sábado, 3 de novembro de 2012

Garimpo musical: Lançamentos de 2012 - Parte I


Por Daniel Faria 

O ano ainda não acabou, mas 2012 tem tudo para estar entre os melhores anos no respeito a lançamentos musicais. Garimpando a internet - como de costume - atrás de novidades, encontrei uma infinidade de bons álbuns lançados este ano, álbuns que eu sequer sabia que tinham sido lançados. Então pensando nisso e no pouco tempo que eu tenho para resenha-los, resolvi fazer um resumo breve e assim trazer esses álbuns para vocês. É claro que muitos álbuns ficaram de fora da lista, afinal é uma lista bem resumida e que abrange o cenário jazzístico e um pouco do rock, blues e southern rock.

A intenção desse resumão é abrir um leque de opções, para que você corra atrás desses álbuns e escute sem moderação.Então sem mais delongas, vamos a lista. Espero que gostem. 

A lista será dividida, já que mesmo sendo poucos álbuns, ficaria uma postagem muito extensa. Enquanto a segunda parte não sai, use o espaço de comentários para dizer a sua opinião sobre os lançamentos de 2012.


Diana Krall - Glad Rag Doll (2012)

Um dos destaques do ano é o décimo primeiro álbum da cantora e pianista de jazz, Diana Krall. Em Glad Rag Doll, a pianista teve muita ousadia em deixar o jazz clássico de lado, estilo que a consagrou, para fazer um repertório com canções da década de 20 e 30. A mudança não foi apenas na sonoridade, mais no conceito que envolveu o álbum, a começar pelo ensaio fotográfico para o álbum. Em relação à sonoridade, o jazz clássico deu espaço ao jazz que nos remete aos tocados nos cabarés dos anos 20. Diana Krall provou não só ser ousada, mais também diversificada, apesar da mudança, ela conseguiu manter a mesma qualidade vocal e de interprete, acompanhada por um instrumental que surpreendeu nos arranjos.  


Rival Sons - Head Down (2012)

O quarteto do Rival Sons chega ao terceiro álbum da carreira mantendo a mesma qualidade que mostrou nos anteriores. Head Down (2012) mostra o amadurecimento de uma banda, com composições impactantes e uma sutil mudança na sonoridade, mas que fez toda diferença. Se antes a banda soava e bebia de uma única fonte chamada Led Zeppelin, no novo álbum os caras deixaram isso de lado, e trouxeram elementos de bandas como The Doors, The Who e até Lynyrd Skynyrd, resultando em um hard rock contagiante, com uma pegada renovada e com músicas carregadas de muito groove. E os responsáveis por isso são, o vocalista Jay Buchanan, que mais uma vez se mostrou impecável e com um vocal calibrado, o guitarrista Scott Holiday, responsável pelos riffs e os solos, e claro para a cozinha feita com competência pelo baterista Michael Miley e o baixista Robin Everhart. Head Down (2012) é um dos melhores álbuns de rock do ano, recomendadíssimo. 




Lynyrd Skynyrd -  Last Of A Dyin' Breed (2012)

O Lynyrd Skynyrd também deu as caras em 2012, depois de três anos sem lançar um material inédito, o maior nome do Southern rock está de volta. Sob o comando Johnny Van Zant, a banda ressurge com Last Of A Dyin’Breed (2012). Produzido por Bob Marlett, o décimo terceiro álbum de estúdio da banda segue os passos do antecessor e excelente God & Guns (2009), porém com uma sutil e notável diferença, que é a tentativa de soar um pouco mais moderno, parece que a banda tirou um pouco o pé e deixou a sonoridade menos pesada, sem abusar de riffs vigorosos, como no antecessor. Apesar disso, o Lynyrd Skynyrd se saiu bem e o resultado é satisfatório. No repertório onze canções, onde a banda explora várias sonoridades, como por exemplo o blues do delta em “Mississippi Blood”, o hardão pesado e arrastado em “Nothing Comes Easy”, a pegada empolgante de “Good Teacher” e a balada “Something To Live For”, algo que o Lynyrd Skynyrd faz muito bem. É claro que em se tratando de uma banda consagrada, não tem como agradar a todos a cada álbum lançado, o fato é que Johnny Van Zant (vocal), Gary Rossington (guitarra), Ricky Medlocke (guitarra), Mark Matejka (guitarra), Peter Keys (teclado) e Michael Cartellone (bateria), mantiveram as expectativas, porém sabemos que o Lynyrd Skynyrd tem capacidade e estrada suficiente para lançar um álbum muito melhor.


