domingo, 17 de janeiro de 2010

Rock in Rio faz 25 Anos



Esta matéria foi ao ar no Jornal da Globo no último dia 15.

Por Nelson Motta

A sensação era de que “o grande amanhã” finalmente havia chegado. Não era mais uma metáfora surrada das músicas de oposição. Em janeiro de 1985, com a eleição de Tancredo Neves, acabavam oficialmente 20 anos de ditadura. Com o Rock in Rio, finalmente, se realizava o sonho de milhões de jovens brasileiros desde Woodstock, em 1969. Com 16 anos de atraso, os megaeventos de rock chegavam ao Brasil. Porque na ditadura não havia liberdade e, sem liberdade e rebeldia, o rock não rola.

Finalmente, graças a Roberto Medina, o Brasil tinha o seu Woodstock, com mais de 200 mil jovens, e já não tão jovens assim, aplaudindo e cantando junto com seus ídolos que só conheciam de discos e vídeos. Bandas de heavy metal como o Iron Maiden, o Scorpion, o AC/DC e o Whitesnake, que ninguém sabia que tinham tantos fãs no Brasil, foram um dos pontos altos, pelo menos em volume, do festival. Até o comentarista estava animado à beça.

Além do público, quem mais se beneficiou com o Rock in Rio foi o rock brasileiro dos anos 80, que, estimulado pela recém conquistada liberdade, começava a fazer sucesso no underground com a Blitz, Lulu Santos, o Barão Vermelho e o Kid Abelha. Com o Rock in Rio, em rede nacional pela TV Globo, o Rock Brasil entrava na moda e revelava os Paralamas do Sucesso.

Mas nem só de rock viveu o Rock in Rio, grandes nomes da MPB como Alceu Valença, Ney Matogrosso, Moraes Moreira e Ivan Lins também se apresentaram, uns com mais e outros com menos sucesso, ao lado de estrelas do jazz como George Benson e do folk, como James Taylor, que estava meio esquecido nos Estados Unidos, mas renasceu artisticamente do Rock in Rio.

O Brasil nunca havia visto nada parecido. Nossos artistas nunca haviam tocado para tanta gente e com um sistema de som tão bom. Mas o Rock in Rio acabou, Tancredo morreu, Sarney tomou posse e Brizola, que era governador do Rio de Janeiro e adversário político dos Medina, mandou destruir a Cidade do Rock.

O Rock in Rio só voltaria seis anos depois e se espalharia pelo mundo, mas o primeiro a gente não esquece.

2 comentários :

  1. Eu estive lá. Se escavarem o local e encontrarem o pé direito de um tênis all star azul (estava um lamaçal daqueles), devolvam-no, por favor.

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  2. hahaha...boa !

    Foi sem dúvida um dos melhores "Rock In Rio" e que abriu as portas para os grandes shows no Brasil.

    Se temos hoje: AC/DC, Iron Maiden e tantas outras bandas passando todo ano por aqui, devemos agradecer ao Rock in Rio (1985).

    Abraço

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