Por Daniel Faria
Em sua quinta passagem pelo Brasil e com energia renovada após o lançamento recente do vigésimo álbum, o show do KISS no Anhembi tinha tudo para ser inesquecível e ficar marcado na memória dos fãs.
E como não poderia ser diferente,
a preparação para ir ao show começa meses antes. No meu caso foi exatamente
assim. O KISS é uma das bandas que eu mais curto e ir no show deles era um
sonho que eu estava prestes a realizar. Tudo começou dois meses antes, quando
comprei o ingresso e assim marcava definitivamente minha presença nesse
espetáculo, um dos maiores do planeta. Apesar de achar que iria demorar, os meses
passaram rápidos, e a ansiedade aumentava a cada dia, até que chegou a tão
esperada véspera do show. Era evidente que de sexta para sábado seria
impossível pregar o olho.
Como moro no interior de São
Paulo, a opção que eu escolhi foi à excursão. Estava tudo previamente marcado,
a galera iria se reunir em uma praça em Taubaté e o ônibus sairia as 14:00
horas. Não é preciso dizer que cheguei meia hora antes né?. Chegando lá e sem
conhecer ninguém, tratei de me enturmar e bater papo. O tempo foi passando,
passando e acreditem, o responsável pela excursão chegou por volta das 15:00
horas da tarde. Depois em meios aos acertos, fomos sair as 15:30 horas, um atraso
que não estava no script. Claro que isso desanimou um pouco a galera, já que o
pessoal queria era sair no período da manhã. Já dentro do ônibus e com o
excesso de enrolação, começaram a pegar no pé do motorista, dizendo que ele não
sabia quem era o KISS e por isso estava enrolando, achando que o KISS iria
voltar na semana que vem (risos). É claro que essa zoação toda faz parte da
excursão.
Depois que saímos de Taubaté,
ainda fizemos uma parada na cidade vizinha para pegar um pessoal. A cada
minuto, era uma olhada no relógio e o medo de não dar tempo. Os portões estavam
marcados para abrir as 16:00 horas e todo mundo sabia que a fila estava
gigantesca. Bom a viagem correu bem, o motorista como sempre andando devagar
demais, até que paramos na altura de Jacareí, uma parada que na minha opinião
não era nada necessária, seria se fosse a hora do almoço. Em meio a ansiedade,
muitas risadas e zoação.
Chegamos em São Paulo por volta
as 18:45 horas, o estacionamento e as proximidades do Anhembi estavam lotados.
E para continuar o drama, mais alguns contratempos para aumentar ainda mais a
ansiedade. Entramos de fato na arena umas 19:10 horas. A essa altura a galera
já estava dizendo que o cara da excursão tinha pisado na bola e vacilado demais
com o horário, porém apensas de todos os contratempos que tivemos, estávamos no
local do show.
Para curtir o show, eu fiquei próximo
do pessoal que conheci durante a viagem, a essa altura eu já não sentia fome,
nem sede e muito menos frio. Eu estava lá, apesar de um pouco longe, não
importava, eu ia ver o show do KISS !!
E as 20:30 horas a lendária banda
Viper subiu ao palco, sob o comando de André Mattos nos vocais. A banda se reuniu este ano para
comemorar o aniversário de 25 anos do álbum “Soldiers Of Sunrise”. Confesso que
eu não conhecia os álbuns da banda, mais ao vivo foi um show impecável, apesar
de curto. Um heavy metal visceral, que envolveu o publico rapidamente, isso
mesmo com um ambiente limitado no palco, já que estava tudo preparado para
o KISS, porém o publico recebeu muito
bem a banda, que é um dos grandes nomes do metal nacional.
O set list foi bem curto, a banda
abriu o show com “Knights of Destruction”, faixa de abertura do álbum Soldiers
of Sunrise. Depois disso o Viper emendou um clássico atrás do outro, com
músicas do segundo álbum Theatre of Fate, levando o publico ao êxtase, com “To
Live Again”, “Prelude To Obilivion” e a “Cray From The Edge”. Na sequencia foi à
vez de “Living For The Night”, “Rebel Manic” e um cover da clássica “We Will
Rock You” do Queen. Um momento curioso, foi quando um cara dos bastidores
entrou no palco e foi direto até o André Matos, na intenção de avisa-lo sobre o
tempo, e ouviu em alto e bom som um “Já sei porra...” do vocalista.
A banda liderada por André Matos
e com Pit Passarell no baixo,Felipe Machado e Hugo Mariutti nas guitarras e
Guilherme Martin na batera, fizeram uma apresentação digna, para uma noite que
seria inesquecível. O Vipe encerra a tour de comemoração no dia 2 de dezembro,
com um show no Via Marquês.
Por volta
das 21:40 horas, as luzes se apagaram, foi nesse que mostrou no telão
lateral cena dos bastidores, sim, Paul, Gene, Tommy e Eric, estavam
vindo para o palco, nesse momento a euforia tomou conta do publico. A
cortina cobria o palco, foi ai que a voz do Gene Simmons soou no
Anhembi, anunciando a narração clássica: “All right São Paulo.
