Gênero: Heavy Metal
Estou a poucas horas de ir ao meu primeiro show do Iron Maiden, que tem tudo para ser inesquecível. A ansiedade aumenta a cada dia que passa, ainda mais por que esperei muitos anos por esse momento. No momento que esta postagem for publicada, certamente já estarei em um ônibus rumo ao Morumbi. E para celebrar esse momento único na minha vida, hoje vou falar sobre um álbum conhecido de todos e que faz parte não só da história do Iron Maiden, mas do heavy metal mundial.
O álbum “The Number Of The Beast” (1982) é o terceiro lançado pela banda e foi como um divisor de águas na carreira e na história da Donzela. Lançado em 29 de Março de 1982, o álbum marca o inicio dos anos dourados da banda, assunto que já comentei em outras postagens. O cenário era o seguinte, a banda estava alcançando sucesso, após lançar os álbuns “Iron Maiden” (1980) e “Killers” (1981), ambos tiveram grande reconhecimento da mídia e dos fãs. Nesse pouco período, a banda já havia feito algumas mudanças significativas na sua formação, a primeira foi a dispensa do então guitarrista Dennis Stratton, dando lugar a Adrian Smith, depois foi a vez do vocalista Paul Di’anno dizer adeus ao Iron Maiden. Segundo informações, um dos motivos da sua saída foi o fato do uso das drogas, que afetavam suas apresentações e depois por não ter carisma no palco. Independente dos motivos e sem entrar no mérito da questão da sua qualidade como vocalista, foi uma decisão que mudou completamente o rumo do Iron Maiden. Para ocupar o posto de vocalista, foi chamado Bruce Dickinson, não precisa nem dizer que isso agradou os fãs. Além de cantar muito bem, Bruce Dickinson tem presença de palco e carisma, e isso era o que a banda procurava. E também marca o fim do ciclo do baterista Clive Burr.
Desde o seu lançamento, o álbum “The Number Of The Beast” foi alvo de criticas em várias partes do mundo e claro que isso só ajudou para o sucesso da banda. Ao contrário de outras bandas de rock, o Iron Maiden nunca foi ligado ao uso de drogas, mas com o lançamento do álbum, muitos religiosos passaram a rotular a banda como satanista, principalmente por causa da faixa-título, considerada um dos maiores clássicos do heavy metal. Há também histórias interessantes que aconteceram na época da turnê, como a do produtor Martin Birch, que se envolveu em um acidente de carro, até ai nada demais, o estranho foi quando ele recebeu a conta do estrago, exatos £ 666, o produtor recusou a pagar e optou pelo valor de £ 668. Apesar das inúmeras acusações, de que são vitimas até hoje, a banda deixa claro seu posicionamento em relação a isso, declarando várias vezes que não são satanistas. Se as histórias são verdadeiras ou não, o fato é que tudo isso contribuiu para o marketing e também atribuiu uma certa, digamos, “mitologia” em volta da banda.
Musicalmente, “The Number Of The Beast” é o que há de melhor quando o assunto é heavy metal. O repertório formado por nove músicas, algumas se tornaram verdadeiros clássicos e são tocadas em todos os shows da banda. Em relação ao álbum “Killers”, houve mudanças consideráveis, como Dave e Adrian que optaram por um som mais melódico nas guitarras, criando riffs e solos memoráveis, Bruce Dickinson cantando muito bem e também usando um vocal hora melódico hora agressivo. O álbum abre com “Invaders”, uma música boa, mas que não é muito lembrada atualmente, nem mesmo à banda apostou na música, prova disso é que ela nunca foi tocava ao vivo, uma pena. A letra escrita por Harris, fala sobre a batalha entre os vikings e os saxões, na qual os vikings venceram. A pagada a música é rápida, com ótimas linhas de baixo, bateria, solos e riffs de guitarra e o vocal que passaria a ser inconfundível de Bruce Dickinson. Na sequencia a balada “Children Of The Damned”, que começa com dedilhado, acompanhado pela bateria e o baixo. Bruce que começa cantando de forma contida, não demora muito para explorar o seu potencial (diga-se de passagem com um vocal muito melódico), Dave e Adrian mostram um entrosamento muito interessante ao criar novamente um solo