Brian Setzer - Rockabilly Riot! Live from the Planet (2012)

Brian Setzer está de volta, mas não com a sua Orchestra, e sim com seu grupo de rockabilly, Stray Cats. Rockabilly Riot ! Live From The Planet (2012) é o resultado de uma compilação de show durante a turnê do Brian Setzer pelo Japão, Suécia, Australia e EUA, durante o ano de 2011 e 2012. No repertório quinze canções, algumas bem conhecidas, como “This Cat's On a Hot Tin Roof”, “'49 Mercury Blues”, “Rumble In Brighton” e “Drive Like Lightning”. O interessante fica por conta dos músicos envolvidos ao longo da turnê, o baterista Noah Levy, os baixistas Jonny Hatton e Chris D’Rozario, o multi-instrumentista Kevin McKendree e o baterista de longa data do Stry Cats, Slim Jim Phanton. Se você curte curte rock’n’roll, esse álbum é indispensável. Recomendo. 


Gary Clark Jr. - Blak and Blu (2012)

Quem é leitor de longa data do Jazz & Rock, certamente já ouviu falar do jovem guitarrista Gary Clark Jr. Eu conheci ele na época da turnê do Eric Clapton no Brasil, em meio as noticias surgiu o nome desse jovem, que estava abrindo os shows do Clapton. Partindo desse principio, cheguei ao seu EP Brigth Lights (2011), que diga-se de passagem é excelente. Na época me lembro de ter ouvido do EP e que deixou aquele gosto de quero mais. Porém eis que o jovem bluesman volta a cena com Blak and Blu (2012), um álbum que impressiona e envolve, por trazer não apenas a sonoridade do blues tradicional, mas por mesclar com elementos do rock, do pop, do soul e até do rap.  Apesar de parecer confuso, é ouvindo que temos a dimensão da capacidade do Gary como guitarrista e cantor, em meio a um turbilhão sonoro, somos levados música após música, com uma boa dose de riffs, solos e uma fusão que deu certo. Para muitos Gary Clark é a salvador do blues, para outros está longe disso. Porém independente disso, o que podemos afirmar, é que Gary tem muito a oferecer para o blues, é um músico que não se importa em misturar ritmos e sonoridades, e mostrar ao mundo a suas influencias, e o resultado dessa obra prima é Blak and Blu (2012). Recomendo.







Marcus Miller - Renaissance (2012)

Se você está a procura de um jazz fusion, com uma pegada funkeada e muito groove, Renaissance (2012), novo álbum do baixista Marcus Miller, é a pedida certa. Em seu oitavo álbum da carreira solo, Marcus Miller da mais uma aula de como se faz jazz fusion. Se a ideia do álbum é de mostrar o novo renascimento da sua carreira, Miller conseguiu passar isso, Renaissance transmite inovação, um vigor novo, é um álbum que traz influencias do funk, do soul, do jazz e até mesmo da música brasileira. Marcus Miller usa e abusa de técnicas que ele domina, como a do slap, brindando o ouvinte com um som envolvente e carregado de muito groove. Cercado de músicos competentes e jovens, como o jovem saxofonista Alex Han, os trompetistas Sean Jones e o jovem Maurice Brown, os guitarristas Adam Rogers e Agati, o tecladista Kris Bowers e o baterista Louis Cato. Essa é a renascimento que Miller quer passar adiante. Há ainda espaço para os experientes tecladistas Federico Gonzalez Peña e Bobby Sparks e os vocais Dr. John, Rúben Blades e Gretchen Parlato. Entre as músicas destaque para “Detroit”, que abre com um groove funkeado, “Redemption”, que tem uma melodia linda e cadenciada, acompanhada de perto por uma linha de baixo impecável. “February” é outra que merece destaque, conta com a introdução de Gonzalez Peña no piano. Entre as composições próprias de Marcus Miller, há espaço para releituras, como é o caso das músicas “Slippin' into darkness”, e “Setembro” de Ivan Lins, “I'LL be there”, música do Jackson Five, aqui tocada em solo de baixo primoroso em tributo ao Michael Jackson. E não poderia deixar de citar duas músicas que eu curto demais, “Jekell & Hyde”, que tem um groove matador e uma pegada funk mesclada ao arranjo de metais. A outra é “Mr.Clean”, dona de um refrão grudento, destaque para os solos dos trompetistas, do saxofonista, sempre com Miller marcando parecença com o baixo ao fundo, até o momento em que ela muda totalmente e começa uma aula de slap. Enfim, Renaissance (2012) tem tudo para estar entre os melhores do ano. E claro, prometo uma resenha para ele, por que merece. Recomendo. 



Espero que tenham gostado da primeira parte da lista, aproveitem esse intervalo para procurar e ouvir os álbuns citados. Na próxima semana volto com a continuação. Boa audição a todos. 

3 comentários :

  1. Ótima compilação, Daniel! Esse da Diana Krall eu ouvi alguns trechos no Amazon, é bem diferente dos anteriores mesmo.

    ResponderExcluir
  2. É bem diferente sim. Mais no geral o álbum é bom. Desses que eu postei, o que eu mais curti foi o do Marcus Miller, esse sim ficou perfeito.

    ResponderExcluir
  3. Só somzeira, todos são muito bons, prefiro L. Skynyrd, porém a capa Diana Krall é só alegria.

    ResponderExcluir