You wanted the best and you got the best. The hottest band in the
world, KISS !!”. A essa altura a sensação que eu tive é impossível de traduzir em palavras. O show estava começando, a
cortina caiu e a banda descia em uma plataforma lá do alto do palco,
uma entrada triunfal.
O show
abriu com o clássico “Detroit Rock City”, que de cara mostrou
que o arsenal pirotécnico do Kiss, a cada riff uma explosão no
palco, acompanhada por fogos de artificio, tudo perfeitamente
sincronizado. Paul Stanley no auge dos seus 60 anos, já não
consegue atingir seus melhores agudos, porém em nenhum momento
desafinou, sua presença de palco era impecável, assim como a do
Gene Simmons e Tommy Thayer.
Logo nos
primeiros minutos, era notável que não se tratava de um simples
show de rock, isso não existe com o Kiss, era um espetáculo, com
direito a efeitos especiais, lança chamas e um telão gigante em HD (ao fundo),
que mostrava imagens do show e também animações gráficas.
Na
sequencia o Kiss mandou outro clássico, “Shout It Out Load”, que levou as 25
mil pessoas presentes no Anhembi ao êxtase.
A
primeira interação de Stanley com o publico aconteceu ao termino da segunda
música. Paul começou dizendo: “São Paulo, como vocês estão?” e o publico
respondeu em alto e bom som, depois ele continuou dizendo que naquela noite
teriamos uma festa de rock'n'roll e que faziamos parte da família Kiss. E como
um bom homem de negocios, Stanley não poupou elogios ao publico paulistano, na
sequencia completou dizendo “Estivemos na Argentina e no Chile, mas vocês são o
numero um”. Vale ressaltar que Paul Stanley é um homem de negocio e sabe como
agradar seu público.
Gene
Simmons assume o vocal pela primeira vez, para cantar o clássico “Calling
Dr.Love”, mostrando uma presença de palco impressionante. Tudo soa perfeito, o
entrosamento entre o quarteto impressiona. Depois dos clássicos, Stanley
anunciou a próxima faixa, que seria do álbum Monster. “Hell or Hallelujah”,
contagiou o publico com seus riffs e mostrou que funciona ao vivo, afinal tem
um refrão grudento. Na sequencia a banda mandou outra música do novo álbum,
“Wall Of Sound”, que apesar de não ser tão conhecida, soou muito bem ao vivo.
Antes
da próxima música, Stanley puxou um coro junto com o público gritando o nome do
guitarrista Tommy Thayer, vale ressaltar que a forma com que o os músicos
interagem com o público é algo que poucas bandas sabem fazer, o Kiss tem nas
mãos o controle do espetáculo e do público. Tommy assume os vocais, para cantar
a música “Outta This World”, a terceira e ultima canção do álbum Monster (2012)
tocada na noite. Tommy surpreendeu, com um vocal muito bom, que soou muito bem
ao vivo.
Sem dar tempo do publico respirar, Tommy e Eric Singer ficam a sós no
palco, o guitarrista começa solando e mandando uma boa dose de improvisos, que
são acompanhados de perto pelo batera Eric Singer, um duo impecável e com um
entrosamento perfeito. O público reage com a cada chamada do Spaceman. No
decorrer do solo não demora muito para surgir os primeiros efeitos especiais,
como os tiros de fogos de artificio que saem da guitarra do Tommy. O Kiss não
economiza nos efeitos especiais em
nenhum momento, a prova disso é quando a bateria do Eric Singer é
erguida dos cabos de aço, enquanto Tommy Thayer é elevado por uma plataforma na
beira do palco. Nas alturas Eric Singer assume os vocais e grita “Sannn
Paulooooo” e da um tiro de bazuca.
Um dos pontos altos do show, é sem dúvida a hora do solo do Gene Simmons, que é uma grande figura. O Gene ‘The Demon’ Simmons, surge no palco e inicia o seu solo com a sua característica apresentação teatral, com direito a muito sangue. Nesse momento, Gene fica em silêncio e o público inicia um coro de “Olê..Olê..Olê Gene...Gene”. Amarrado em um cabo de aço, Gene voa até o ponto mais alto do palco, lá de cima ele mesmo puxa novamente o coro e manda um “Tudo Bem”, levando o público ao êxtase.
Começa
então outro clássico, “God Of Thunder”, uma das minhas músicas favoritas da
banda. Ao vivo ela fica simplesmente perfeita. O efeito de iluminação do palco também merece novamente destaque. Antes da próxima música, Paul Stanley interage novamente com o público, chamando o exercito do Kiss, antes de anunciar outro clássico da banda, "Psycho Circus", o refrão era entoado pelas 25 mil vozes, um momento mágico do show. O Kiss faz algo que poucas bandas conseguem fazer, a facilidade em criar refrões grudentos, feito isso a resposta do público é imediata.
O Kiss volta aos anos 80, para tocar mais um clássico, "War Machine", cantada por Gene Simmons. Uma música carregada de peso e que ficou perfeita ao vivo.
