JR - Você começou cedo na música, com apenas 5 anos e aos 11 já tocava profissionalmente. Quem mais incentivou você nesse começo? Seus pais eram músicos também?
Derico Sciotti - Venho de uma família de músicos. Minha mãe Mercêdes Máttar, pianista concertista, meu tio Pedrinho Máttar, pianista reconhecido internacionalmente e meus irmão que já tocavam quando nasci... Foram minhas influências em casa!
JR - Perguntar isso para um multi-instrumentista não é uma tarefa fácil (risos), fale um pouco sobre suas influências?
Derico Sciotti - Sempre ouvi cantores e cantoras. Cauby Peixoto, Frank Sinatra, Elis Regina, Janis Joplin. Mas também tive influências de grandes músicos e bandas, YES, Emerson, Lake & Palmer, Frank Zappa, Jethro, Tull, Weather Report, Yellow Jackets, e por aí vai. Mas por incrível que pareça, comecei e aprendi musica mesmo com Mozart, Ravel, Debussy, Schumann, Haendel.
JR - Ao longo da sua carreira, você já se apresentou ao lado de outros grandes músicos, qual foi o que mais te marcou?
Derico Sciotti - Quem realmente me marcou profundamente, foi meu professor de flauta, João Dias Carrasqueira. Ele me fez ter competência para tocar com qualquer outro músico.
JR - E como foi tocar com Chick Corea e George Benson?
Derico Sciotti - Muito bacana! Com o George Benson, toquei sax tenor em duas ocasiões. Fenomenal! Um swing, uma forma de tocar que arrebata! Alegre, simples, um cara muito legal! Com Chick Corea toquei contrabaixo numa Jam session. Alucinante! Ele sentou no piano, eu estava arruinando um contrabaixo, ele começou a tocar “Spain”, eu comecei a acompanhar, veio a batera, a guitarra, ele não reclamou... rolou !
JR - “Duo Sciotti” é formado por você e seu irmão Sérgio, conte-nos um pouco sobre esse projeto?
Derico Sciotti - Já estamos juntos há 27 anos! Lançamos nosso mais recente CD Duplo comemorativo dos 25 anos de parceria, nós estamos em plena turnê nacional de divulgação do CD e está muito bem. Agora, estamos gravando um cd somente com músicas japonesas. São doze faixas, onze instrumentais e uma que eu canto, é a “May Way” em japonês. Imperdível !
JR - E a banda Antropófagos Anônimos como surgiu?
Derico Sciotti - Surgiu da amizade e da mesma linguagem de cinco músicos. Começamos em 1994, praticamente crescemos juntos, eu, meu irmão, o Christiano Rocha na bateria, o Cláudio Machado no baixo e o Marcelo Pizarro na guitarra. Gravamos três CDs e temos o quarto CD gravado, mas ainda inédito, para mim o melhor de todos. Tenho a idéia de reeditar a banda, nós cinco de novo, para o lançamento desse CD. Vamos ver se dá certo!
JR - Em toda sua carreira, quais foram as maiores dificuldades que você enfrentou?
Derico Sciotti - Dificuldade mesmo não enfrentei. Sempre fiz meu trabalho com muito orgulho e com muita vontade. Sempre estudei muito para estar entre os grandes, para nunca precisar pedir nada a ninguém. Mas tive muita humildade de aceitar opinião de meus mestres, de ouvir quem sabia, captar seus ensinamentos, suas experiências e tentar fazer daquilo um aprendizado. Acho que consegui. Toquei muito na noite, triplicava a noite, saia de uma boate, entrava em outra, saia da outra, entrava em outra, isso das 10 da noite às 6 da manhã, de quarta a domingo! Fazia faculdade de manhã, dava aulas a tarde e tocava a noite. Daí meus cabelos começaram a cair...
JR - Você está com o Jô Soares desde os tempos de SBT e do Quinteto Onze e Meia. Conte-nos como surgiu essa oportunidade? E quem era o Derico antes?
