segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Review: Steve Harris - British Lion (2012)


Por Daniel Faria 

Stephen Percy Harris, conhecido mundialmente como Steve Harris. Um cara que já possuiu o seu nome eternizado na história do metal. Harris trabalhou como desenhista arquitetônico em Londres, apaixonado por futebol e torcedor fanático do West Ham, tentou ser jogador de futebol, na década de 70 chegou a atuar nas categorias de base do seu time do coração. Baixista autodidata, Harris foi influenciado por inúmeros baixistas, sendo o Pete Way, do UFO, um dos seus favoritos e responsável por influenciar seu estilo de tocar e performance nos palcos. Porém a sua maior decisão, foi em 1975, quando fundou o Iron Maiden. Desde então tem sido não apenas um fundador, mais acima de tudo um líder, e vem conduzindo a banda há mais de 35 anos na estrada, fazendo do Maiden não apenas uma banda, mais uma religião, uma referência para qualquer um que se preze a tocar heavy metal. Nesse tempo todo de estrada segurando a banda com mãos de ferro, Harris passou por várias turbulências, desde o inicio ao ir contra ao ritmo da década de 70, enquanto todo mundo estava se rendendo ao punk rock, Harris dizia que queria fazer heavy metal. Muitos anos depois enfrentou a saída do vocalista Bruce Dickinson, passando por um período doloroso, porém não desistiu e se portou como um líder, não se importando com questões pessoais, mais apenas com a banda, até acertar a volta do Bruce novamente. Isso sem falar das suas composições, Harris é uma das mentes mais brilhantes quando o assunto é compor música, os clássicos do Maiden comprovam isso. Por tudo isso que foi dito, é de se supor que Harris não tem mais nada a provar, ele já uma lenda viva do heavy metal.

Apesar de não ser novidade, o lançamento de projetos paralelos ou solos de músicos consagrados, sempre que um é anunciado causa um alvoroço entre a mídia e os fãs. Quem é fã do Maiden, já passou por isso, com os lançamentos dos álbuns do Bruce, do Adrian e até mesmo do Blaze, mais ninguém esperava que o chefão anunciasse isso.

Quando British Lion foi anunciado, pouco a pouco as informações foram chegando, qual era a proposta do álbum e o qual a motivação do Steve Harris para esse projeto. O projeto em si, nada tem a ver com o Iron Maiden, nesse álbum, Harris voltou ao passado de certa forma, para homenagear as bandas da qual influenciaram ele e que serviram de base para o que ele foi ao longo dos anos, apesar disso, tinha uma expectativa ainda maior, pois era um álbum de inéditas. Em uma entrevista que eu li, Harris disse que esse projeto já estava sendo projetado há anos, só que por falta de tempo entre as turnês com o Iron, o projeto foi sendo deixado de lado, mais que agora finalmente havia chegado a hora de tira-lo do papel.

Para o projeto, Harris trouxe músicos até então desconhecidos de boa parte do público, como os guitarristas Graham Leslie e David Hawkins (responsável pelo teclado), o baterista Simon Dawson e o vocalista Richard Taylor.

British Lion (2012) é um álbum que não tem nada a ver com o Iron, então se você estava esperando isso, esquece. Isso me chamou a atenção, que apesar do fato do Harris já ser um cara consagrado e bem sucedido no que faz, ele encontrou motivação para criar algo novo, algo diferente do que ele já faz no Maiden, provando que ainda tem fôlego e vontade de explorar novas sonoridades. O álbum é todo pautado no hard rock, com uma pitada de heavy metal, mais bem de leve. A influencia não poderia ser outra, bandas de hard setentista, como Thin Lizzy, UFO, Judas Priest, Rainbow, entre outras que fizeram parte da vida do Steve.

Os dois guitarristas Graham e David, me surpreenderam, eles que fazem solos bem interessantes, riffs bem executados, com passagens pesadas e melodicas, tudo na medida certa, sem exageros. Já o vocalista Richard Taylor, esse sim, custou para eu começar a curtir, o timbre dele é totalmente diferente do Bruce, e pode causar estranheza nas primeiras audições, mais nada que dure por muito tempo.

O álbum traz dez faixas inéditas, e começa com o hardão “This is My God”, uma música que tem um excelente instrumental, e de cara da o tom do que lhe espera nas próximas canções, como não poderia ser diferente o som do contrabaixo do Steve Harris salta aos ouvidos, só que agora mais cadenciado, sem as cavalgadas, que abre espaço para linhas mais versáteis. “Lost Worlds”,surge com um hard mais moderno, com bons riffs de guitarra. “Karma Killer”, tem tudo para ser considerada uma das melhores do álbum, um hardão que começa a todo vapor, com as guitarras ao melhor estilo wah-wah e mais uma vez o contrabaixo do Harris saltando aos ouvidos. No vocal Richard se esforça, foi com essa música que comecei a curtir o timbre do vocal dele – depois de ouvir algumas vezes – ele cadencia com maestria, alterando entre momentos que existe um tom mais agressivo. Na sequencia, “Us Against The World”, uma das músicas que traz uma pegada setentista, com um excelente duo das guitarras e o Harris fazendo um som próximo ao que faz no Maiden. A música oscila entre momentos cadenciados e um refrão pesado. “The Chosen Ones” nos remete ao som do Thin Lizzy, um hard rock clássico, bem animado e sem exageros, e que tem um refrão bem grudento. “A World Without Heaven” é outra música que surpreende, uma canção com uma linha melódica muito bem trabalhada, desde o vocal do Richard, o duo de guitarra perfeito, com boas passagens melódicas, um solo impecável, onde Harris também parece se sentir em casa. O som segue em alto estilo com “Judas”, um hardão com muita pegada, destaque para as várias mudanças no decorrer dela, na metade ela muda de tal forma que beira o som acústico, uma boa música. “Eyes Of The Young”, um hard pop, animadinho, com um violão ao fundo, destaque para o Richard, que tem uma boa performance. Em “These Are The Hands”, a banda tenta embalar mais um hard com peso, mais é uma música com pouca expressão diante das outras. O álbum encerra com a balada “The Lesson”, uma música agradável, com direito a violinos ao fundo, e Richard cantando calmamente, o instrumental não traz nenhuma novidade.

Como disse no inicio, British Lion (2012) causou um alvoroço ao ser anunciado, se as expectativas em torno dele foram as melhores, não se sabe. É um álbum que está longe de ser surpreendente, mas é bom dentro da proposta do projeto, tem boas músicas, o instrumental é bom, embora alguns momentos soou mais AOR do que hard rock. No geral ponto positivo para o Harris, que mesmo em meio a exaustivas turnês com o Maiden, conseguiu um tempo para tirar o seu projeto do papel, e ainda mais por explorar novas sonoridades. Como fã do Maiden, embora eu ache que isso seria impossível, gostaria de ouvir algumas músicas na voz do Bruce Dickinson, com certeza ficaram ainda melhores. E por fim, hoje foi anunciado o vídeo clipe da música “This is my God”, que será publicado amanhã (02) na internet. É aguardar. Boa Audição.

01. This Is My God
02. Lost Worlds
03. Karma Killer
04. Us Against The World
05. The Chosen Ones
06. A World Without Heaven
07. Judas
08. Eyes Of The Young
09. These Are The Hands
10. The Lesson

 Site Oficial: Steve Harris British Lion

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