envolvente. . Escrita por Harris e Smith, “The Prisoner” tem uma das melhores introduções do álbum, começa com uma narração, na sequencia Clive Burr se destaca pela linha criativa da batera, que é acompanhada pela guitarra, até que surge Steve Harris com sua marca registrada no baixo, a cavalgada, algo que faz com muita competência, precisão e velocidade. A música é do tipo característica do Maiden, Adrian e Dave novamente esbanjam virtuosismo e entrosamento, enquanto Bruce segura as pontas no vocal. “The Prisoner” é outra música de grande qualidade e que não foi tão explorada pela banda. “22 Acacia Avenue” começa com palhetadas rápidas de guitarra, enquanto Bruce canta as primeiras palavras. A música possui variações interessantes no instrumental, a letra é uma sequencia sobre a história da prostituta Charlotte, nessa segunda parte, Harris e Smith contam a história em diversos pontos de vista. Para quem quiser acompanhar a história inteira, a primeira parte está no álbum Iron Maiden (“Charlotte The Harlot”) e no Fear of The Dark “From Here To Eternity”. Na sequencia a clássica “The Number Of The Beast” e que sem dúvida é a melhor do álbum e por vários motivos. Escrita por Harris, a música nada tem a ver com satanisto ou pacto com o diabo, pelo contrário, a letra foi inspirada no pesado do Steve Harris, após assistir o filme “Damien: Omen II” (A Profecia) e no poema de Tom o’Shanter. A música começa com a narração de um trecho do apocalipse, na sequencia o riff da guitarra e Bruce cantando como se estivesse contando uma história, a música atinge o ápice com o gritaço agudo do Bruce, algo que segundo informações foi treinado e gravado inúmeras vezes, até atingir o ponto ideal. A música é conhecida de todo mundo, o refrão então nem se fala, “Six, Six, Six, The Number of The Beast”, o instrumental é um capitulo a parte, Adrian e Dave proporcionam um momento épico e o resultado é um solo marcante, Harris outra vez dispensa comentários, enquanto as guitarras continuam solando, ao fundo é possível ouvir o som inconfundível do baixo. “The Number of The Beast” é um clássico mundial e foi responsável por grande parte do marketing da banda. Outro clássico surge em seguida, “Run To The Hills”, sempre presente nos shows da banda, os riffs são marcantes, assim como o refrão..... “Run to the hills, run for your lives”. É uma das músicas mais conhecidas da banda e tem uma sonoridade incrível. Na sequencia duas excelentes, mais que assim como as outras já citadas, não foram exploradas pela banda, são elas “Gangland” e “Total Eclipse”, as duas possui linhas melódicas interessantes. No caso da segunda, ela foi uma espécie de sobra e que acabou entrando no track list. O álbum encerra com outro clássico, "Hallowed be Thy Name", uma música com direito a tudo que o Iron Maiden tem de melhor, a banda inteira merece destaque mais uma vez, Adrian e Dave outra vez mostram um entrosamento perfeito e juntos proporcionam um solo maravilhoso, Steve novamente mostra que precisão e velocidade é com ele, Clive surpreende outra vez com uma batera perfeita e Bruce, bom esse dispensa comentários.
“The Number Of The Beast” é o album consagrado e que sobrevive na memória dos fãs há exatos 29 anos, isso sem perder a mística que o envolve. Depois desse álbum, o Iron Maiden nunca mais foi visto da mesma forma e serviu como pontapé inicial para o que viria a ser os anos dourados da banda. Boa Audição.
PS: Creio que muitos leitores do "Jazz & Rock" estarão em algum show do Iron Maiden durante essa tour pelo Brasil. Então aproveito para desejar a todos um excelente show.
01. Invaders
02. Children of the Damned
03. The Prisoner
04. 22 Acacia Avenue
05. The Number of the Beast
06. Run to the Hills
07. Gangland
08. Total Eclipse
09. Hallowed be Thy Name
Iron Maiden - "The Number Of The Beast"
Iron Maiden - "Run To The Hills"
Site Oficial: Iron Maiden
Vou começar a minha coleção. Bom show!
ResponderExcluirE, claro, aguardamos um post-reportagem sobre ele. Abraços!
ResponderExcluirEste álbum é míííííítico!!!!
ResponderExcluirValeu Daniel e bom show!!!