terça-feira, 13 de novembro de 2012

Fatores sociais e culturais interferem no gosto musical ?


Por Daniel Faria

Vivemos em um país com grandes diferenças sociais e culturais, e isso independe se estamos nos grandes centros ou no interior. 

A cultura do nosso país é uma das mais ricas do mundo, e isso fica evidente quando falamos da cultura regional. Em cada região presenciamos diversas manifestações culturais, como festas, comidas tipicas, danças e claro a música. Por exemplo a cultura preservada pelo povo sulista é bem diferente da do povo nordestino. São tradições mantidas durante gerações e que já fazem parte da vida do povo. Musicalmente falando, também existe grande diferenças, já que em cada região do nosso país predomina um gênero diferente.

O social em nosso país também é bem diversificado, tanto para o lado bom, como para o lado ruim. Assim como em outras partes do mundo, somos divididos por classes sociais, aonde encontramos de ricos  à miseráveis. De uns anos para cá, esse cenário começou a mudar, já que milhões de brasileiros saíram a linha de pobreza extrema. Apesar disso é comum ver nas grandes cidades situações que acabam nos surpreendendo.

Ligado a essas questões, também podemos citar o abismo que existe entre as classes sociais, quando o assunto é acesso a cultura e ao ensino. Se por um lado os ricos e a classe média tem um acesso livre a cultura e ao estudo de qualidade, não podemos dizer o mesmo dos pobres, que infelizmente sofrem para ter um ensino digno e um acesso a cultura, como livros, internet ou outros meios.

O caro leitor deve estar se perguntando: Isso aqui é um blog de música ou de estudo ? (risos).

Eu não sou estudioso no assunto e muito menos sei fazer bons artigos (embora pretendo exercitar isso), e o pouco que eu sei é por que procuro ler sobre estas questões. A questão que eu quero levantar é justamente a que deu titulo ao texto. Fatores sociais e culturais interferem no gosto musical ?

Por isso em meio aos meus devaneios, outro dia me peguei pensando nessa questão, e achei que poderia render um texto meia boca e um questionamento para um possível debate. 

Quando eu pergunto se o fator sócio cultural interfere no gosto musical de uma pessoa, é baseado em questões simples e observações. Já que na nossa sociedade as pessoas são pré-definidas pelo tipo de música que ela curte.

O jazz pode ser usado como um exemplo clássico. Nos EUA é um gênero que surgiu entre os negros, em sua maioria pobres, eles eram os grandes músicos em meados da década de 20 e 30. Depois os brancos acabaram aderindo a causa também. Não vou me aprofundar nessa questão pois é um tema imenso. Mas o que eu noto, é que mesmo com a sofisticação do jazz, por lá ele é considerado um gênero popular. Já no Brasil é considerado um gênero elitizado, logo se você curte jazz, as pessoas imaginam que você é intelectual ou tem muito dinheiro.

O rock/metal também tem seu diferencial nas letras, que muitas vezes falam sobre questões históricas, são composições bem trabalhadas e que exige muito dos músicos. 

Já estilos como pagode, funk e sertanejo, estão longe de ter letras consideradas inteligentes. São letras populares, simples de ser decoras e que tratam de assuntos comuns ao publico. E se um individuo diz que curte funk, a imagem que lhe vem na cabeça é de que ele mora na periferia. 

Então independente de gênero, cada tribo é rotulada de uma forma, e isso virou uma regra.

A questão principal que eu quero levantar com esse texto é: O nível de estudo e social, ligado ao nível de acesso a cultura de um individuo serve como fator decisivo para definir quais estilos musicais ele vai ouvir ?? E o gosto musical, define a personalidade de um individuo ??

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[Comentário do autor: Espero que tenham gostado do artigo. E peço desculpas por possíveis tropeços ao tentar passar a minha ideia no texto, já que sou inexperiente nisso, por enquanto. ]

3 comentários :

  1. Daniel
    Legal o artigo, não precisa se desculpar.
    Acredito sim que o nível social e especialmente cultural de um indivíduo, se não é decisivo, influencia em muito as escolhas, não apenas do repertório de músicas, mas programas de tv, leituras..No caso das músicas, as letras simples que falam diretamente do cotidiano das pessoas colaboram para torná-las acessíveis (as pessoas buscam identificações), mas acredito que também a complexidade musical influencia bastante. Melodias e harmonias simples são mais facilmente "compreendidas" e assimiladas, sem a necessidade de muitas audições e nem de uma escuta mais atenta, assim, é possível ouvir essas músicas mais populares em qualquer ambiente que ela fará sentido. Já músicas mais complexas, como o Jazz, música Erudita e até música popular brasileira (Chico, Tom e muitos outros), exigem uma audição um pouco mais atenciosa do ouvinte.O nível social influencia neste ponto uma vez que quanto menos se tem conteúdo intelectual (que se ganha não só com estudo, mais com acesso a informações de qualidade, cultura..),menos se tem o hábito de pensar. Enfim, o assunto é longo e teria muitas outras colocações a fazer, mas vou parar aqui..abçs

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  2. Obrigado pelo comentário Flavia e fico feliz em saber que gostou do artigo.

    Sobre o seu comentário eu concordo, esses fatores sociais e culturais não são decisivos, mais influenciam. Claro que existe sempre as exceções, de pessoas que mesmo não tendo acesso a cultura e sendo de classe social baixa, com muita força de vontade acaba superando isso e se envolvendo com um universo musical mais evoluído e que existe mais da pessoa. Por outro lado há os casos de pessoas que são ricas, que tem livre acesso a cultura, mas fazem pouco caso disso e preferem o modismo e consequentemente não buscam melhorar o conteúdo intelectual.

    No mais concordo em tudo com você, seu comentário foi muito bem colocado.

    Abraço
    Daniel

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  3. Segue minha teoria de botequim: o gosto musical está diretamente ligado ao nível cultural, porém, infelizmente este está ligadíssimo ao nível social, pois quanto menor o nível social, menor o acesso à cultura. Quanto maior o acesso à cultura, maior é a exposição a outros "produtos" que não os de maior apelo comercial e de maciça divulgação na mídia.
    Mas você tem razão, Daniel, ter dinheiro por si só não significa nada, a pessoa precisa querer ouvir ou ler coisas novas. Mas aí talvez seja uma questão de herança cultural.
    Por outro lado, o jazz, visto hoje como música elitista, nasceu da camada mais pobre e sofrida dos EUA no século XIX e evoluiu para o jazz que conhecemos hoje. O samba idem. Da mesma forma, o jazz e o samba com o tempo desenvolveram-se em vertentes algumas mais sofisticadas e outras mais populares. Às vezes ambas nem parecem terem tido a mesma origem.
    Sem fazer juízo de valor - toda música tem seu valor intrínseco - o importante é ouvir o que se gosta, o que nos dá prazer. Tem espaço para todo mundo.
    A pergunta que se tem que fazer é: será que eu gosto mesmo disso ou é algo que me impingiram?

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