Sejam bem-vindos à mais um dos nossos podcasts especiais: neste eu abordo as composições e bandas do experimentalista John Zorn, mostrando desde suas abordagens ao Free Jazz, Música Erudita Contemporânea, até seus flertes com o Noise e Grindcore. John Zorn, saxofonista alto nascido em 1953, é um dos músicos mais multifacetados e um dos compositores de maior influência nos cenários vanguardistas: nos EUA ele fomenta o avant-garde, o free jazz e a música experimental na chamada Downtown nova-iorquina; na europa ele é um dos nomes mais benquistos no cenário da Free Improvisation; no Japão ele é uma lenda viva, venerado por improvisadores do noisecore japonês tais como Yoshida Tatsuya, Ikue Mori, Yamatsuka Eye e Keiji Haino; além disso, também é sabido a grande procura de composições de Zorn para interpretações, sendo um dos compositores mais interpretados por bandas, orquestras e conjunto de câmeras que abordam a Música Contemporânea: dois deles, por exemplo, são os conjunto de cordas Kronos Quartet e Crowley Quartet, esse presente num dos blocos deste podcast.
John Zorn iniciou sua carreira em meados dos anos 70 e, apesar de muito jovem, já demonstrava ser muito eclético e exigente: ele gostava de rock pesado e do caos, mas também gostava de ouvir Olivier Messiaen, John Cage, Charles Ives, dentre outros compositores da Música Erudita de Vanguarda; Zorn, que começou a tocar saxofone após ouvir o disco For Alto de Anthony Braxton, também tinha um grande talento como saxofonista e um grande talento para reunir músicos vanguardistas através das gigs que ele mesmo promovia em seu apartamento, em Manhattan. Assim, não foi nada difícil se tornar conhecido entre os músicos de Nova Iorque, chegando a receber vários convites para colaborar com nomes do Free Jazz no desgastado cenário do Loft Jazz americano, chegando a iniciar suas gravações em estúdio junto ao saxofonista Frank Lowe em 1977.
Já nos anos 80, após a passagem pelo decadente cenário do Free Jazz americano e, em paralelo à explosão do movimento modern mainstream dos Young Lions, John Zorn se manteve cada vez mais convicto nos caminhos do avant-garde, englobando, ainda, outras estéticas e estilos como o country, o heavy metal, o hardcore (uma corrente mais "nervosa" do Punk Rock), o noise, e, posteriormente, o Grindcore (um estilo que abrange noise e hardcore) e a música judaica, a chamada Klezmer Music. Junto a John Zorn começou, portanto, a envidenciar uma geração de músicos ecléticos, dos quais alguns tinham o Jazz como ponto de partida, mas eram abertos às inúmeras experimentações e estéticas vanguardistas, distinguindo-se dos jovens jazzistas da geração dominante do trompetista Wynton Marsalis. Na verdade, o trunfo de John Zorn foi liderar um reduto underground de roqueiros, músicos de jazz e improvisadores em Nova York que não ligavam para rótulos, nem mesmo ligavam com qual estilo a crítica os denominariam: alguns deses eram Joey Baron, Bill Frisell, Christian Marclay, Bill Laswell, Wayne Horvitz, Fred Frith, dentre outros. Esse movimento mais eclético, mas, ainda com algumas bases no Jazz, chegou a ser chamado, por alguns críticos, de Jazz-Punk, tendo John Zorn como a figura central dessa vertente.
Inicialmente bem restrito e underground, esse movimento liderado por John Zorn foi crescendo e atingindo um número maior de fãs a partir da década de 90. Não só fãs, mas ,sobretudo, houve uma maior integração entre John Zorn e seus músicos com o cenário europeu da Free Improvisation, bem como com novos improvisadores do noisecore japonês tais como Yoshida Tatsuya, Keiji Haino, Otomo Yoshihide, Yamatsuka Eye, dentre outros. Foi, também, em 1995, que Zorn criou o seu selo Tzadik, pelo qual ele passaria a lançar seus próprios discos, além de fomentar lançamentos de outros músicos e improvisadores do Jazz Avant-Garde e música experimental como um todo. E aconteceu que, apesar do público ser pequeno em relação aos públicos de gravadoras maiores, o selo Tzadik foi uma das etiquetas que mais cresceram, chegando a ser procurada até mesmo por grandes grupos do mercado fonográfico que abordam a Música Erudita Contemporânea tais como o Quarteto Kronos e a Filarmônica de Nova Iorque. Todo esse sucesso foi movido pelos lançamentos geniais de Zorn e seus seguidores, os quais abordam desde o Avant-Garde Jazz, passa pelo Experimental até Música Erudita Contemporânea, prezando pela excelência estrutural das composições. O selo Tzadik, portanto, acabou se tornando uma etiqueta de mesmo porte e requinte da gravadora alemã ECM, comparando, aí, as geniais abordagens contemporâneas e a excelência em sonoridades.
