Gênero: Jazz / Swing
“Quando me propuseram fazer esse concerto no Carnegie Hall”, recordou Benny Goodman 40 anos depois, “eu fiquei em dúvida, sem saber exatamente o que era esperado de nós.”
Em 1938, não seria a primeira vez que uma banda de swing tocaria para uma audiência sentada – melhor dizendo, não dançante - mas isso acontecia apenas nos intervalos de peças teatrais ou seções de cinema. “Naqueles dias”, continuou Goodman, “você tinha também um ato de trapézio ou um comediante ou um dançarino. Era como um show de variedades (vaudeville). Eu não conseguia imaginar uma pessoa indo ao teatro para ficar ouvindo apenas uma banda tocar por duas horas e meia.”
Goodman resolveu então fazer o que sabia fazer: tocar sua música e suingar. O programa incluía uma resenha sobre a história do jazz e outros temas que estavam em voga. As músicas seriam interpretadas pela orquestra além de sub-grupos de seus músicos, sempre com Goodman na clarineta. Haveria até uma jam session, para a qual vieram músicos da orquestra de Count Basie, como Lester Young, Buck Clayton, Walter Page, Fred Green e o próprio Basie. Da de Duke Ellington vieram Johnny Hodges, Cootie Williams e Harry Carney.
Finalmente, em 16 de janeiro de 1938, às 20:00 hs, as portas do Carnegie Hall se abriram e suas cadeiras foram inteiramente tomadas. Goodman foi obrigado a comprar ingressos de cambistas para que sua família pudesse assistir ao espetáculo – um mal antigo pelo visto.
O espetáculo começou com Don’t be that way, em um ritmo um pouco lento. De repente, Gene Krupa irrompeu com um break na bateria (mais ou menos aos 2:30 minutos do segundo video abaixo). A plateia delirou, gritou, aplaudiu. O cabelo de Krupa caiu sobre seus olhos e a banda entrou no clima. Sensation Rag abriu a seção de História do Jazz, do repertório da Original Dixieland Jazz Band, seguido por I’m comin’ Virginia. Para a jam session a música escolhida foi Honeysuckle Rose. Depois veio a apresentação dos grupos menores com Body and Soul, Avalon e The Man I Love. A primeira parte encerrou-se com a explosiva I got rhythm. Na continuação foram tocadas músicas como Blue Skies, China Boy, Stompin’ at the Savoy e suingadíssima Sing, Sing, Sing.
Curiosamente, a gravação desse show histórico foi feita por acaso por um produtor de nome Albert Marx, que providenciou o registro sem que muita gente soubesse, utilizando-se de um equipamento de gravação que a CBS mantinha no teatro. O show não foi retransmitido pelas emissoras de rádio e pouca gente se interessou em transformar em disco, o que é engraçado considerando-se a atual perspectiva histórica. O primeiro álbum foi editado apenas em 1950.
Track List
Disco 1
01. Don’t be that way
02. Sometimes I’m happy
03. One o’clock jump
04. Sensation rag
05. I’m comin’ Virginia
06. When my baby smiles at me
07. Shine
08. Blue reverie
09. Life goes toa party
10. Honeysuckle rose
11. Body and soul
12. Avalon
13. The man I love
14. I got rhythm
Disco 2
01. Blue skies
02. Loch Lomond
03. Blue Room
04. Swingtime in the Rockies
05. Bei mir bist du schön
06. China boy
07. Stompin’ at the Savoy
08. Dizzy spells
09. Sing, Sing, Sing
10. If dreams come true
11. Big John’s special
Site Oficial: Benny Goodman
Numa época em que os EUA estavam marcados pela segregação racial, esse filho de imigrantes judeus pobres, tomou uma decisão corajosa ao mesmo tempo que fazia o país dançar, abraçou os músicos negros e colocou-os para tocar junto com ele. Um grande músico, um excepcional homem.
ResponderExcluirBeijão
Muito bom o som do Benny Goodman. Eu conheci ele através de outros musicos, como o John Pizzarelli, que regravou várias musicas dele.
ResponderExcluirAbraço