Derico Sciotti - O Derico antes era o mesmo Derico de hoje, músico, trabalhador, responsável, integro, bem humorado, inteligente, amigo e lindo! O convite para participar do programa veio através de minha carreira musical como solista erudito. Tocava além dos grandes compositores universais, muitos compositores brasileiros, como Edmundo Villani Cortes. Este grande músico, compositor, maestro e amigo, era o pianista do então Quarteto Onze e Meia. No primeiro ano de gravações do programa, o Jô queria que o Quarteto virasse Quinteto e pediu aos músicos que convidassem um amigo saxofonista para integrar o grupo. Ele me convidou, na época minha esposa estava grávida de nove meses, eu duro que nem pedra, trabalhando que nem doido, recém casado, aquelas coisas...fui correndo! No dia de gravar o primeiro programa, minha mulher foi para o hospital ter meu filho. Deixei ela no hospital e falei que voltaria contratado do SBT e ainda veria meu filho nascer. Deu certinho! E nasceu um menino lindo, a cara da mãe!
JR - O Derico hoje é um músico realizado? Por quê?
Derico Sciotti - Sempre fui uma pessoa realizada, porque nunca deixei de fazer o que estava com vontade de fazer, o que tive oportunidade de fazer, e sempre fiz muito bem feito! Gosto de desafios, mas não fico procurando me desafiar demais, deixo as coisas acontecerem naturalmente. E aí elas fluem e se realizam. E eu também.
JR - Sem dúvidas você é um dos músicos mais irreverentes do Sexteto (risos). No programa você já pagou diversos micos, qual foi o maior?
Derico Sciotti - Acho que foi quando me depilaram com cera quente. A mulher fez um coração no meu peito. Aquilo doeu demais! E agora faço as paródias das quartas feiras. Isso para mim está sendo um desafio enorme, uma oportunidade única de participar do programa de uma forma diferente. Eu escrevo as letras, desenvolvo o personagem e interpreto a música. É muito bom!
JR - Recentemente você gravou o hino do Corinthians tocado no saxofone, conte-nos um pouco desse seu lado torcedor?
Derico Sciotti - É meu melhor lado! Somos todos Corinthians em casa, até as minhas cachorras! Gosto de futebol e joguei muito futebol até estraçalhar meu joelho. Eu ia muito mais ao estádio do que vou agora, mas ainda vou. O hino foi uma forma de homenagear meu time do coração.
JR - Você já lançou dois livros, você pensa em lançar outros?
Derico Sciotti - Estou escrevendo o terceiro agora, deve sair o ano que vem.
JR - Conte-nos um pouco sobre seus projetos futuros?
Derico Sciotti - Estou gravando este cd de músicas japonesas, estou escrevendo meu terceiro livro, tenho intenções de escrever tiras para jornal e internet, fui convidado a participar de um filme que será rodado na Itália ainda este ano, quero continuar minha turnê com meu irmão. e quero muito ver meu time ano que vem campeão mundial.
Inauguramos uma nova coluna no BLOG. É uma cópia descarada (risos) de uma coluna da Cover Guitarra. Indo direto ao ponto:
JR - Pra você qual é o melhor disco da história?
Derico Sciotti - Difícil dizer... “Time Out” (Dave Brubeck) e “Bring on the Night (Sting).
JR - E o PIOR?
Derico Sciotti - Difícil dizer também... “Florentina” (Tiririca).
JR - Qual disco você tem ouvido bastante na última semana?
Derico Sciotti - “Heavy Weather” (Weather Report).
JR - Qual disco você curte, mas tem vergonha de admitir?
Derico Sciotti – Nenhum, não tenho vergonha de nada!
Derico quero te agradecer por nos conceder essa entrevista, foi muito bom conhecer um pouco mais do seu trabalho. Abraços
Site Oficial: Derico Sciotti