Por Rodrigo Turrer
Um choro de criança interrompeu duas vezes a entrevista com o guitarrista e vocalista do Kiss, Paul Stanley. Há quase dois meses nasceu sua segunda filha, Sarah Brianna. Não que aos 57 anos ele tenha trocado os shows pela vida caseira. Estará no palco para comemorar 35 anos do Kiss na turnê mundial Kiss alive 35, que passa por São Paulo, no dia 7 de abril, no Arena Anhembi, e pelo Rio de Janeiro, no dia 8, na Praça da Apoteose. Nesta conversa, ele fala sobre o amor aos palcos e ao público, o novo disco de inéditas do Kiss depois de 10 anos, e sobre a opção entre ter filhos e fazer shows.
ÉPOCA – Nesses 35 anos de Kiss, qual foi seu momento predileto, ou ao menos um dos muitos marcantes que você teve?
Paul Stanley – Deus... (suspiro). Foram muitos. Incontáveis. Mas acho que apesar de termos vindo ao Brasil algumas vezes, um dos momentos mais impressionantes e empolgantes da minha carreira foi o show que fizemos no Rio de Janeiro, no Maracanã (histórico show de 1983). Tocamos para cem mil pessoas ensandecidas. Aquilo foi inesquecível. Um dos momentos inesquecíveis do Kiss, para mim.
ÉPOCA – Uma vez que se alcança tudo que o Kiss conquistou – dos milhões de dólares aos discos de ouro e turnês de sucesso, por que continuar fazendo shows? Não é cansativo?
Stanley – É cansativo. Mas temos prazer nisso. Só sabemos fazer isso, sabe? E amamos fazer isso como fazemos. O motivo para continuarmos na ativa é o amor pelo público. Nenhum outro. Não queremos ser a banda que mais vende e não fazemos pela grana. Nós já temos a grana que precisamos. Conseguimos tudo isso que temos apenas sendo fiéis e verdadeiros com nós mesmos e ao que gostamos de fazer. Adoramos essa energia e a força do público. Nós não somos ninguém sem os fãs, por isso continuamos tocando.
[A primeira interrupção causada pelo choro da filha de Stanley. A pausa não dura nem um minuto]
ÉPOCA – Por que o Kiss voltou, depois de ter anunciado o fim, em 2001?
Stanley – Achávamos que não tínhamos mais nada a oferecer, mas percebemos que alguns integrantes é que não davam importância ao grupo. Em vez de abandonar o que amávamos, decidimos largar quem não se interessava pelo Kiss.
ÉPOCA – Você se refere aos problemas com drogas dos membros fundadores do Kiss [Peter Criss (bateria) e Ace Frehley (guitarra), substituídos na versão atual por Tommy Thayer e Eric Singer]?
Stanley – Bom, prefiro não citar nomes nem falar sobre motivos. Mas você sabe: tentamos recebê-los na banda algumas vezes, e sempre era difícil. Eles nunca estavam totalmente satisfeitos, comprometidos ou integrados ao espírito do Kiss o suficiente. Não podemos sacrificar nosso compromisso com os fãs por causa de caras que não estão nem ligando para o que fazem.
[A segunda interrupção provocada pela recém-nascida. Em menos de dois minutos Stanley estava de volta]
ÉPOCA – Quando o Kiss voltou pela primeira vez, em 1996, você disse que o grupo não apenas tinha de ser o que fora um dia – tinha de ser muito melhor. E agora? Dá pra ser ainda melhor?
Stanley – Por isso estamos aqui. Por isso estamos fazendo shows. Sabe, uma das melhores coisas de se envelhecer tocando é aprimorar a técnica e sacar exatamente o que é preciso fazer para levar o público ao delírio. Somos melhores hoje do que éramos quando jovens. E sabemos fazer melhor.
ÉPOCA – Não é melhor parar no auge?
