Por Daniel Faria
Na última terça feira, 18, o Bourbon Street foi palco de mais um show memorável do guitarrista John Pizzarelli, que estava de volta ao Brasil, para a turnê do seu novo álbum, Double Exposure. E claro, eu não poderia perder.
Tudo começou em maio, quando
soube das datas e dos locais aonde o Pizzarelli iria se apresentar. Assim como
no ano passado, escolhi o Bourbon Street, eu precisa voltar naquele lugar, onde
na minha opinião você respira o ar puro do jazz e blues, é um lugar mágico.
Comprei o ingresso por telefone
dois meses antes, foi até engraçado por que quando fiz a reserva, escolheram a
mesa 63, ou seja, lá atrás. Na hora eu questionei, já que estava comprando com
antecedência e queria uma mesa mais na frente, porem como comprei apenas um
ingresso, não teve jeito, não poderia escolher mesas na frente. Pois bem,
melhor do que nada, ainda assim fiquei indignado por causa do lugar. Porém o
melhor estava por vim.
Como moro no interior de São
Paulo, sai com horas de antecedência. A viagem foi tranquila, inclusive quando
chegou em São Paulo, o trânsito estava a meu favor naquele dia. Cheguei no
Bourbon Street 19:30 horas, a casa seria aberta as 20 horas.
Logo na entrada, me identifiquei,
peguei o convite e entrei no Bourbon, como era a minha segunda vez naquele
lugar, é claro que fiquei sem palavras novamente. Assim que entrei, uma
garçonete me levou até a mesa 63. Bom para a minha surpresa, apesar da
distancia, o lugar era melhor do que eu imaginava, pois fiquei na primeira
mesa, sem ninguém na minha frente, e como o local está em um nível mais elevado
do salão principal, a vista era ótima para o palco.
(Vista do palco no Bourbon Street)
O ambiente como sempre estava
ótimo, apesar de sozinho, pedi algo para beber e fiquei por um tempo admirando
aquele lugar, que se eu morasse em São Paulo, seria o meu templo de todas as
semanas, mas como não posso ir sempre, vale a pena admirar. Acompanhado da
minha maquina Fuji S4500, que alias comprei justamente para levar aos shows, já
que ano passado eu tinha passado raiva com a câmera digital comum, comecei a
tirar algumas fotos do local. Enquanto o show não começava, o Bourbon Jazz
Trio, preenchia o ambiente com o jazz refinado e muito bem executado, o que
deixava o local ainda melhor. Nesse meio tempo, dei uma volta pelo local e como
não poderia deixar passar a oportunidade outra vez, tirei uma foto ao lado da
guitarra mais desejada do blues: Lucille. Presente do Rei BB King e que tem
lugar de destaque na entrada do Bourbon.
Infelizmente não vou lembrar a
ordem do set list e nem todas as músicas que o John Pizzarelli tocou, porém o
repertório foi bem variado, logo no inicio ele tocou a canção Candy, do Nat
King Cole, depois tocou algumas músicas do seu penúltimo álbum, antes de tocar East
St. Louis Toodle-oo/Don’t Get Around Much Anymore, de Duke Ellington, Pizzarelli arriscou o
português, dizendo “Obrigado” e “A Seguir”, não precisa dizer que todo mundo
riu. Antes dessa música ele contou uma história falando sobre a versão dela,
explicando sobre o acorde usado nas duas versões, a dele e a original.
Depois foi a vez de C Jam Blues,
onde eles deram uma verdadeira aula de improviso, começando com Larry Fuller no
piano, acompanhado da cozinha formada por Tony Tedesco e Martin Pizzarelli.
Bom, não vou falar muito, já que eu gravei eles tocando.
Depois dessa aula e de levar o
público ao delírio, John Pizzarelli comentou sobre o novo álbum Double
Exposure, e tocou poucas músicas do novo álbum. Confesso que esperava mais
músicas, já que que o álbum é excelente. Ele explicou rapidamente sobre o que
levou a gravar o novo álbum e a escolha do repertório. Do novo álbum ele tocou I
Feel Fine, Harvest Moon e Ruby Baby, que eu também gravei. Nessa última música,
ele brincou com o publico, pedido que o acompanhasse no refrão, um momento
muito divertido do show.