Asylum - Naked City (Radio 1999)
Como líder e compositor, John Zorn já gravou mais de 60 discos, dentre os quais há diversas séries como Cobra (baseado numa game piece, um jogo criado por ele mesmo), Book of Angels (uma série discos com composições inspiradas na mitologia e música de israel, chamada Klezmer), além da série Film Works (um cojunto de discos com trilhas sonoras) e a série Masada que aborda a música judaica. Nesses discos, as formações são as mais variadas possíveis. Desde sua ascensão na década de 80, Zorn já trabalhou com uma infinidade de músicos e bandas, tendo fundado bandas paralelas como Naked City (1988-1993) e Painkiller e, mais recentemente, o Masada String Trio, o Eletric Masada, dentre outros grupos. Os sidemans, parceiros e colaboradores, por sua vez, são, além dos músicos de Jazz e improvisadores citados, outros músicos como o violinista Mark Feldman, o trompetista Dave Douglas, o contrabaixista Greg Cohen, a pianista Sylvie Courvosier, o guitarrista Marc Ribot, o percussionista brasileiro Cyro Baptista, bem como músicos da corrente GrindCore como Mike Patton e Mike Harris.
Ouça
1º Bloco____________________
Asylum ( do disco Radio da banda Naked City 1993)
Razorwire (do disco Radio da banda Naked City 1993)
Batman ( do disco Naked City da banda Naked City 1989)
John Zorn – Sax alto, compositor
Bill Frisell – guitarra
Fred Frith – guiarra baixo
Wayne Horvitz – piano, sintetizadores
Joey Baron – bateria
2º Bloco____________________
Bethor (do 2º Volume da série Book of Angels: Azazel 2005)
Masada String Trio
Mark Feldman – violino
Erik Friedlander – cello
Greg Cohen – contrabaixo
Rigal ( do 3º Volume da série Book of Angels: Malphas 2006)
Mark Feldman – violino
Sylvie Courvosier – piano
Conjurations - Necronomicon ( disco Magik do Crowley Quartet 2004)
Jennifer Choi - violino
Jesse Mills - violino
Richard O'Neill - viola
Fred Sherry – cello
3º Bloco__________________
Trance Dance ( do 13º Volume da série Film Works: Invitation to a Suicide 2002)
Rob Burger - acordeon
Trevor Dunn - contrabaixo
Erik Friedlander - violoncelo
Marc Ribot - guitarra
Kenny Wollesen - vibrafone, marimba, bateria
Yatzar ( Eletric Masada : At the Mountains of Madness 2005)
Marc Ribot - guitarra
Kenny Wollesen - bateria
Cyro Baptista - percussão
Joey Baron - bateria
John Zorn – sax alto
Trevor Dunn – contrabaixo
Jamie Saft – teclados
Ikue Mori – electronicos, laptop
4º Bloco____________________
Lótus Blossom ( do disco News for Lulu 1987)
John Zorn – sax alto
George Lewis – trombone
Bill Frisell – guitarra
Rising Sign ( da série 50th Birthday Celebration 2004)
John Zorn – sax alto
Susie Ibarra – bateria, percussão
5º Bloco___________________
Tortured Souls ( do disco Buried Secrets 1991 – banda Painkiller)
John Zorn – sax alto
Mike Harris – bateria
Bill Laswell – contrabaixo
Justin Boadrick – vocal
Geting Curly ( do disco Locus Solus 1983 )
John Zorn (vocals, soprano & alto saxophones, clarinet, sound effects); Arto Lindsay (vocals, guitar); Peter Blegvad (vocals); M.E. Miller (vocals, acoustic & electronic drums, congas); Wayne Horvitz (organ); Anton Fier, Ikue Mori (drums); Christian Marclay, Whiz Kid (DJ).