Stanley – Sem dúvida. Por isso, o Kiss não pode parar. Estamos numa forma incrível, nosso show hoje é muito melhor do que em 1974, 80 ou 90. Vamos até tocar Alive (álbum clássico de 1974) na íntegra. Depois vamos tocar músicas de outras fases. Talvez até músicas do novo disco. Estamos no auge, e amamos o que fazemos.
ÉPOCA – Os fãs podem esperar por algum novo material?
Stanley – Sim. Nós vamos lançar um álbum novo, com músicas inéditas. Será o primeiro álbum de inéditas do Kiss em 10 anos. Vai ser um álbum cru, de volta às raízes, sem as frescuras atuais de produtores, efeitos e todas essas bobagens do pop. Um álbum à moda antiga, de rock puro e cru. Como nossos fãs gostam.
ÉPOCA – Todo esse mito que sempre rodeou o Kiss nunca o cansou?
Stanley – Nem um pouco. Nós somos isso. Cada integrante do Kiss é isso. Como te disse, não podemos decepcionar os fãs. Claro que algumas histórias de exageros sempre incomodam um pouco. Por isso decidimos lançar uma biografia autorizada, contando a nossa versão das coisas. Mas o mito do Kiss faz parte de nós. Sempre quisemos construir uma lenda – e conseguimos.
ÉPOCA – E não é cansativo e irritante usar essa maquiagem e botas o tempo inteiro? Você nunca se sentiu meio que um palhaço?
Stanley – Houve em tempo em que achávamos. Quando decidimos parar de usar as máscaras e a maquiagem, alguns achavam que a banda iria acabar. Tinham-nos reduzido a isso. O tempo provou que eles estavam errados.
Sabe, o Kiss foi a primeira banda de rock matadora, pauleira mesmo, sem frufrus. A maquiagem, as botas e todas essas coisas eram apenas aparatos, efeitos que tornavam a coisa ainda maior. Nunca nos reduzimos à maquiagem. Por isso decidimos tira-la por um tempo. Mas, olhando para trás com respeito, vimos que valia a pena recolocar a maquiagem e vestir as botas em homenagem a tudo que somos e fomos. Aos nossos fãs.
ÉPOCA – É possível ter uma vida, digamos, “civil” depois do Kiss? Quero dizer: sendo o “Paul Stanley do Kiss”, você consegue ter outros interesses para além da música?
Stanley – (Risos) Alguns acham que não. Mas pra mim é perfeitamente possível. Quando saio das turnês ou não estou no estúdio. Gravei álbuns solos e produzi alguns shows. Adoro musicais. Participei por seis meses do elenco permanente de O Fantasma da Ópera em Toronto. Quero continuar. Depois da turnê do Kiss pretendo fazer Broadway. Mas gosto mesmo é de pintar quadros. Acho artisticamente revelador, uma sensação fantástica. E consegui vender alguns por bons preços, até. Além da minha família. Ou seja: minha vida fora do Kiss é intensa.
ÉPOCA – Você casou e teve uma filha recentemente. O que é melhor: fazer shows ou ter filhos?
Stanley – (Risos) Essa é difícil. São situações opostas. No palco, somos o centro do universo, todos estão atentos a nós. Quando se é pai, é o oposto: nem sua mulher lhe dá atenção. Só temos olhos para os filhos.
Fonte: Revista Época
Uma das coisas que por mais me refini no gosto do jazz é o a lembrança dos tempos de guri, guando dei-me conta do HeavemMetal, em especial a banda que deixou o mundo de cara pintada - Kiss.Ainda curdo e acho a melhor banda de heavem em comparação com outras e o Stanley, um otimo vocalista e guitarrista, como bem, um performasse nos show. Valeu pela entrevista ja que não notei a materia na época.
ResponderExcluirKISS é uma banda fantástica e está completando 35 anos de estrada. Eu queria muito ir no show deles em SP, mais sem grana fica impossivel.
ResponderExcluirE claro, estou ansioso pelo CD novo.