Como disse anteriormente, é uma
pena eu não lembrar de todo o repertório, da outra vez que eu fui no show e
escrevi a resenha foi a mesma coisa (risos), prometo que no ano que vem vou
anotar ou pedir o set list.
Também tive o prazer de conhecer o músico Ricardo Baldacci, que tem um trio de jazz nos moldes do Nat King Cole, que inclusive recomendo que procurem no Youtube os vídeos, vale a pena.
Na sequencia do show, John
Pizzarelli nos brindou com clássicos dos Beatles, como Can't Buy Me Love,
versão que ao vivo soa ainda melhor, teve também Here Comes The Sun. Um dos
momentos mais bonitos do show, foi a hora que o John começou a cantar And I
Love Her, sendo acompanhado apenas pelo Larry Fuller no piano, um momento muito
emocionante, ainda mais se tratando de uma música dos Beatles.
Em outro momento do show, o John
contou uma história muito engraçada, de um encontro que ele participou em Nova Iorque,
que teve a presença dentre outros músicos, da cantora e pianista Diana Krall. Não
é novidade, que o John é fã dos Beatles, inclusive gravou um álbum deles. Bom
meu inglês é péssimo, pra ser bem sincero, mais eu não o que acontecia que eu
entendia tudo que o Pizzarelli falava, talvez por ele falar devagar, e isso
ajudava. A história que ele contou, era que nesse encontro, apareceu nada mais,
nada menos que Paul McCartney, o engraçado era os gestos que o John fazia no
palco ao contar isso, da ansiedade dele de estar perto de um ídolo, ele disse
que cumprimentou o Paul, ele dizia que não acreditava e o melhor segundo ele,
foi quando o Paul disse que ouviu o álbum que ele havia gravado dos Beatles e
que havia gostado muito. Ver o John contando essa experiência foi algo muito
divertido e emocionante ao mesmo tempo.
Na sequencia do show, Pizzarelli
ainda contou outras histórias engraçadas, sempre com muito bom humor, algo que
o diferencia dos demais e claro, continuou nos brindando com ótimas músicas.
Como admirador confesso da música brasileira, mais precisamente a bossa nova,
John Pizzarelli tocou Só Danço Samba e The Girl from Ipanema, que também foi um
dos pontos altos do show, onde ele começou cantando em inglês e depois foi
acompanhado pelo público, que obviamente cantou em português, claro que com
tanto bom humor, o John elogiou o bom português do publico (risos) e foi um
momento mágico, do publico cantando e o John Pizzarelli Quartet tocando, ao fim
o John aplaudiu o publico e o publico retribuiu de forma calorosa.
Outro ponto alto do show foi
quando o John Pizzarelli começou a contar a história da música I Like Jersey
Best. Uma música onde faz várias imitações, uma das divertida que a outra.
Antes da música ele contou uma história e depois deu uma aula de jazz e bom
humor. Sobrou para James Taylor, Billie Holiday, Bee Gees, Beach Boys, e as duas versões brasileiras, João Gilberto e João Bosco, ficaram excelentes e engraçadíssimas. Que claro eu fiz questão de gravar.
Como tudo que é bom passa muito
rápido, não demorou muito para o fim do show. Quando quarteto agradeceu ao
publico e saiu do palco, o pessoal já começou a levantar e sair, porém como
acontece em todo o show, o John Pizzarelli retorna ao palco para o encerramento
do show, tocando a excelente In A Mellow Tone, do Duke Ellington.
Após o termino do show, eu tinha
uma missão a cumprir mais uma vez, tentar tirar uma foto com ele. Como estava
com tempo e a fila do camarim estava imensa, resolvi dar uma volta pelo Bourbon
e tirar algumas fotos. Nesse tempo tive uma grata surpresa, ao encontrar o
musico e apresentador Daniel Daibem, que atualmente está no trio Hammond
Groove, que inclusive já divulguei aqui no Jazz & Rock. Ele me atendeu muito
bem, eu disse que conhecia o trabalho dele, tiramos uma foto, e a parte
dolorosa foi quando ele me convidou para ir ao show do trio no dia seguinte,
algo que pra mim era impossível, já que moro longe de São Paulo, dai eu
brinquei com ele, dizendo que ele poderia tocar aqui no Vale do Paraíba, em
algum SESC. Enfim, uma cara muito gente fina.