Litany I ( do disco Litanies for Heliogabalus 2007)
Mike Patton - vocals
Joey Baron - drums
John Zorn - alto saxophone
Trevor Dunn - bass instrument
Jamie Saft - organ
Abby Fischer - background vocals
Kirsten Sollek - vocals
Martha Cluver - vocals
Ikue Mori - electronics
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Boa Audição !!!
John Zorn iniciou sua carreira em meados dos anos 70 e, apesar de muito jovem, já demonstrava ser muito eclético e exigente: ele gostava de rock pesado e do caos, mas também gostava de ouvir Olivier Messiaen, John Cage, Charles Ives, dentre outros compositores da Música Erudita de Vanguarda; Zorn, que começou a tocar saxofone após ouvir o disco For Alto de Anthony Braxton, também tinha um grande talento como saxofonista e um grande talento para reunir músicos vanguardistas através das gigs que ele mesmo promovia em seu apartamento, em Manhattan. Assim, não foi nada difícil se tornar conhecido entre os músicos de Nova Iorque, chegando a receber vários convites para colaborar com nomes do Free Jazz no desgastado cenário do Loft Jazz americano, chegando a iniciar suas gravações em estúdio junto ao saxofonista Frank Lowe em 1977.
Já nos anos 80, após a passagem pelo decadente cenário do Free Jazz americano e, em paralelo à explosão do movimento modern mainstream dos Young Lions, John Zorn se manteve cada vez mais convicto nos caminhos do avant-garde, englobando, ainda, outras estéticas e estilos como o country, o heavy metal, o hardcore (uma corrente mais "nervosa" do Punk Rock), o noise, e, posteriormente, o Grindcore (um estilo que abrange noise e hardcore) e a música judaica, a chamada Klezmer Music. Junto a John Zorn começou, portanto, a envidenciar uma geração de músicos ecléticos, dos quais alguns tinham o Jazz como ponto de partida, mas eram abertos às inúmeras experimentações e estéticas vanguardistas, distinguindo-se dos jovens jazzistas da geração dominante do trompetista Wynton Marsalis. Na verdade, o trunfo de John Zorn foi liderar um reduto underground de roqueiros, músicos de jazz e improvisadores em Nova York que não ligavam para rótulos, nem mesmo ligavam com qual estilo a crítica os denominariam: alguns deses eram Joey Baron, Bill Frisell, Christian Marclay, Bill Laswell, Wayne Horvitz, Fred Frith, dentre outros. Esse movimento mais eclético, mas, ainda com algumas bases no Jazz, chegou a ser chamado, por alguns críticos, de Jazz-Punk, tendo John Zorn como a figura central dessa vertente.
Inicialmente bem restrito e underground, esse movimento liderado por John Zorn foi crescendo e atingindo um número maior de fãs a partir da década de 90. Não só fãs, mas ,sobretudo, houve uma maior integração entre John Zorn e seus músicos com o cenário europeu da Free Improvisation, bem como com novos improvisadores do noisecore japonês tais como Yoshida Tatsuya, Keiji Haino, Otomo Yoshihide, Yamatsuka Eye, dentre outros. Foi, também, em 1995, que Zorn criou o seu selo Tzadik, pelo qual ele passaria a lançar seus próprios discos, além de fomentar lançamentos de outros músicos e improvisadores do Jazz Avant-Garde e música experimental como um todo. E aconteceu que, apesar do público ser pequeno em relação aos públicos de gravadoras maiores, o selo Tzadik foi uma das etiquetas que mais cresceram, chegando a ser procurada até mesmo por grandes grupos do mercado fonográfico que abordam a Música Erudita Contemporânea tais como o Quarteto Kronos e a Filarmônica de Nova Iorque. Todo esse sucesso foi movido pelos lançamentos geniais de Zorn e seus seguidores, os quais abordam desde o Avant-Garde Jazz, passa pelo Experimental até Música Erudita Contemporânea, prezando pela excelência estrutural das composições. O selo Tzadik, portanto, acabou se tornando uma etiqueta de mesmo porte e requinte da gravadora alemã ECM, comparando, aí, as geniais abordagens contemporâneas e a excelência em sonoridades.