Paul Stanley assume os vocais para trocar algumas palavras com o público e se mostrando novamente muito gentiu, rasgou elogios a São Paulo, dizendo que amava a Argentina, Chile e o Paraguai, mais que o seu coração era de São Paulo. Ouvindo isso o público iniciou o coro de "Paul...Paul...Paul..." deixando o vocalista emocionado. Sem delongas, era chega outro ponto alto do show, a música "Love Gun", e o momento em que Paul usa uma espécie de tiroleza e voa para chegar em um pequeno palco no meio da pista e assim cantar mais próximo do público. No meu caso, eu estava próximo dessa plataforma, consegui ver o Paul de muito perto.
Com um solo inspirado do Tommy Thayer, a música chega ao fim com mais um efeito pirotécnico, com muita explosão sob o palco. Sem dar tempo do público respirar, Paul Stanley da inicio ao seu solo, momento em que ele arrisca a introdução da
clássica “Stairway to Heaven” e depois instiga o público perguntando: “Vocês
querem ouvir uma música do Kiss??”. A resposta era obvia, e da inicio ao refrão
da clássica “Black Dimmond”, com Paul trazendo novamente o público para perto,
até que uma explosão acontece e Eric Singer assume os vocais. O Catman canta
pra caramba ao vivo, o restante não é preciso nem dizer, Tommy faz um solo
primoroso, que por sinal é um dos mais fodas da banda, a música chega ao fim
com mais um efeito especial, a bateria do Eric Singer é novamente elevada às
alturas. E com mais um show de pirotécnica, com direito muitos fogos de artificio e fumaça.
É impressionante como ao vivo o show passa muito rápido, você perde completamente a noção de tempo, e nessa hora a primeira parte do show já havia acabado. Depois de alguns minutos, o quarteto retorna ao palco para o encore, as três últimas músicas. Paul Stanley assume o vocal e pede para todo mundo levantar as mãos, para tirar a tradicional foto.
Antes de chamar a próxima música, Stanley pergunta ao público se gostaríamos de ver a banda no futuro, a resposta é obvia, que SIM !
O encore começa com mais um clássico, a única da fase (sem mascaras) da banda, “Lick It
Up”. O público vai ao delírio, o refrão é muito grudento e por isso é cantado
em alto e bom som no Anhembi. Um detalhe interessante, é que ela ainda teve um
trecho rápido da música “Won’t Get Fooled Again”, do The Who, achei isso
sensacional.
Emendando
e sem dar tempo para o publico recuperar a voz, a banda mandou outro clássico “I
Was Made For Lovin’ You”, que dessa vez foi cantada mais arrastada e sem o
timbre agudo do Stanley. Naquele momento todo mundo sabia que o show estava chegando
ao fim e o publico entregava os últimos resquícios de fôlego para cantar o
refrão. Eu sempre curti essa música ao vivo, por um motivo bobo, é que depois
do solo, o refrão é acompanhado por fogos de artifícios, eu que sempre ouvi
isso no áudio, fiquei emocionado vendo ao vivo e a cores.
E para
encerrar uma noite de rock’n’roll, nada melhor que a clássica “Rock And Roll
All Nite”, com direito a chuva de papeis picados, que infelizmente por causa do
vento não chegaram até onde eu estava, nesse momento você sente a adrenalina
correndo por todo o seu corpo e você cantando o refrão com todas as forças do
seu pulmão. No palco os efeitos especiais deram um toque mais do que especial,
muita fumaça, explosões e efeitos pirotécnicos, culminando no ato tradicional do vocalista Paul
Stanley, em que ele quebra a guitarra.
Com o termino do show, o publico presente no Anhembi foi presenciou mais um momento mágico,
uma queima de fogos de artificio, que saiam de trás do palco, colorindo a noite
de São Paulo e assim encerrando não um show de rock, mais um espetáculo.
Ir a um show do Kiss é uma experiência incrível e que sem dúvida foi uma das maiores da minha vida. O dia 17 de novembro ficará marcado para sempre na minha lembrança, afinal não são fotos ou os videos o mais importante, e sim o que fica guardado no lugar mais especial da nossa memória.
Poder ver Paul Stanley, Gene Simmons, Tommy Thayer e Eric Singer tocando ao vivo é algo que é impossível descrever em palavras. É claro que digo isso como fã, afinal esta não é a resenha de um jornalista ou profissional da música, são palavras de um fã, em seu primeiro (e espero que de outros), show do KISS !!
Set List - KISS (Anhembi - São Paulo)
01. Detroit Rock City
02. Shout It Out Loud
03. Calling Dr. Love
04. Hell Or Hallelujah
05. Wall of Sound
06. Hotter Than Hell
07. I Love It Loud
08. Outta This World
09. Tommy Thayer & Eric Singer solos
10. Gene Simmons solo
11. God of Thunder
12. Psycho Circus
13. War Machine
14. Love Gun
15. Black Diamond
Encore:
16. Lick It Up
17. I Was Made for Lovin’ You
18. Rock
and Roll All Nite
Bela descrição, Daniel! Me senti no show!
ResponderExcluirObrigado Edison, pelo comentário. Abraço
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