sábado, 19 de maio de 2012

"Marina" (Carlos Ruiz Zafón)

Ficha Técnica:

Título: Marina
Escritor: Carlos Ruiz Zafón
Gênero: Romance
Lançamento: 2011
Páginas: 262 páginas
Acabamento: Brochura
Editora: Suma





Caros leitores

Apesar de ficar um bom tempo sem postar dicas de leitura, continuo lendo meus livros. E um dos últimos livros que eu tive o prazer de ler foi “Marina”, do escritor espanhol Carlos Ruiz Zafón. Lançado originalmente em 1999, o livro só foi chegar em terras tupiniquins ano passado, tudo isso por uma questão judicial que impedia que esse e outros livros fossem lançados pelo mundo. E eu que já tinha lido “A Sombra do Vento” e “O Jogo do Anjo”, dois dos melhores livros que li na vida, não iria perder a chance de ler “Marina”. O livro é voltado para um publico mais jovem, tem uma abordagem mais simples, porém com a mesma magia que Zafón apresentou nos outros dois livros. Em uma nota no inicio do livro, o escritor explica isso.

“Em maio de 1980, desapareci no mundo por uma semana. No espaço de sete dias e sete noites, ninguém soube do meu paradeiro. (...) Uma semana depois, um policial à paisana teve a impressão de conhecer aquele garoto; a descrição batia. O suspeito vagava pela estação de Francia como uma alma penada numa catedral de ferro e névoas. O policial me abordou com um ar de romance de terror. Perguntou se meu nome era Óscar Drai e se era o rapaz que havia sumido sem deixar rastros do internato onde estudava. (...) Na época, não sabia que, cedo ou tarde, o oceano do tempo nos devolve as lembranças que enterramos nele. Quinze anos depois, a memória daquele dia voltou para mim. Vi aquele menino vagando entre as brumas da estação de Francia e o nome de Marina se acendeu de novo como uma ferida aberta.”

E assim começa o livro. O pano de fundo escolhido por Zafón não poderia ser diferente. A cidade de Barcelona, na década de 70. Época em que Barcelona era uma miragem de avenidas e becos, onde, só de cruzar a soleira de uma portaria ou de um café, uma pessoa poderia viajar para trinta ou quarenta anos antes. Um dos personagens principais é o menino Óscar Drai, que tem apenas 15 anos e mora em um internato. Naquele tempo o bairro de Sarriá conservava um aspecto de um pequeno povoado encalhado à margem de uma metrópole modernista. O internato vivia em meio a uma cidadela de jardins, fontes, tanques lodosos, pátios e pinheirais encantados. Ao seu redor, edifícios sombrios hospedavam piscinas cobertas por um véu fantasmagórico de vapor, ginásios enfeitiçados de silencio e capelas tenebrosas onde as imagens dos santos sorriam sob o reflexo do círios. Era nas suas horas vagas, entre uma aula e outra, que Óscar costuma desbravar as ruas da cidade. É foi durante um desses passeios ocasionais, que o jovem acabou indo parar em uma rua deserta, com grandes casarões aparentemente abandonados. Encorajado pela curiosidade, Óscar decide ir mais a fundo e passa pelo portão de um dos casarões. Hipnotizado por um som celestial, uma melodia que ele não conseguia identificar, mas que o que prendia e o fazia seguir a frente. Óscar resolve entrar no casarão, vê uma silhueta aprisionada ao gramofone em frente à lareira. Em sua primeira investida, o jovem acaba se assustando e sai em disparada do casarão, levando um relógio. Nos dias que se seguiram, os dois acabam virando companheiros inseparáveis e em meios a pensamentos, se sente encorajado a voltar ao casarão, dessa vez com seu amigo JF. Sem coragem suficiente, eles recuam e Óscar se vê novamente com o relógio em seu bolso e prepara uma nova investida em busca de uma resposta talvez, só que dessa vez sozinho. Porém o que estava preparado para Óscar era muito mais do que ele poderia imaginar, na sua volta ao casarão, ainda na rua ele encontra uma menina encantadora: Marina.

Bom não vou entrar em grandes detalhes, até porque é bem capaz de eu acabar contando o livro inteiro, principalmente por ser uma história fascinante e que prende o leitor do inicio ao fim. Em “Marina”, o leitor que já conhece os outros livros do Zafón, vão se deparar com uma história empolgante, com toques de suspense e aventura. Zafón leva o leitor a um labirinto que parece infinito, onde a cada novo personagem que surge, a história parece ganhar um novo desenrolar. Óscar e Marina criam um laço afetuoso, para o jovem Óscar foi um sonho, sim, daqueles que não temos vontade sair ou simplesmente coragem para abrir os olhos. Um livro fascinante, com uma dose melancolia inexplicável e ao mesmo tempo cativante. Boa leitura.

Um comentário :

  1. Ótima resenha, Daniel. Jé li esse livro e é no mesmo nível dos outros. Garantia de boa leitura.

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