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O Blog Jazz e Rock traz mais uma entrevista exclusiva, dessa vez com um dos melhores gaitistas do Brasil e do mundo! Flávio Guimarães prova que é um amante do blues e um estudioso do estilo. Além de ser um grande sujeito!
O Blog Jazz e Rock traz mais uma entrevista exclusiva, dessa vez com um dos melhores gaitistas do Brasil e do mundo! Flávio Guimarães prova que é um amante do blues e um estudioso do estilo. Além de ser um grande sujeito!
Por Thiago Teberga
Flavio, conte-nos como foi o seu inicio na música? Como teve o seu primeiro contato com a gaita?
FG: O pai de um amigo da escola tinha umas gaitas engavetadas e me emprestou. Depois, assisti shows de Maurício Einhorn e Rildo Hora e decidi aprender , por volta de 1984. Tive aulas de gaita cromática com Einhorn, mas ao ouvir a gaita diatônica, mudei de instrumento e de rumo, indo para o blues e rock.
Quais foram os seus primeiros “heróis” na musica?
FG: Little Walter, Sonnyboy Williamson II, Walter Horton.
E hoje quais são as suas principais influências musicais?
FG: Sugar Blue, Paul Butterfield, Charlie Musselwhite quando comecei.
Hoje: Rick Estrin, Kim Wilson, Steve Guyger, Mitch Kashmar, Gary Smith, Joe Filisko, Andy Just, R. J. Mischo e tantos outros que admiro que não caberia aqui.
Você costuma ouvir blues no seu dia-a-dia ou você é um ouvinte eclético?
FG: Eclético , mas sempre escuto 70% de blues com o intuito de perceber melhor os detalhes e seguir me aprimorando.
Você é um musico muito requisitado, como faz pra levar tantos compromissos e manter sua carreira solo e o trabalho com o Blues Etilicos?
FG: Acho que os 25 anos de estrada ensinaram como administrar essa parte.
Agora uma curiosidade de fã(rs) Como é tocar com um time tão competente como o Blues Etilicos, existem muitas discussões na escolha de repertorio e arranjos, ou sempre rolam unanimidades?
FG: Hoje já nos conhecemos e nos respeitamos tanto que tudo flui fácil. Mas no início, pra qualquer banda, pode ser bem difícil.
Como foi o processo de gravação do seu novo álbum? Qual foi seu critério para fazer o repertorio desse álbum?
FG: The Blues Follows Me é um tributo a Little Walter e tive a sorte de ser acompanhado pela Igor Prado Blues Band, que conhece essa linguagem como poucos no mundo.
Você já tocou com varias “feras” do blues, teve alguma dessas parcerias que te marcou mais que as outras?
FG: Com Charlie Musselwhite.
Na sua opinião, quem são novos talentos do blues nacional?
FG: Thiago Cerveira, Igor Prado Blues Band, Ivan Márcio, Marcelo Naves, Sérgio Duarte, Marcio abdo, Marcio Maresia, Blues The Ville, Big Chico e muita gente bacana em são Paulo, Gustavo Cocentino (de Natal), Ablusados (de Goiania) , Tiffany Helga , The Headcutters e Carlos May (de SC), Blues Groovers, Álamo Leal, Rodica, Maurício Sahady, Ricardo Werther (do Rio)
Qual seu equipamento de estúdio e de palco? Você é patrocinado por alguma marca?
FG: Sou o primeiro endorser das harmônicas Hohner em toda América do Sul e de fato elas são as melhores gaitas do mundo. uso amplificadores valvulados SERRANO AMPS (melhor que os importados) e microfones Astatic JT 30.
Como você vê o cenário da música no Brasil atualmente?
FG: Vejo muita coisa positiva e muitos talentos na nossa música, uma das maiores riquesas desse país. Vejo isso na música brasileira em geral, vocal e instrumental.
Vejo por outro lado, no chamado blues nacional, uma classe desunida que se desvaloriza. Vejo músicos e bandas que dizem tocar blues se oferecendo pra tocar praticamente de graça em festivais patrocinados por leis de incentivo, numa nítida competição desleal , um verdadeiro "dumping". Vejo"artistas de blues" nacionais que não se esforçaram o suficiente para aprender os rudimentos básicos de acompanhamento e ritmo nem respeitam o idioma original desse estilo, cantando com pronúncias e sotaques sofríveis. Vejo muito amadorismo, só que o público está começando a ver também , percebendo a diferença entre quem toca de verdade e quem finge que toca. Novos músicos de blues estão vindo com tudo, talento e profissionalismo e nós que somos de gerações anteriores jamais podemos nos acomodar. O aprendizado e aprimoramento de um músico nunca pode cessar.
Você acha que o blues feito no Brasil hoje é um blues que se difere do feito no resto do mundo?
FG: O blues é uma forma de arte tradicional. É como o nosso Choro. Pra se saber tocar choro, tem de estudar muito Jacob do Bandolim, Waldir Azevede, Pixinguinha e tantos outros.
Acho que muita gente no Brasil acha que o blues é uma forma livre feita em cima de 3 acordes e 12 compassos, que qualquer coisa é blues desde que siga esses parâmetros. É um equívoco.
O blues é um idioma musical que já foi estabelecido há muitos anos. Para se aprender blues além das obviedades de sua harmonia tem de estudar a fundo sua história e seus grandes mestres, que criaram e estabeleceram essa linguagem musical há muito tempo atrás. No caso do blues elétrico , uma boa pesquisa em todo acervo da Chess Records (entre fins dos anos 40 e meados dos anos 60) é mais que obrigatório para se entender essa linguagem.
Nas ultimas entrevistas, inauguramos uma nova coluna no BLOG. É uma cópia descarada (risos) de uma coluna da Cover Guitarra. Indo direto ao ponto:
Pra você qual é o melhor álbum da história?
FG: A coleção completa da Chess com 5 CDs - Little Walter.
Qual disco você tem ouvido bastante na última semana?
FG: Ricardo Werther - The Turning Point.
Qual disco você curte, mas tem vergonha de admitir?
FG: Eu admito todos que gosto, de Luis Gonzaga a Paulinho da Viola ,de Lenine a Cartola.
Tom Jobim, Paulo Moura , João Donato, Leo Gandelman ... muito blues e jazz ... só coisa boa !
De engraçado, eu admito que gosto do desenho animado Back Yardigans e adoro a música tema desse programa infantil.
Abraço,
Flávio
Flavio quero agradecer a oportunidade da entrevista , sem dúvida uma oportunidade de conhecer o seu trabalho e um pouco da sua história e trajetória musical. Desejo muito sucesso para você ! Grande Abraço !