Por Daniel Faria
A espera terminou e junto com ela surge a primeira grande pergunta: O que esperar de uma formação que tocou junta pela última vez há quase 35 anos atrás ?. Sim, pois foi no álbum Never Say Die (1978), que Ozzy Osbourne, Tony Iommi e Geezer Butler entraram juntos no estúdio. E com esse fato em mente, surgiu mais uma dúvida: O novo álbum iria soar como os antigos ou o trio iria apostar em uma sonoridade nova ?
Em meio as expectativas, o primeiro single que o Sabbath divulgou foi a excelente "God is Dead?", uma música que apesar de não soar como os velhos clássicos, surpreendeu com um heavy metal poderoso envolvido em um clima sombrio, com um som cadenciado e com momentos de explosão, característicos do Black Sabbath.
Para produzir o novo álbum, a banda chamou o renomado produtor Rick Rubin, que tinha como meta principal trazer o Black Sabbath de volta, com uma sonoridade próxima da década de 70. Porém trazer de volta aquele clima, está longe de ser uma tarefa fácil, principalmente por causa do tratamento que o novo álbum recebeu no estúdio, fazendo com que 13 (2013) tivesse um som limpo e bem polido, diferentemente dos antigos, que traziam um som abafado e sem muito tratamento, mais que segundo alguns puristas essa era a alma do Sabbath.
Detalhes a parte, 13 (2013) soa muito bem logo na primeira audição, talvez por se tratar do Black Sabbath, logo nos primeiros acordes você sente um frio na barriga e uma expectativa imensa, seu ouvido fica atento a cada mudança de nota. Em uma primeira impressão, diria que é um álbum de rock tradicional, aonde o hard rock e o heavy metal se unem continuamente, resultando em um som denso e poderoso.
Tony Iommi dispensa comentários, apesar de beber da sua própria fonte, seus solos e riffs são alma desse álbum, o Príncipe das Trevas, Ozzy Osbourne surpreendeu, apesar de alguns momentos se esforçar para manter o vocal, mais convenhamos, o sessentão ainda está em forma, o baixista Geezer Butler é discreto, porém faz o difícil parecer fácil, fazendo o som do baixo saltar aos ouvidos em cada música, e por fim o baterista convidado Brad Wilk (do Rage Against the Machine), que foi preciso e bem perceptível.
O álbum traz oito faixas, nenhuma com menos de quatro minutos. "End of The Beginning" abre o disco em grande estilo, com um clima sombrio e um som arrastado, o Príncipe das Trevas surge e começa a cantar as primeiras palavras. Tudo soa familiar e o riff nos leva diretamente ao ano 1970, mais precisamente ao álbum Black Sabbath. O contrabaixo Geezer aparece discreto, porém marcando presença, porém é Tony Iommi que da as caras, com seus riffs e um solo que surpreende, mostrando que está inspirado. É nesse clima que a música segue, em mais de oito minutos de duração.
A segunda-faixa é a já conhecida "God is Dead?", que a meu ver figura entre as melhores do álbum. Um heavy metal com um clima sombrio e um refrão muito grudento, o destaque nessa faixa vai para o contrabaixo do Geezer e para a performance do Ozzy. Na sequencia surge "Loner", que incia com um riff clássico do Iommi, e o clima sombrio das anteriores da lugar a um som com pegada e muito peso, com a primeira aparição de fato do baterista Brad Wilk.
Passado o peso, surge "Zeitgeist", a primeira balada propriamente dita. Apesar de ser uma das mais fracas do álbum, alguns aspectos merecem destaque, como o solo do Iommi, o uso de alguns elementos do jazz e a tentativa de soar psicodélica, mas sem muito sucesso. Em "Age of Reason", a banda volta a pisar no acelerador e mostra mais uma vez uma pegada excepcional, a música começa com riff clássico do Iommi e uma cadencia não tão lenta e não tão rápida. O interessante dessa musica é a sensação dela ter sido dividida em duas partes. O destaque fica por conta do Tony Iommi, que proporciona um solo rápido e virtuoso, coisas que ele faz como poucos. "Live Forever" tem uma sonoridade voltada para o stoner rock, que tira o álbum 13 daquela sonoridade das antigas e colocando um aspecto atual, Ozzy se destaca pela sua interpretação.
Em se tratando de Sabbath, não poderia faltar aquele blues arrastado e com um clima sombrio, tão característico nas composições da banda, e eis que ele finalmente aparece, em "Damaged Soul". Dificil até descrever essa preciosidade, que tem três solos de guitarra e Geezer roubando a cena com seu contrabaixo. Uma das melhores músicas do álbum. O álbum encerra com "Dear Father", que traz um final digno de Black Sabbath, com riffs graves e pesados, Ozzy se empenhando ao máximo e um final com direito a trovões e sinos, nos levando novamente ao Black Sabbath (1970) e claro, ao ponto inicial do 13.
O álbum 13 (2013) pode não se tornar um clássico daqui uns anos, como aconteceu com outros álbuns do Sabbath, porém sem dúvida terá seu lugar reservado nessa extensa discografia. Outro fator que a meu ver é muito interessante, é que quando uma banda consagrada decide entrar no estúdio para lançar um novo álbum, e com uma formação que se reuniu há 35 anos, já faz dese álbum um marco histórico.
Eu ouvi o álbum pela primeira vez hoje de manhã e a sensação é de não querer desgrudar dele, e se pudesse ficaria ouvindo o dia inteiro. 13 não é apenas mais um álbum de heavy metal, não, ele traz toda uma mistica construída ao longo de décadas em torno do nome Black Sabbath e isso é mais do que suficiente para os amantes do bom e imortal rock'n'roll.
02. God Is Dead?
03. Loner
04. Zeitgeist
05. Age of Reason
06. Live Forever
07. Damaged Soul
08. Dear Father
Black Sabbath - God is Dead?
Os caras realmente são feras! Depois de 35 anos ainda fazem um puta álbum desse! \o/ Salve Sabbath!
ResponderExcluirQuem disse que o tempo é inimigo da perfeição tá errado e o Black Sabbath tá aew pra provar!
ThIs Rock's!!!
Muito Bom o Review! ;)