Também tive o prazer de conhecer o músico Ricardo Baldacci, que tem um trio de jazz nos moldes do Nat King Cole, que inclusive recomendo que procurem no Youtube os vídeos, vale a pena.
Com o Bourbon um pouco vazio, consegui
comprar um cd do Pizzarelli, que eu iria levar para ele autografar. Apesar da
limitação no inglês e algo que infelizmente distancia o fã do seu ídolo, cheguei
no palco encontrei o baterista Tony Tedesco, o qual me atendeu muito bem, logo
disse que não sabia falar inglês, mais ele mesmo assim foi atencioso demais,
autografou o encarte do álbum e tirou uma foto comigo.
Antes de entrar no camarim, tive
que esperar uns minutos, nesse momento tive uma esperança, de que alguém pudesse
traduzir o que eu queria falar para o Pizzarelli, mas infelizmente mais uma vez
isso não aconteceu. Pois bem, entrei no camarim e vi meu ídolo no jazz, mais
uma vez de perto, a emoção não se descreve em palavras. Dei um aperto de mão,
um abraço, pedi desculpas por não falar inglês, porém isso não impediu de dizer
algumas coisas, simples, mais que significaram muito pra mim, e o melhor foi
ouvir ele agradecendo. Mostrei o encarte do cd para ele, ele autografou, e
depois tiramos a foto, mais uma vez tão esperada. Foram três fotos na verdade,
já que a moça não se acertava com minha maquina, e o Pizzarelli como sempre,
demostrando bom humor e carinho em nos atender. Porém pelo segundo ano seguido,
eu não consegui tirar a foto com o Larry Fuller e dessa vez nem com o Martin
Pizzarelli. Do Larry só consegui o autografo.
Seguem as fotos abaixo.
Autografo do John Pizzarelli
Autógrafos do Tony Tedesco e do Larry Fuller.
Sem dúvida esse dia ficará
marcado na minha memória, pois não é sempre que vamos a um show de um músico
que admiramos há anos e principalmente temos a chance de tirar foto com ele. E
espero que no ano que vem, se ele vier, eu esteja lá novamente, para poder
passar por todos esses momentos outra vez.
Apesar o cansaço, de ter que
trabalhar logo de manhã no dia seguinte, de ter que fazer uma viagem de
bate-volta até São Paulo, todo esse esforço vale a pena, quando você é um fã da
boa música, coisa que muitas pessoas não entendem. No dia seguinte,
praticamente sem dormir, foi o dia que eu melhor trabalhei, com um sorriso de
orelha a orelha.
Enfim, essa foi um pouco da minha
ida ao show do John Pizzarelli, prometo que no próximo show eu vou anotar o set
list ou então vou pedir o set list para ele, que nesse ano eu até vi no
camarim, mais não me passou pela minha cabeça em pedir, vacilei. Mais da
próxima vez isso não vai acontecer.
Muito legal, Daniel, parece que eu estava lá! Ano que vem eu vou!
ResponderExcluirBelo texto Daniel! Realmente incrível! Até parece que eu estava lá também.
ResponderExcluirAbraços.
Excelente texto. pude até me imaginar no Bourbon Street.
ResponderExcluirUm abraço!
Que legal cara!
ResponderExcluirEu moro no interior Rio Grande do sul, imagina a dificuldade pra mim poder assistir a um show deste nível, com um jazz tão refinado em um lugar tão incrível. Esse é um privilégio para poucos, parabéns cara.
Fiquei sabendo só agora q o BB King toca dias 5,6 e 7 ai em SP. Aquela vez vc ficou super chateado de ter perdido o show dele; vai dessa vez?
Obrigado pelo comentário Luiz, que bom que gostou do texto.
ResponderExcluirValeu Fabio. É no meu caso também preciso me desdobrar, mais vale a pena o sacrificio.
ResponderExcluirSobre o show do BB King, esse ano eu não vou, gastei dinheiro com o do Pizzarelli..hahah. E agora em novembro tem o KISS, que já comprei o ingresso também.
Infelizmente não da para ir em todos que gostaria, show no Brasil é muito caro.
Abraço
Daniel