Asylum - Naked City (Radio 1999)
Como líder e compositor, John Zorn já gravou mais de 60 discos, dentre os quais há diversas séries como Cobra (baseado numa game piece, um jogo criado por ele mesmo), Book of Angels (uma série discos com composições inspiradas na mitologia e música de israel, chamada Klezmer), além da série Film Works (um cojunto de discos com trilhas sonoras) e a série Masada que aborda a música judaica. Nesses discos, as formações são as mais variadas possíveis. Desde sua ascensão na década de 80, Zorn já trabalhou com uma infinidade de músicos e bandas, tendo fundado bandas paralelas como Naked City (1988-1993) e Painkiller e, mais recentemente, o Masada String Trio, o Eletric Masada, dentre outros grupos. Os sidemans, parceiros e colaboradores, por sua vez, são, além dos músicos de Jazz e improvisadores citados, outros músicos como o violinista Mark Feldman, o trompetista Dave Douglas, o contrabaixista Greg Cohen, a pianista Sylvie Courvosier, o guitarrista Marc Ribot, o percussionista brasileiro Cyro Baptista, bem como músicos da corrente GrindCore como Mike Patton e Mike Harris.
Ouça
1º Bloco____________________
Asylum ( do disco Radio da banda Naked City 1993)
Razorwire (do disco Radio da banda Naked City 1993)
Batman ( do disco Naked City da banda Naked City 1989)
John Zorn – Sax alto, compositor
Bill Frisell – guitarra
Fred Frith – guiarra baixo
Wayne Horvitz – piano, sintetizadores
Joey Baron – bateria
2º Bloco____________________
Bethor (do 2º Volume da série Book of Angels: Azazel 2005)
Masada String Trio
Mark Feldman – violino
Erik Friedlander – cello
Greg Cohen – contrabaixo
Rigal ( do 3º Volume da série Book of Angels: Malphas 2006)
Mark Feldman – violino
Sylvie Courvosier – piano
Conjurations - Necronomicon ( disco Magik do Crowley Quartet 2004)
Jennifer Choi - violino
Jesse Mills - violino
Richard O'Neill - viola
Fred Sherry – cello
3º Bloco__________________
Trance Dance ( do 13º Volume da série Film Works: Invitation to a Suicide 2002)
Rob Burger - acordeon
Trevor Dunn - contrabaixo
Erik Friedlander - violoncelo
Marc Ribot - guitarra
Kenny Wollesen - vibrafone, marimba, bateria
Yatzar ( Eletric Masada : At the Mountains of Madness 2005)
Marc Ribot - guitarra
Kenny Wollesen - bateria
Cyro Baptista - percussão
Joey Baron - bateria
John Zorn – sax alto
Trevor Dunn – contrabaixo
Jamie Saft – teclados
Ikue Mori – electronicos, laptop
4º Bloco____________________
Lótus Blossom ( do disco News for Lulu 1987)
John Zorn – sax alto
George Lewis – trombone
Bill Frisell – guitarra
Rising Sign ( da série 50th Birthday Celebration 2004)
John Zorn – sax alto
Susie Ibarra – bateria, percussão
5º Bloco___________________
Tortured Souls ( do disco Buried Secrets 1991 – banda Painkiller)
John Zorn – sax alto
Mike Harris – bateria
Bill Laswell – contrabaixo
Justin Boadrick – vocal
Geting Curly ( do disco Locus Solus 1983 )
John Zorn (vocals, soprano & alto saxophones, clarinet, sound effects); Arto Lindsay (vocals, guitar); Peter Blegvad (vocals); M.E. Miller (vocals, acoustic & electronic drums, congas); Wayne Horvitz (organ); Anton Fier, Ikue Mori (drums); Christian Marclay, Whiz Kid (DJ).
Litany I ( do disco Litanies for Heliogabalus 2007)
Mike Patton - vocals
Joey Baron - drums
John Zorn - alto saxophone
Trevor Dunn - bass instrument
Jamie Saft - organ
Abby Fischer - background vocals
Kirsten Sollek - vocals
Martha Cluver - vocals
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Boa Audição !!!
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