é sem dúvida uma das melhores músicas do álbum, também começa na mesma linha da anterior, porém com uma pegada bem hard rock, destaque para os riffs e novamente pela linha melódica, sem deixar o peso de lado. A letra fala sobre um jogador que viveu durante a grande depressão de 1929, apesar da boa letra, não é uma história verídica. “A Tout Le Monde” está entre os maiores hits da banda, uma balada de tirar o fôlego, começa com um som dedilhado e Mustaine com um vocal melódico, até que riffs pesados invadem a música, o interessante dessa letra é o refrão, cantando em frânces. Destaque para Friedman que faz um dos melhores solos do álbum. A letra fala sobre uma pessoa que está passando uma mensagem a todos a quem ela ama antes de morrer, simplesmente perfeita. “The Killing Road” é uma das músicas mais pesadas do álbum, apesar do peso inicial a banda não deixa de lado a linha melódica, isso sem falar do solo do guitarrista Marty Friedman, simplesmente genial. A letra fala sobre é estar em turnê. “Blood Of Heroes” merece destaque por ser uma música que apresenta várias variações, começando pela introdução orquestrada e acústica, o riff pesado e a levada cadencia. A letra fala como Dave e David Elleffson sobreviveram as drogas e mostra que o fim de muitas pessoas é a morte, mas eles batalharam e venceram. “Family Tree” também outra música que merece destaque, começando pelo instrumental inovador, mostrando que a banda deixou de lado aquele thrash metal e optou por um som melódico. A letra em si é muito boa e trata de um assunto delicado e que infelizmente é muito comum, conta a história de uma criança que é abusada sexualmente pelo pai e quando ele cresce começa a se lembrar de tudo. Na sequencia a faixa-titulo “Youthanasia”, que apesar de ter uma letra muito interessante, possui um instrumental que no meu ponto de vista soa bem experimental, principalmente por que fugiu muito do estilo do Megadeth, posso estar errado, mas é a impressão que eu tive. Creio que por ser a faixa-titulo a banda poderia apostar em uma sonoridade que fizesse jus ao álbum e não algo tão diferente. Deixo claro que isso não quer dizer que a música seja ruim, é até que boa. Seria injustiça não citar “I Thought I Knew It All”, uma música de excelente qualidade, possui peso e uma levada cadenciada ao melhor estilo hard rock, e um refrão grudento. Destaque para o solo, muito bem executado. Em “Black Curtains” a banda traz o peso a tona, é muito cadenciada e porém não possui a mesma linha melódica das demais. A letra fala sobre o medo que o Dave tem de uma guerra nuclear. Assim como disse em outros posts de álbuns de metal, essa é uma daquelas boas músicas que não foram bem aproveitadas, uma pena. O álbum encerra com “Victory”, que traz um ritmo mais acelerado que as outras músicas do álbum, uma música muito interessante, os riffs continuam impecáveis e Friedman mais uma vez não decepciona ao executar o solo. A letra fala sobre os álbuns anteriores da banda e sobre a história, resumindo: uma retrospectiva.

Sinceramente não vejo motivos para não curtir o álbum Youthanasia. Apesar do thrash metal ter sido deixado um pouco de lado, como disse anteriormente, a banda continuou prezando por um som de qualidade, só que mais melódico, porém em nenhum momento perdeu a essência do Megadeth. Prova disso é que Youthanasia rendeu hits que ate hoje fazem sucesso. Boa Audição.

Track List

01. Reckoning Day
02. Train Of Consequences
03. Addicted To Chaos
04. A Tout Le Monde
05. Elysian Fields
06. The Killing Road
07. Blood Of Heroes
08. Family Tree
09. Youthanasia
10. I Thought I Knew It All
11. Black Curtains
12. Victory

Megadeth - "A Tout Le Monde"


Site Oficial: Megadeth